“Você aprova a alteração da bandeira de Belo Horizonte?”. Esta pergunta irá aparecer em todas as urnas eletrônicas da capital mineira em 6 de outubro. O questionamento será realizado junto com as eleições que vão definir o novo prefeito e os 41 vereadores que farão parte da Câmara Municipal. A aprovação da proposta por referendo é a condição para que a Lei 11.559, aprovada pelo Legislativo municipal em 31 de julho de 2023, entre em vigor.
O Estado de Minas conversou com os 10 candidatos e candidatas à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para saber a opinião de cada um sobre essa possível alteração. Entre os postulantes ao cargo, a bandeira vigente foi defendida por seis votos contra dois favoráveis à troca. Outros dois ainda não se decidiram ou se abstiveram de comentar.
Três dos candidatos que foram contrários alegam que a bandeira proposta retira a Serra do Curral, símbolo da capital mineira, e que por isso preferem que seja mantida a anterior. O deputado federal Rogério Correia (PT) se classificou, aos risos, como conservador em relação ao tema.
“Não quero que mude não! Nesse caso, eu sou meio conservador. Deixa a bandeira antiga. Nós já estamos acostumados com ela, tem a Serra do Curral, tem símbolos importantes nela”, comentou o petista.
A manutenção da imagem da formação rochosa também foi defendida pelos candidatos Indira Xavier (UP) e Wanderson Rocha (PSTU). “Não foi amplamente debatida com a população e a proposta retira a Serra do Curral que é o símbolo da nossa cidade”, comentou Indira Xavier.
O candidato do PSTU criticou também os vereadores que aprovaram a lei que deu origem ao referendo. “Retira o que simboliza a Serra do Curral que está hoje presente na nossa bandeira. Se aprovar esse referendo, diz a quem eles estão a serviço”. Nos últimos anos, vem sendo travada uma verdadeira batalha nos tribunais sobre a exploração mineral do local. As licenças para a realização das atividades têm sido questionadas em outros poderes, como na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Elogios ao modelo atual
O apresentador e deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) se posicionou contra a nova bandeira. “A bandeira de Belo Horizonte sempre existiu. Pra que mudar? Está linda! Ela é linda! Pra que mudar?”, afirmou.
O deputado estadual Bruno Engler (PL) afirmou que as duas bandeiras são belas, mas que a cidade tem outras prioridades e que as mudanças decorrentes da aprovação da nova imagem não fazem sentido. “Belo Horizonte tem tanto problema para resolver que a gente vai ficar se preocupando com bandeira? A nossa bandeira é bonita. A nova é bonita também. Na hora de votar, eu vou votar para manter a bandeira atual. Nem justifica essa mudança de ter que retirar as bandeiras antigas, confeccionar bandeiras novas”, argumentou.
Posição similar à da deputada federal Duda Salabert (PDT). “Belo Horizonte tem outras prioridades. O dinheiro que está sendo investido para fazer um plebiscito poderia estar sendo investido na saúde, educação… tem outras questões mais urgentes. Fica a proposta: no dia que zerar a fila de cirurgias eletivas, vamos discutir a bandeira”, comentou. Atualmente, cerca de 28 mil pessoas aguardam pela realização de algum procedimento na capital mineira.
Troca é defendida
Um dos grandes entusiastas da proposta, o presidente da Câmara Gabriel Azevedo (MDB) defendeu o voto favorável à nova bandeira. “É importante dizer que Belo Horizonte não tem uma bandeira. O que nós temos é um brasão. O Brasil tem um brasão: que é uma estrela, ramo de tabaco, café, uma espada; e tem a bandeira, com losango amarelo e círculo azul. Minas tem um brasão: picaretas, luminária; e tem uma bandeira, com triângulo vermelho com 'Libertas quae será tamen'. Belo Horizonte tem um brasão e aplicaram em um pano branco. Nós precisamos ter um brasão e uma bandeira. A ideia do designer Gabriel Figueiredo é muito boa. Ele pega o miolo do brasão e valoriza a Serra do Curral com o verde, o céu azul e o sol do jeito que uma criança pode desenhar”, justificou.
A candidata Lourdes Francisco (PCO) disse que a nova bandeira dá “destaque ao pico de Belo Horizonte”. Ainda indeciso se irá apertar 1 ou 2 quando a pergunta for feita no dia da eleição, o prefeito Fuad Noman (PSD), ponderou os pontos positivos e negativos de se manter ou de se alterar o atual símbolo do município.
“A nova bandeira tem algumas características positivas, por exemplo: ela simplifica o desenho. Acho que mudar a bandeira tira um pouco a característica do nosso modelo. Ainda não decidi se vou votar sim ou não. A bandeira nova facilita o entendimento, o desenho, para as pessoas conhecerem; mas tira o brasão, tira um pouco a história. Estou em dúvida ainda”, comentou.
Já o senador licenciado Carlos Viana (Podemos) preferiu não se posicionar e alegou que “é uma decisão da Câmara” e que é favorável à consulta popular para decidir pela aprovação ou não.
Como será na prática?
No primeiro turno, os eleitores belo-horizontinos então deverão escolher 1, caso seja favorável à mudança da bandeira, e confirmar; ou 2, caso seja contrário, e confirmar. Qualquer escolha por outro número vai anular o voto. É importante ressaltar que nem a imagem da atual e nem a da possível nova bandeira vão aparecer na urna eletrônica, mas nos locais de votação terão cartazes com as imagens das duas.
O novo desenho é de autoria do designer belo-horizontino Gabriel Figueiredo. A ideia era torná-la mais simples e reprodutibilidade. Com isso em mente, ele desenhou uma bandeira com o retângulo dividido de forma diagonal, sendo verde a metade inferior e a superior predominantemente azul com um meio sol, com oito pontas, no centro.