Atual prefeito e candidato à reeleição pelo PSD, Fuad Noman foi o último entrevistado da série de sabatinas do Estado de Minas com os concorrentes ao Executivo da capital mineira. Um dos nomes que integram a acirrada corrida pelo segundo turno, ele reiterou a defesa de seu mandato com base na lista de obras realizadas nos últimos dois anos e na argumentação de que seus oponentes o atacam por não ter um trabalho para apresentar à cidade.

 

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Antigo vice de Alexandre Kalil e apoiador do presidente Lula em 2022, Fuad falou sobre não contar com padrinhos em um pleito cercado de cabos eleitorais em níveis estadual e nacional. Ele ainda destacou suas propostas para a saúde e transporte, caso consiga a recondução ao cargo.





 

 

Por que o senhor quer ser reeleito prefeito de Belo Horizonte?

 

Estou no governo há dois anos e cinco meses. Tenho feito muitas obras nesse período; já construí, entreguei e estamos começando mais de 300 obras. Mas nem todas estão concluídas, pois são obras mais complexas, com trabalho de engenharia mais longo, e eu não gosto de deixar nada pela metade. Acho que, se em dois anos e cinco meses eu já fiz tudo isso, em quatro anos tenho muito mais a entregar para Belo Horizonte. Meu desafio é concluir minhas obras e começar as importantes que acredito serem necessárias para a cidade. Com mais quatro anos, conseguirei entregar uma cidade muito melhor do que a que recebi.


Qual será sua prioridade, caso vença a eleição?

 

O mais importante para mim, no ano que vem, é o Anel Rodoviário. Como todos sabem, é um lugar onde ocorrem acidentes praticamente toda semana. Nós fizemos lá uma área de escape que já evitou quase 30 acidentes, mas o Anel é uma área do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), e temos dificuldade em realizar qualquer intervenção lá. Então, fomos ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), pedimos ao presidente e conseguimos alguns recursos. Já temos dois projetos prontos para começar e dinheiro no caixa, mas estamos dependendo de uma assinatura do DNIT para nos autorizar a realizar as obras.

 

Diante dessa dificuldade, eu fui lá, pedi e me entregaram o Anel. Questionaram o custo das obras, que será de R$ 1,5 bilhão, mas o que é esse dinheiro comparado às vidas que estamos perdendo? Tenho condições de tomar empréstimos; as contas da prefeitura estão absolutamente em dia, rigorosamente em dia, e temos capacidade de investimento. Eu não vou deixar de realizar obras importantes para salvar vidas só porque é necessário gastar.

 

O atendimento à saúde é uma das críticas mais comuns feitas por seus adversários. Como o senhor avalia o serviço na cidade e no que é preciso melhorar?

 

Nós temos que entender que o Brasil e o mundo enfrentaram duas grandes crises: a COVID-19 e, em seguida, a dengue. Isso, logicamente, superlotou todas as unidades. Mas a Prefeitura de Belo Horizonte reagiu muito bem a esses desafios. É claro que, quando você coloca 500 pessoas para serem atendidas em um centro de saúde com 16 ou 17 médicos, a demora acontecerá. A demora ocorre para quem tem a avaliação azul, porque, quando a pessoa chega, ela passa por uma triagem em que vermelho é prioridade absoluta, amarelo é prioridade média e azul é sem prioridade. Portanto, as pessoas com avaliação azul acabam esperando mais e reclamam. Se tivessem ido a hospitais particulares, teriam esperado o mesmo tempo. Belo Horizonte é a cidade que mais investe em saúde no Brasil: enquanto a média nacional é R$ 1.022 por pessoa, o investimento anual por habitante em Belo Horizonte é de R$ 2.000. Pagamos aos nossos funcionários 35% a mais que o piso da categoria. Durante a crise da dengue, fizemos expediente adicional fora do horário normal. Contratamos 3.400 profissionais de saúde, sendo 941 médicos, algo que não se fazia há dez anos em Belo Horizonte.


Mas por que a população tem a sensação de que faltam médicos?

 

Eu acho que ainda há um pouco da memória recente da crise da dengue. Hoje, segundo pesquisas, há 50% de melhoria no atendimento das UPAs e dos centros de saúde. Os candidatos vão lá e, se há 100 pessoas atendidas e apenas uma insatisfeita, entrevistam essa única pessoa. Essa é a maneira que os candidatos têm de me atacar.

