A deputada estadual e ex-vereadora de Belo Horizonte Bella Gonçalves (Psol), candidata a vice-prefeita na chapa de Rogério Correia (PT), tem como proposta zerar o déficit habitacional na capital mineira. Em sabatina ao Estado de Minas e Portal Uai, nessa quinta-feira (26/9), a parlamentar destacou que cerca de 90 mil famílias vivem sem moradia ou em condições precárias, e algo em torno de 13 mil pessoas estão em situação de rua, segundo estimativas de movimentos sociais, apesar da ausência de estatísticas oficiais.
Na reta final da campanha para o primeiro turno, a candidatura da coligação ainda patina nas pesquisas de intenção de voto, porém, Gonçalves reforça que o cenário é de indefinição. A candidata ainda criticou a possibilidade de um voto útil no atual prefeito Fuad Noman (PSD), estratégia que tem sido ventilada por setores da esquerda. Na sabatina, ela também falou sobre tarifa zero no transporte público, Serra do Curral e o “Bolsa BH” - a grande proposta de chapa com Rogério Correia.
Déficit habitacional
Gonçalves explicou que o plano para resolver o problema das pessoas em situação de rua na capital passa por uma abordagem humanizada.
“Se a pessoa está na porta do seu comércio, da sua casa, não é por opção dela. Ela está ali porque simplesmente não tem para onde ir. A gente precisa construir uma política de moradia conjugada a uma política de abordagem pelo consultório de rua para tratar, em especial, da questão do abuso de álcool e de outras drogas. Isso é uma questão de saúde pública. Precisamos abraçar essas pessoas e construir uma saída dessa condição de vida nas ruas, e isso se faz com muita atenção da prefeitura”, disse.
Questionada sobre em qual espaço seria possível construir conjuntos de moradias populares, a candidata voltou a citar o antigo aeroporto Carlos Prates, na Região Noroeste de BH, mas destacando imóveis da União que estão abandonados. Bella Gonçalves também cita a possibilidade de um programa de locação social, onde o morador pagaria um aluguel simbólico em valores que estariam de acordo com sua condição financeira.
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“A gente teria condição de construir moradia popular de forma pulverizada pela cidade em vários terrenos. Só o estado tem 300 imóveis em BH. A gente conseguiria aproveitar esses imóveis públicos e aplicar leis para que os imóveis privados, que não cumprem a sua função social, possam ser recuperados. Não fica caro para a prefeitura. Você desconta a dívida de IPTU, desconta o passivo de abandono do imóvel e pode pagar um valor de indenização ao proprietário, pegar o imóvel e fazer um retrofit nele para garantir moradia no centro, por exemplo”, explicou.
Voto útil
Nas últimas semanas, lideranças de partidos da coligação de Rogério Correia passaram a pregar o voto útil no prefeito Fuad Noman, frente à possibilidade de um segundo turno entre o bolsonarista Bruno Engler (PL) e o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), apoiado pelo governador Romeu Zema (Novo). Para a candidata, o movimento não é novidade, mas é uma posição conservadora de quem aposta no “mal menor”.
“Esse voto útil é o que impediu Belo Horizonte de ter uma prefeitura progressista nos últimos 20 anos. Não há novidade. Essas pessoas estão mantendo uma posição conservadora, apostando na política do ‘mal menor’ há muito tempo. Não estão se posicionando apenas agora por causa do cenário eleitoral; estavam com Fuad desde o começo”, afirmou Bella Gonçalves, que ainda reconheceu a aliança do prefeito com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como importante para 2022. “Estamos numa eleição de dois turnos. No primeiro, é o momento de construir o projeto em que acreditamos. Todo mundo sabe que Fuad não é bolsonarista, mas está longe de ser progressista”, seguiu.
Bella Gonçalves questiona a aliança de Fuad com seu vice, o vereador Álvaro Damião (União), que segundo ela é “bastante bolsonarista” na defesa de pautas conservadoras. Por fim, a deputada disse que o cenário ainda não está definido. “Mais da metade da população não decidiu em quem votar. Duda, Rogério e eu temos chances, assim como Fuad. Quem decidirá isso será o povo de Belo Horizonte”, concluiu.
Ônibus e tarifa zero
Bella Gonçalves é uma grande defensora da gratuidade universal do transporte coletivo, afirmando que a tarifa zero é uma prática viável na capital mineira. Movimentos sociais propõe a conversão do vale transporte pago pelas empresas para criar um fundo que possa subsidiar o sistema. Contudo, a campanha de Rogério Correia defende a medida apenas aos domingos e ressalta a necessidade de mais estudos para a proposta.
“Ainda será necessário estudar a viabilidade dessa proposta e dialogar com todos os envolvidos. Não incluímos essa ideia em nosso plano de governo porque ainda precisamos construir essa solução. Precisaremos verificar as condições objetivas para implementar a tarifa zero integral em Belo Horizonte”, disse.
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A chapa ainda afirma que um dos primeiros atos de governo seria romper o contrato com as empresas que operam o transporte coletivo. “O contrato de ônibus em Belo Horizonte é ilegal. A CPI do transporte da qual participei demonstrou isso, e há uma ação em andamento na justiça em que diversos órgãos já apontam a nulidade do contrato. Estou me referindo ao Ministério Público, à Controladoria e ao Tribunal de Contas. Inclusive, a própria Prefeitura, em uma recente ação judicial, reconheceu que o contrato é fraudulento. Se ele é fraudulento, precisa ser reformulado”, afirmou.