Candidatos à PBH apostam em ataques aos concorrentes, 'padrinhos' políticos e conversa com o eleitorado para conquistar votos -  (crédito: Layanne Costa/EM/D.A. Press e Mannu Meg/EM/D.A. Press)

Candidatos à PBH apostam em ataques aos concorrentes, 'padrinhos' políticos e conversa com o eleitorado para conquistar votos

crédito: Layanne Costa/EM/D.A. Press e Mannu Meg/EM/D.A. Press

Na reta final da campanha para a Prefeitura de Belo Horizonte, os candidatos intensificam as estratégias para convencer o eleitorado no Instagram, uma das ferramentas mais usadas para divulgar propostas, jingles e ataques aos concorrentes. Diante disso, o Núcleo de Dados do Estado de Minas analisou, durante uma semana, todos os vídeos publicados pelos nove postulantes ao Executivo para descobrir as apostas de cada um deles. Lourdes Francisco (PCO) não fez parte do levantamento por não ter conta pública na rede social.

 

 

Atual dono da cadeira, o prefeito Fuad Noman (PSD) aposta em seu legado conquistado nos dois anos de mandato à frente do Executivo, após Alexandre Kalil deixar a PBH para concorrer ao governo de Minas. A quinta palavra mais citada por ele é "obras", que aparece 15 vezes nos vídeos publicados no período analisado, entre os dias 14 e 21 de setembro.

 

A palavra “fazer” aparece 13 vezes, seguida por “coração”, que é citada oito vezes. Entre as palavras mais faladas pelo atual prefeito em sua tentativa de reeleição estão “prefeitura” (8), “idoso” (7),”EMEI” (6), “favelas” (6) e “Kalil” (6).

 

 

No programa eleitoral gratuito, Fuad tem destacado obras que começaram na gestão de Kalil (2016 - 2022), mas que foram inauguradas durante seu mandato e têm, segundo ele, “a sua cara”. O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (sem partido) acusou seu ex-vice e sucessor no comando da capital de “roubar suas obras” e deixar "tudo completamente abandonado" na última quarta-feira (18/9). A campanha de Fuad foi procurada pela reportagem, mas não quis comentar as críticas de Kalil.

 

Valores

O candidato Mauro Tramonte (Republicanos) investe em uma mensagem direcionada ao “povo”, palavra que repetiu oito vezes durante a semana analisada pelo EM. Outra aposta do candidato são as pesquisas eleitorais em que aparece na liderança. Tramonte citou o termo “líder isolado” cinco vezes.

 

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O postulante à cadeira do Executivo também utiliza valores sociais para conquistar os belo-horizontinos. “Família” é a sétima palavra mais utilizada e apareceu sete vezes. Já “honestidade", duas vezes.

 

O presidente da Câmara Municipal de BH e candidato Gabriel Azevedo (MDB) citou “cidade” 34 vezes. Entre as 30 palavras mais utilizadas por ele estão “verdade”, com 18 menções; “ônibus”, com 12 e “vereador”, citada 11 vezes.

 

Críticas aos concorrentes

Para se eleger prefeito da capital mineira, o candidato pelo MDB tem apostado em vídeos e propagandas atacando o atual chefe do Executivo. No levantamento feito pelo EM, Gabriel citou o próprio nome dez vezes no material divulgado, enquanto mencionou “Fuad” nove vezes em uma semana. Gabriel também teceu críticas em seus vídeos aos candidatos Bruno Engler (PL) e Rogério Correia (PT), ocasiões em que citou “Lula” quatro vezes e “Bolsonaro” em seis oportunidades.

 

Engler apostou na repetição da palavra “coragem”, utilizada 13 vezes nos vídeos de campanha. “Mudar” apareceu 11 vezes, assim como outras palavras de conotação positiva: “solução” (5); “melhorar” (3) e “resolver” (3). No período analisado, Engler não fez nenhuma menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro, também do PL, que é apoiador da campanha.

 


Já Rogério Correia utilizou o nome do presidente Lula, também do PT, para convencer os eleitores, citando-o 13 vezes. A palavra “presidente” foi falada dez vezes pelo postulante à Prefeitura de BH. Na campanha de Correia, Jair Bolsonaro foi mencionado sete vezes durante a semana analisada. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), aparece quatro vezes nas propagandas de Rogério. “Saúde” é a sétima palavra mais citada pelo candidato, aparecendo 16 vezes. “Obras” é falada 11 vezes, assim como “problema”. Já “fome” é repetida seis vezes.

 

A candidata à Prefeitura de BH pelo PDT, Duda Salabert, repetiu as palavras “sonho” e “melhor” cinco vezes. “Tempo” (4) aparece entre as 20 palavras mais repetidas, seguida por “ambiente” (4) e “política” (4). A pedetista aposta no diálogo para atrair mais votos e cita “debate” quatro vezes e “discutir” três vezes.

 

O candidato e senador licenciado Carlos Viana, do Podemos, concentrou sua divulgação para conseguir votos no projeto de construção da linha 2 do metrô de Belo Horizonte. A palavra “metrô” é a mais citada e aparece 30 vezes em uma semana. “Linha” aparece 16 vezes e “Barreiro” nove. O candidato falou “Deus” seis vezes em seus vídeos e mencionou “Bolsonaro” cinco vezes na semana analisada.

 

As palavras mais utilizadas por Wanderson Rocha (PSTU) foram “gestão” e “trabalhadores”, ambas repetidas seis vezes. O candidato também teceu críticas à Fuad Noman, mencionado quatro vezes pelo concorrente. As palavras “classe” e “privado” apareceram cinco vezes em casa.

 

Entre as palavras mais ditas por Indira Xavier (UP) estão “povo”, que aparece cinco vezes, “socialismo” e “ocupar”, citadas duas vezes cada.


Estratégias

O cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Carlos Ranulfo, explica que Engler quer se afastar da imagem de Bolsonaro, enquanto Rogério Corrêa insiste em vincular a candidatura ao atual presidente.

 

“É uma jogada inteligente porque o eleitor bolsonarista sabe que ele é apoiado pelo Bolsonaro, mas o Engler sabe que esse apoio traz muita rejeição, então ele está firmando o perfil dele. Rogério continua insistindo no Lula, que é algo que não vai dar certo. O eleitor sabe que PT é Lula e Lula é PT. Nós não estamos votando para presidente. O Rogério não consegue firmar um perfil de um candidato que quer mudar a cidade”, diz.

 

Ranulfo considerou Fuad Noman como um personagem ‘não-carismático’ na política belo-horizontina. “O caso do Fuad era de se esperar. Ele é uma pessoa desconhecida com pouco carisma, a saída que ele tinha era falar de obras e gestão. O grande trunfo dele é dizer que sabe gerir a cidade”, detalha.

 

O especialista também comentou as estratégias utilizadas por Mauro Tramonte. “O Tramonte faz o que se espera, se diz um candidato do povo. O Partido Republicanos é muito ligado à igreja e é conservador, o Tramonte é um conservador moderado. Quando ele fala que é do povo, ele sabe que o povo brasileiro é conservador. Ele acaba falando de valores e coisas mais genéricas”, afirma.

 

Sobre a repetição da palavra “sonho” na campanha de Duda Salabert, Ranulfo aponta que a candidata quer fazer surgir boas expectativas no imaginário coletivo do eleitorado. “Duda pretende apresentar propostas diferenciadas. Ela tenta transmitir uma esperança de uma cidade melhor do ponto de vista de uma pessoa que custou a se firmar pela trajetória de vida dela”, diz o especialista.