 

Claro que temos que reconhecer que ainda há muito trabalho a fazer e estamos fazendo. Estamos construindo uma maternidade no Odilon Behrens com cem leitos; o Hospital Leonina Leonor vai ficar pronto, e estamos trabalhando para aumentar os postos de saúde, começando um novo no antigo aeroporto Carlos Prates. Estamos procurando maneiras de fixar os médicos, pois eles entram para cá, fazem concurso, são aprovados e contratados, mas ficam pouco tempo. Estamos pensando em criar algum tipo de incentivo para que os médicos permaneçam. Esse é nosso grande problema: encontrar um incentivo salarial, de especialização e de carreira mais efetivo para que eles possam crescer aqui dentro.

Faltando um mês para as eleições, uma parte significativa da população não o conhece. Tentar ser mais conhecido será uma estratégia de sua campanha nesta etapa final?

 

Tirando os dois candidatos que são da mídia e trabalham na imprensa há muitos anos, nenhum dos outros candidatos é mais conhecido do que eu. Mas temos que considerar que estou há dois anos e cinco meses apenas no governo e me dediquei muito ao trabalho, sem propaganda pessoal nesses últimos dois anos. Saímos de uma pandemia e de uma crise, e eu precisava trabalhar pela cidade. Agora chegou a hora da campanha e preciso me apresentar. Preciso mostrar para as pessoas que quem fez as obras foi o prefeito Fuad. Muita gente ainda não me conhece, mas está começando a conhecer. Nossa campanha é propositiva; não vou atacar ninguém. Nossa proposta é essa: eu não tenho padrinho. Meu padrinho são as minhas obras.

O senhor já esteve ao lado do presidente Lula e de Alexandre Kalil, que hoje apadrinham outros candidatos. Zema e Bolsonaro também têm seus apoiados. O senhor pensa em contar com uma presença mais frequente de figuras fortes de seu partido na campanha? Nomes como o ministro Alexandre Silveira e o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco?

 

Como prefeito de Belo Horizonte, preciso do apoio do governo federal e do governo estadual, porque a cidade não consegue sobreviver com os seus próprios recursos. Acabamos de receber agora mais de R$ 600 milhões do PAC em uma negociação feita com o Presidente da República. Não podemos abrir mão disso, mas em momento algum pedi apoio para nenhum deles, porque respeito muito a decisão dos partidos.

 

Lógico que o ministro Alexandre Silveira é um grande membro do partido e tem nos ajudado nos bastidores, mas ele tem seus compromissos, e o senador Rodrigo Pacheco é o presidente de um poder nacional. Ele não pode sair do Congresso para vir fazer campanha para prefeito de Belo Horizonte. Todos eles têm nos ajudado muito nos bastidores e nas negociações, e conto muito com o apoio do PSD. O presidente Kassab nos apoia bastante. Logicamente, se eu for para o segundo turno, vou buscar apoio de outros candidatos. Neste momento, respeito quem está apoiando outros candidatos e não vou atrás de quem está comprometido.

Antes da campanha, foi especulado que o senhor fosse o rosto de uma aliança no campo progressista, muito por seu apoio a Lula em 2022. O senhor ainda espera ter essa parcela do eleitorado nesta eleição?

 

Vamos ver quem vai para o segundo turno. Se não houver ninguém da esquerda, eu vou procurar o apoio da esquerda. Se não houver ninguém da direita, vou procurar a direita. No segundo turno, vou buscar apoio de quem estiver disponível e que, logicamente, concorde com nosso programa de governo. Hoje, no primeiro turno, existem dez candidatos e todos precisam ser respeitados. Eu faço isso; você nunca ouvirá de minha parte um ataque a quem quer que seja.

O senhor, se reeleito, terá como uma de suas missões fazer o novo contrato com as empresas de ônibus. Quais são suas propostas nesse campo?

 

Fizemos muitas mudanças no contrato da Prefeitura em 2022 e 2023. Criamos uma série de benefícios, como tarifa zero para vilas e favelas, para mulheres em situação de risco, para doentes de câncer e para crianças. Introduzimos o programa Tolerância Zero, que visa melhorar o serviço de transporte e já trouxe resultados positivos. Atualmente, temos quase 800 ônibus novos e Belo Horizonte possui a frota mais moderna do Brasil.

