O candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSDB, o apresentador José Luiz Datena fez diversas críticas a seu próprio plano de governo, durante sabatina Folha/UOL, na manhã desta sexta-feira (13/9). Em alguns momentos, ele teve embates com jornalistas sobre algumas propostas que estão no documento, mas acabou admitindo que seu plano de governo “não é o melhor do mundo”. 


 

 

Com 43 páginas, o documento reúne promessas que, na visão do próprio candidato são inviáveis, como a de colocar dois professores por sala de aula nas escolas municipais da capital paulista.  “Já levantei números e é inviável. Não dá pra ter dois professores em sala de aula, como tem, por exemplo, o Ceará. A gente já paga R$ 22 mil por aluno. (...) A gente já tá gastando demais, Tá no plano de governo, mas não dá pra cumprir”, frisou.


O apresentador de TV ainda explicou que teve pouco tempo para preparar seu plano de governo. “O plano de governo foi feito às pressas. O meu plano de governo não é o melhor plano de governo do mundo. Eu fui o último candidato a ser homologado aqui em São Paulo, os outros todos têm um ano aí, – à exceção do Marçal, que é uma exceção e uma ameaça à democracia –  mas os outros estão aí, em vida política há muito tempo. Então, me apresentaram o plano de governo, mas muitas coisas eu fui vendo que, na prática, são impraticáveis”, confessou. 

 


Questionado se o eleitor poderia confiar no plano de governo, Datena afirmou que “Pode se basear no meu plano de governo, mas ele é mutável”. A justificativa que ele deu é que ele só descobriu as reais necessidades da população quando foi às ruas ouvir o povo.  “Esse é o verdadeiro plano de governo, tem que ser feito pelo povo. (...) Até eu posso escrever aqui no papel que eu vou fazer um milhão de coisas e não cumprir, que é o que a maioria desses caras faz”, pontuou.

 

 

Em outro embate, ele foi questionado sobre uma proposta de criar territórios de emprego. Após o desentendimento com a jornalista Raquel Landim, do UOL, ele admitiu mais um erro no seu plano. “Você está partindo de uma premissa errada”, acusou Datena. 

 




“A premissa está no seu plano de governo, isso é um documento”, rebateu a jornalista. “Está errado o plano de governo, então”, disse. 

 

Alfabetização depois da hora

 

Uma das propostas de Datena é priorizar a alfabetização de crianças entre 8 e 9 anos. No entanto, as diretrizes do Ministério da Educação estabelece que a idade para uma criança aprender a ler e escrever é de 7 anos. O que, na visão do candidato, é inviável para a realidade de São Paulo.


“A gente não consegue nem 38% da alfabetização das crianças. Isso aqui não é de uma hora para outra. Minha meta é entregar a criança alfabetizada à família,bem tratada desde a escolaridade infantil, que é a creche. (...) Eu acho que a alfabetização tem que ser aos 8 anos, porque com 7 anos você não consegue, com a estrutura escolar, não consegue. Se pudermos alfabetizar com sete anos, tá bom, tentaremos alfabetizar com sete anos”, justificou.

 

 

No assunto, ele revelou mais um erro de seu plano de governo, já que a meta real é de apenas 8 anos e não 8 e 9 como diz o texto. “Está no plano, mas tá errado. Oito anos, é o máximo que eu acho que a gente pode colocar em prática”, esclareceu. 

 

 

‘Não sou reacionário’

Apesar de ser apresentador de um programa policialesco, Datena ressaltou que defende os direitos humanos. “Eu não sou reacionário, eu não sou a favor daquela frase ‘bandido bom é bandido morto’. E falo isso no meu programa. Letalidade só em último caso. Letalidade é pra quando algum cidadão está sendo ameaçado sob arma, qualquer tipo de arma, e de repente há uma intervenção policial pra salvar a vida da vítima. Aí sim, a polícia é obrigada a usar o seu poder de letalidade. Troca de tiros só quando a polícia recebe bala de bandido”, defendeu. 

 


Para Datena, “bandido bom é o bandido que se entrega” para a polícia e que ele pretende instaurar essa regras se for eleito. 


Na fila do SUS

Com diversos problemas de saúde, Datena fez o compromisso de que, se for eleito, vai fazer tratamentos apenas pela rede pública de saúde do município. A ideia – que inclusive não está no plano de governo – tem como objetivo vivenciar a realidade do SUS. “Se eu for eleito prefeito de São Paulo, com todas as comorbidades que eu tenho, eu serei atendido pelo sistema público de saúde. Se eu morrer, vai ficar claro que o sistema público de saúde, que não serve pra mim, não serve pra todos os outros que estão na fila de espera”, afirmou.

 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia


Datena ainda defendeu que toda pessoa que ocupa um cargo político fizesse uso da rede pública.  “O SUS seria o melhor sistema de saúde do Brasil, porque político governa pra ele, na maioria das vezes, e não pro povo. Se todo político fosse atendido em hospitais do SUS, seria o melhor estado do mundo, cara. Eu, por exemplo, estou colocando risco na minha vida quando eu digo isso. Mas aí vai ficar claro e evidência para a população de que o sistema público de saúde não é o ideal”, afirmou. 


 

compartilhe