A denúncia de assédio sexual que repórter Bruna Drews fez contra o apresentador José Luiz Datena, em 2019, foi o estopim para a briga entre o candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB, e seu oponente Pablo Marçal (PRTB). O jornalista atirou uma cadeira contra o ex-coach, depois de o goiano acusá-lo de estupro. 


Em janeiro de 2019, Bruna Drews, que trabalhava na Band na época, protocolou uma representação no Ministério Público de São Paulo contra Datena, dizendo ter sido vítima assédio sexual. De acordo com notícias da época, a repórter relatou no processo que o apresentador havia dito que ela não precisava emagrecer porque já "era muito gostosa". Outro relato é de que o atual candidato a prefeito teria confessado ter se masturbado pensando nela e chegou a afirmar  que achava "um desperdício" a profissional namorar outra mulher.

 




O assédio teria acontecido em um bar, após as gravações de um quadro do extinto “Agora é com Datena”, em junho de 2018. Na ocasião, Bruna disse só procurou a justiça meses depois por ter passado por crises de depressão e pânico após o assédio. Ela ainda moveu uma ação trabalhista contra a Band, dizendo que a emissora foi conivente com o apresentador. 


Na ocasião, Datena processou a jornalista por difamação. Desde o início, ele negou as acusações, chegando a citar testemunhas que estavam no local em que o assédio teria ocorrido.  "Na comemoração, repeti a ela que ela era muito bonita e que não precisava emagrecer, porque ela já era competente. Tirando isso, todo o resto é mentira, calúnia e delírio", afirmou na época. 



Nove meses após a denúncia, Bruna pediu desculpas e inocentou o apresentador. Ela registrou uma retratação em um cartório, em que dizia que não foi induzida a fazê-lo. “Esclareço que tais fatos não condizem com realidade e nunca ocorreram, sendo que os vídeos dos programas ao vivo, juntados aos autos, não passaram de brincadeiras, consignando que não me senti constrangida com referido evento e aproveito a declaração para, também, pedir desculpas ao senhor José Luiz Datena e sua família pelos transtornos causados, pretendendo que a presente retratação sirva para restabelecer qualquer dúvida em relação à sua idoneidade", dizia o documento. 


Dias depois, Bruna publicou uma carta nas redes sociais dizendo que foi "induzida e mal orientada a assinar um documento que não condiz com a realidade". "A verdade é que meu processo de assédio sexual contra o apresentador inexplicavelmente foi arquivado. Não houve investigação policial, meu depoimento não foi colhido e nenhuma testemunha foi ouvida. A Justiça não me permitiu brigar pelos meus direitos", escreveu.


“A situação se inverteu e acabei processada por calúnia e difamação, mas não tinha condições psicológicas e financeiras para encarar mais esta briga. Fui induzida a fazer um acordo”, revelou. "Os fatos aconteceram como eu havia declarado inicialmente, mas a outra parte envolvida conseguiu reverter inexplicavelmente a situação. Assinei tal carta na intenção de recuperar a minha saúde física e mental e enterrar o ocorrido", justificou.


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Como o caso voltou à tona?

 

No debate deste domingo (15/9), Marçal e Datena trocaram diversas acusações. O apresentador chegou a se recusar a fazer uma pergunta ao ex-coach, dizendo que ele havia “subvertido” os debates, transformando-os em “meros programas de internet dele”. Foi então que Marçal acusou Datena. 


"Os playboys da cidade de São Paulo não sabem o que vou falar agora, mas quem é da quebrada sabe. 'Homem é homem, mulher é mulher, estuprador é diferente'", disse, citando uma música do Racionais MC's. "Tem alguém aqui que é ‘jack’ [gíria para estuprador]. É alguém que responde por assédio sexual. Essa pessoa dá pena", continuou, se referindo a "Datena", forma como chama o oponente. 



“Foi uma acusação que a polícia não viu provas nenhuma, nem investigou. O MP arquivou o processo. A pessoa que me acusou se retratou publicamente em cartório, pediu desculpas para mim e para minha família. Foi um desgaste grande para a minha família, ser acusado de um crime destes é terrível, e o Pablo Marçal continua sendo ladrãozinho de banco devidamente acusado e condenado", respondeu Datena. 


Momentos depois, o coach chamou o oponente de “arregão”, que respondeu com uma cadeirada. Datena foi expulso do debate e Marçal levado ao hospital. 

 


Após a confusão, o apresentador conversou com jornalistas. Ele disse que perdeu a cabeça. "Tive que responder por uma coisa que eu não devia, não devo, e que eu não cometi, jamais cometi, uma barbaridade dessa contra a mulher, em momento nenhum e jamais cometeria. Dou minha palavra de honra. A partir do momento que me senti agredido ali, vi a figura da minha sogra, que, repito, morreu por causa disso, e infelizmente perdi a cabeça. Não devia ter perdido? Acredito que não. Poderia ter simplesmente saído do debate e ido embora pra casa, que era muito melhor. Mas, do mesmo jeito que choro como uma reação humana, essa foi uma reação humana que eu não pude conter", disse. 


A sogra de Datena morreu por sofrer três AVCs, após se envolver emocionalmente com a denúncia de assédio do genro. 

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