 

Esse contrato atual é antigo, foi feito em 2008 com uma tecnologia completamente diferente. A minha pretensão, se reeleito, é contratar uma consultoria especializada para preparar o edital de licitação, se possível até internacional, porque quero o que há de mais moderno em termos de transporte coletivo. Espero que o ano de 2025 seja dedicado à preparação do edital de licitação. Colocarei o projeto em audiência pública para que a população possa se manifestar, e para que pessoas interessadas, professores, universidades e a sociedade civil organizada possam sugerir melhorias. Como teremos tempo, é possível refazer o processo de maneira adequada.



O senhor pretende manter o subsídio às empresas de ônibus?

 

Em primeiro lugar, precisamos distinguir o subsídio da complementação de passagem. O que temos atualmente é uma complementação para ajudar a manter o preço da passagem acessível. Os custos do sistema são crescentes: o diesel subiu, o pneu subiu, o ônibus subiu e o salário dos motoristas também aumentou, mas não reajustamos as passagens na mesma proporção. Se mantivéssemos a tarifa de acordo com os custos atuais, ela subiria para R$ 8 ou R$ 9. Por isso, a Prefeitura, com um projeto de lei na Câmara Municipal e um substitutivo dos vereadores, criou a complementação para que possamos oferecer um preço mais acessível à população. Vamos avaliar o modelo estabelecido, que é baseado em quilômetro rodado, e considerar se esse é o mais eficiente.

 

Não podemos onerar o trabalhador com uma passagem muito cara, então precisamos encontrar um equilíbrio. Todas as grandes cidades do Brasil, como São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Brasília e Goiânia, têm algum tipo de subsídio. Não é uma novidade, mas uma necessidade. Se a consultoria indicar que precisamos continuar com o subsídio, encontraremos uma forma de implementá-lo da maneira mais eficiente possível. Porém, espero que seja o mínimo necessário.


Um de seus motes de campanha é falar sobre as obras realizadas durante seu mandato. Seus concorrentes, por outro lado, afirmam que as obras foram feitas com intuito eleitoral. Como pretende vencer essa guerra de narrativas?

 

Eu tenho apenas dois anos e meio como prefeito; se eu não fizer obras agora, não faria nada. A obra de combate a enchentes no Vilarinho começou em 2021. As obras do Complexo das Águas do São Gabriel iniciaram em 2022. Desde que assumi a prefeitura em abril de 2022, realizei 280 obras de proteção de encostas. Se você observar, não tivemos nenhuma morte ou desabamento nos últimos dois anos. É claro que em 2024 eu continuaria fazendo obras; não posso parar.

 

Os críticos precisam lançar pedras onde há frutos, criar factoides para tentar derrubar o prefeito, porque as obras estão aí. Projeto você consegue com palavras, conversa você consegue com palavras, mas obra se faz com trabalho. Essa é conversa fiada de quem não tem o que dizer, não tem o que propor e não tem experiência administrativa. São pessoas que nunca governaram nada, nunca gerenciaram um milímetro de gestão pública e começam a fazer promessas que sabem que não vão cumprir. Acham que quando eu chegar lá, vou mandar em tudo. Não é assim; o orçamento é o orçamento, e a administração financeira é a administração financeira. Ou você tem experiência, ou é o caos.

Quais desafios o senhor não conseguiu cumprir e pretende enfrentar em um novo mandato?

 

Temos dois pontos importantes. O primeiro é o Anel Rodoviário, que já mencionei. O segundo é o antigo aeroporto do Carlos Prates, onde estamos transformando a área em um grande parque aberto ao público, com espaços para caminhada, campo de futebol e atividades esportivas. Após essa etapa, planejamos instalar equipamentos públicos como escolas, uma super EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil) similar à que construí no Centro, uma UPA, um centro de saúde e um espaço cultural. Também estamos fechando um projeto com o governo federal para a construção de cerca de 4.500 casas populares na área. Além disso, precisamos implementar melhorias na mobilidade urbana, pois a região é muito isolada. O aeroporto, na realidade, funcionava como um grande muro que separava três ou quatro bairros, e queremos integrá-los.

 

Sabatinas


A entrevista com o prefeito Fuad Noman encerrou a série de sabatinas do Estado de Minas, com transmissão do Portal Uai. As entrevistas completas com os demais candidatos podem ser lidas e assistidas nos links abaixo:

 

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