José Luiz Datena, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB, afirmou que não apoiará nenhum outro candidato caso a disputa seja decidida no dia 27 de outubro. Durante a sabatina Folha/UOL nesta sexta-feira (13/9), Datena criticou severamente Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB). Além disso, revelou ser amigo de Guilherme Boulos (PSOL), embora discorde “da maior parte de suas ideias”.


 

Datena começou a falar sobre o futuro político de forma discreta, evitando mencionar nomes dos concorrentes. No entanto, momentos depois, ele adotou um tom mais direto. Disse que, em um segundo turno entre Nunes e Marçal, anularia seu voto. “O Ricardo é ruim; ele já provou isso pela extensa lista de serviços não prestados à população. O Marçal é perigoso, pois não sabemos a origem das suas doações”, afirmou.



O apresentador de TV mencionou uma reportagem da Folha de S. Paulo que revela que uma das maiores doadoras da campanha de Marçal, Danecleide Claudia da Silva, constava na lista de pessoas que receberam auxílio-aluguel até março de 2022, e foi posteriormente selecionada como beneficiária de um conjunto habitacional. Na atual campanha eleitoral, ela fez uma doação de R$ 25 mil via Pix no último dia 27. As doações dela e de outros apoiadores de Marçal, também no valor de R$ 25 mil, figuram entre as mais significativas na página do candidato na Justiça Eleitoral, após contribuições de maiores valores, como as de R$ 100 mil do bilionário Helio Seibel e do empresário Helvio Paulo Ferro Filho.




 

Além das críticas, Datena se comparou a um oponente que estaria se aproveitando da influência nas redes sociais. “Como é que ele usa o programa de internet dele, da rede social dele, durante uma campanha política, fazendo cortes e memes? (...) Ele pode usar a internet para fazer programa político, enquanto eu, como jornalista e radialista, tenho que ser afastado da televisão durante quatro meses?”, questionou.



Datena também comentou sobre o confronto com Marçal durante o debate da TV Gazeta e My News, no qual quase chegaram à agressão. O apresentador esclareceu que não tinha a intenção de agredir o oponente e que se deixou levar pela emoção. “Eu não queria chegar à agressão, mas ele fica xingando os candidatos durante os intervalos. Aí ele falou uma bobagem para mim, eu disse ‘cara, eu vou aí quebrar a tua cara’. Ele achou que era brincadeira. E ele me chamou para briga, eu fui lá, mas ainda bem que ele voltou atrás”, relatou.

 

Para Datena, evitar a agressão foi uma ação divina. “Eu não queria quebrar a cara de ninguém. Tenho 67 anos e mereço respeito como idoso, enquanto ele é um moleque – em todos os sentidos. Além disso, com 67 anos, eu não tenho mais condição física para brigar”, justificou.

 

Sem frente ampla

 

Questionado sobre a possibilidade de integrar uma frente ampla contra Marçal, Datena rejeitou a ideia. “Acho que o Marçal é um risco à democracia, isso eu não tenho dúvida. O Boulos, eu não concordo com a maior parte das suas ideias. E o Ricardo Nunes é um péssimo prefeito. Eu estou mais preocupado com o que fazer em relação a isso do que em formar uma frente única”, afirmou.



Datena, afirmando ser contra “golpes” e “tramas” em eleições, declarou que se manterá neutro. “Se eu perder as eleições, não devo apoiar ninguém nem ficar emitindo opinião sobre outros candidatos”, afirmou.

 

‘Tem que tirar o prefeito’

 

Durante a sabatina, Datena fez várias críticas ao atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes. No início da conversa, ele atribuiu a responsabilidade pela baixa qualidade do ar em São Paulo ao filiado do MDB.

 

Questionado sobre ações para melhorar a qualidade do ar, Datena foi categórico: “Primeiro, é tirar esse prefeito daí.” Ele também criticou o fato de Nunes liderar as pesquisas no mesmo dia em que a cidade registrou alguns dos piores índices de poluição do mundo. “Já há especialistas recomendando o uso de máscaras em São Paulo”, disse, alarmado.


 

Amizade do Boulos

 

Datena afirmou que não votaria em Guilherme Boulos (PSOL) devido a incompatibilidade de ideias, embora mantenha uma boa relação com ele. “Eu sou amigo do Boulos, gosto dele. No entanto, sou contrário a muitas das suas ideias. É como eu disse: a polarização é uma coisa idiota”, afirmou.


 

 

Em 2023, vazou um vídeo de uma conversa entre Datena e Guilherme Boulos em que Datena sugere que Boulos considerasse ele como candidato a vice na chapa para as eleições deste ano. Em um momento do vídeo, Datena pede que Boulos desafie o presidente Lula (PT) para que ambos concorressem juntos. Na ocasião, Datena negou que a proposta fosse séria e lamentou o vazamento do vídeo.

 

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O jornalista também destacou que não apoiou nem Lula nem Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022. “Essa questão de ódio e polarização não leva a lugar nenhum. Isso tinha praticamente desaparecido depois da eleição. Eu temia que isso fosse o problema principal, porque, claro, o Boulos é visto como uma marionete do Lula, e o Ricardo Nunes teve que ser marionete do Bolsonaro, senão nem disputaria a eleição. Eu quero que, em São Paulo, quem mande seja São Paulo. Mas essa história do bolsonarismo e do lulismo estava meio que latente. As eleições estavam relativamente tranquilas até que apareceu o Marçal e desvirtuou tudo com seu show de horrores, desqualificando pessoas, utilizando robôs para atacar pessoas e assim por diante”, disse.

 

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