O candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), abordou diversos pontos polêmicos em sabatina realizada pela Folha de São Paulo e UOL. Durante a conversa, ele precisou ser interrompido 53 vezes, pois fugia do tema das perguntas. Segundo a regra da entrevista, ele seria interrompido toda vez que se desviasse do assunto.

 

No ponto mais acalorado, o candidato travou uma discussão com a jornalista Raquel Landim, a quem acusou de espalhar fake news sobre sua presença no ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o dia 7 de setembro. "Você me perguntou no WhatsApp, e eu não respondi", disse, afirmando que ir ou não ao ato será uma surpresa.

 



 

 

A respeito de defender ou não o impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes, Marçal tentou se esquivar, acusando a jornalista de "pôr palavras em sua boca" e de "prejudicar o seu partido". Por fim, defendeu que o ministro fosse investigado e pediu que os senadores se preocupassem com essa questão.

 

Nesse momento, Marçal chamou a atenção de Cleitinho (Republicanos), salientando que ele foi "o primeiro macho a me apoiar" no Senado. Visivelmente irritado, Marçal alfinetou o governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Na campanha eleitoral exibida nesta quarta-feira, Tarcísio defende a reeleição de Ricardo Nunes (MDB), afirmando que ele é a única alternativa para derrotar Guilherme Boulos (PSOL) em um possível segundo turno. O governador ainda afirma que Marçal seria "porta de entrada" para Boulos.

 

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O coach contou que ele e Tarcísio tinham um acordo de cessar-fogo, em que um não citaria o outro durante a campanha, devido a apoios anteriores entre os dois. "Ele vai acabar com a carreira se continuar falando do Homem de Ferro para defender o Banana", disse, em referência a ele mesmo e a Ricardo Nunes, respectivamente.

 

Presidência

 

Várias vezes durante a sabatina, Marçal fez propostas direcionadas ao Brasil, e não para a cidade de São Paulo, onde concorre à prefeitura. Ao término da entrevista, ele garantiu que tem planos maiores a partir das próximas eleições. "Nunca escondi que serei presidente do Brasil", disse.

 

Reafirmando o que disse no "Roda Viva", na última segunda-feira, o candidato afirmou que está preparado para se tornar presidente quando "Lula morrer". Ele ainda fez uma previsão, dizendo que, em 2026, o cenário perfeito seria "Lula derrotado por Bolsonaro, Tarcísio governador e Marçal prefeito".

 

Pedindo votos, ele mandou um recado aos eleitores, dizendo que "cristão não vota em comunista", já que "Jesus nunca dividiu o pão, ele multiplicou". Ao mesmo tempo, revelou ter tido "um passado comunista", em que disse ter sido pobre.

 

Educação

 

No primeiro bloco, Marçal prometeu que as crianças da capital paulista serão alfabetizadas até os 7 anos. Ele ainda descreveu que vai organizar a educação em três pilares: inteligência emocional, escola olímpica e empresarização, afirmando não haver nenhum especialista em educação por trás de sua proposta.

 

Questionado sobre educação sexual, o coach — que disse ser um educador, e não um coach — defendeu que as escolas abordem "segurança sexual", dizendo que não se deve erotizar crianças. Durante o tema, ele ainda afirmou que as meninas são mais frágeis. "Nosso maior cuidado tem que ser com os meninos, porque eles morrem mais, se suicidam mais", declarou.

 

Saúde

 

Em relação à saúde, Marçal afirmou que pretende construir hospitais provisórios e zerar a fila de espera em 18 meses. "Vamos pegar casas de apoio e desafogar as casas de saúde com a iniciativa privada", afirmou o candidato. Segundo ele, é comum governos fazerem com que "o povo viva menos", mas ele declarou que seu plano é o contrário: "Um povo saudável é um povo que desfruta".

 

Por fim, ele garantiu que só descansará quando estiver morto, em contraponto às pessoas que "têm a capacidade de se destruir".

 

Desemprego e moradia

 

Questionado sobre seus planos de governo para habitação, o candidato afirmou que pretende construir um prédio de 1 km. Segundo ele, o edifício irá abrigar 200 famílias e não terá "nenhum centavo de dinheiro público" na obra, mas contará com o apoio da iniciativa privada, para "movimentar a economia".

 

Para isso, o ex-coach afirmou que realizará um mutirão de construção, com "mão de obra de desempregados", "quebrando um recorde". Marçal ainda afirmou que, em seu governo, "ninguém vai invadir imóvel de ninguém", prometendo um relacionamento com a população de São Paulo "como se fossem clientes de luxo".

 

Ele também prometeu a formalização de 2,5 milhões de empregos, incluindo a triplicação do número de guardas municipais, de 32 mil para 96 mil, mesmo que o teto de gastos da prefeitura não suporte esse aumento de despesas e que a escola de formação não suporte mais de 1.000 formados em 6 meses. Neste momento, Marçal acusou a jornalista Landim de realizar cálculos errados e fez várias interrupções.

 

Além disso, Marçal afirmou que pretende construir um cinturão de empresas em torno da capital paulista, de modo que o cidadão possa trabalhar perto de casa e ter tempo para "treinar", além de diminuir a emissão de gás carbônico.

 

Segurança Pública

 

Em relação à segurança pública, o candidato apontou a adoção de câmeras de monitoramento como forma de aumentar a segurança. Questionado sobre a efetividade da promessa, Marçal afirmou que começará a instalar os equipamentos pela região de Pinheiros, onde mora, até que a tecnologia "afugente os bandidos" para fora da cidade.

 

Mais uma vez dizendo que contará com o patrocínio da iniciativa privada, o candidato afirmou que não pretende resolver o problema de segurança pública da cidade em quatro anos, mas que deseja mudar a mentalidade das pessoas.

 

Em aparente contradição, ele declarou que seu plano de governo não consiste em sonhos, mas em propostas que pretende tirar do papel.

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