FOLHAPRESS - O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), vetou, na segunda-feira (9/9), o Projeto de Lei (PL) 868/2023 que previa a distribuição gratuita, pelo Poder Executivo, de medidor contínuo de glicose para pessoas com diabetes tipo 1. O sensor é um aparelho usado na pele que monitora, de maneira contínua, a quantidade de glicose subcutânea.
No veto, Freitas cita o parecer da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo (SES-SP) que informa que a monitorização de glicose prevista no Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica do Diabetes Tipo I do Ministério da Saúde é a capilar -que colhe o sangue a partir de furos nos dedos- e que os insumos para essa monitorização já são disponibilizados no Sistema Único de Saúde (SUS).
Procurada pela reportagem, a secretaria comunicou que, "em agosto deste ano, o Ministério da Saúde/Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias) analisou o produto e deliberou com parecer desfavorável à incorporação, o que impossibilita o financiamento do insumo pelo SUS". Apesar do parecer, a comissão deliberou que o tema fosse encaminhado à consulta pública. Freitas também afirma, no documento, que o projeto "cria despesa não prevista no orçamento".
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No Distrito Federal, o sensor de monitoramento contínuo da glicose é disponibilizado pela SES-DF (Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal), por meio do Programa de Monitorização Contínua de Glicose, desde dezembro de 2020. O programa, segundo documento da pasta, tem como objetivo a obtenção do melhor tempo no alvo com a menor frequência de hipoglicemias e a redução nos riscos para complicações agudas e crônicas.
Segundo Karla Melo, coordenadora do Departamento de Saúde Pública, Epidemiologia, Economia da Saúde e Advocay da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), no curto prazo, o uso do sensor contínuo de monitoramento de glicose reduz os valores da hemoglobina glicada, exame que mostra a média de glicemia dos últimos três meses.
A longo prazo, isso representa uma "redução de complicações crônicas relacionadas ao diabetes e isso é algo que do ponto de vista financeiro traz um impacto importante", diz e continua: "Isso evita o aparecimento de cegueira, de doenças renais com necessidade de diálise, de transplante. São complicações que de fato comprometem a qualidade de vida de pessoas com diabetes".
Para Melo, o sensor de medição contínua tem algumas vantagens em relação aos aparelhos que medem a glicose no sangue a partir de tiras. "Quando furo meu dedo, sei quanto está minha glicose naquele momento, não sei se ela está subindo, se ela está baixando, se ela está estável", afirma.
Já o sensor indica tendências da glicose por meio de setas. Segundo especialista, a seta reta significa que a glicose está em estado de mínima variação; a seta levemente inclinada para cima mostra que a glicose está subindo 30mg/dl em 30 minutos; já a seta totalmente inclinada demonstra que a glicose está subindo 60mg/dl em 30 minutos.
Melo ressalta que o sensor permite que a pessoa se antecipe em relação à variação. "Se eu vejo que a minha seta está toda para baixo, isso quer dizer que em 30 minutos pode ser que eu tenha uma hipoglicemia. Então me antecipo, como uma fruta ou a quantidade suficiente de carboidratos de absorção rápida para restaurar glicemia."
A médica explica que o sensor contínuo é importante para evitar hipoglicemias noturnas em pessoas com diabetes tipo 1. A hipoglicemia é a baixa quantidade de glicose no sangue. Segundo Melo, na hipoglicemia de nível 1, a pessoa tem um sintoma e corrige a glicose comendo alguma coisa com carboidratos.
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"Imagina se isso acontece durante o sono? Muitas vezes a pessoa não vai despertar porque durante o sono os sintomas podem não ficar tão evidentes. E essa hipoglicemia noturna pode evoluir mais facilmente para uma hipoglicemia grave, que é quando eu não consigo resolver minha hipoglicemia sozinha porque já tive comprometimento no meu nível de consciência, estou desorientada, eu não consigo pegar açúcar", conta.