BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Governadores de oposição criticaram o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após reunião no Palácio do Planalto para tratar das queimadas que vêm atingindo grande parte do território brasileiro.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmou que o governo federal não estava preparado para enfrentar a crises dos incêndios florestais e foi "procrastinando" as ações de enfrentamento. Caiado ainda ironizou a ausência do presidente Lula na reunião com governadores.
"Acho isso tão acessório. Tenho que resolver o problema do meu estado. Cada um tem que resolver o problema do seu estado. Se a visão dele [Lula] é que isso aí não tem essa relevância, não cabe a mim discutir isso", afirmou o governador de Goiás, que tem colocado seu nome como possível candidato à Presidência da República nas eleições de 2026.
O governo Lula reuniu governadores de áreas que estão sendo afetadas pelas queimadas para discutir formas de enfrentar a crise climática.
Além de Caiado, participaram os governadores Helder Barbalho (Pará), Mauro Mendes (Mato Grosso), Wilson Lima (Amazonas), Gladson Cameli (Acre), Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul), Wanderlei Barbosa (Tocantins) e Antonio Denarium (Roraima).
Também estiveram no Palácio do Planalto os vice-governadores Sérgio Gonçalves da Silva (Rondônia) e Antônio Pinheiro Teles Júnior (Amapá).
Do lado do governo, estavam na reunião os ministros Marina Silva (Meio Ambiente), Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Simone Tebet (Planejamento), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional).
Caiado saiu da reunião antes do seu término. Aos jornalistas ele fez uma série de críticas ao governo federal. "O governo federal não estava preparado para o que aconteceu. De repente, foi procrastinando e agora vai chegando o final [da temporada de seca]. Quer dizer, meio de outubro, acredito eu que em novembro já estará chovendo. Algumas chuvas já caíram", afirmou o governador.
"O que nós esperamos é que o governo federal não nos chame na última hora para fazer um comunicado de R$ 500 e poucos milhões", completou, em referência à medida provisória que liberou R$ 514 milhões para o enfrentamento da crise.
Caiado também defendeu uma rediscussão do pacto federativo para melhor dividir as atribuições dos estados e do governo federal. "Precisamos parar com essa bobagem. Brasília não sabe governar o país. Isso é uma ineficiência completa. Dê estrutura para os governadores poderem montar essas estruturas avançadas de Corpo de Bombeiros, coisa simples, um pequeno galpão com cinco carros ali, com pessoas preparadas para aquilo, com controle de satélite, com informação imediata, e as ações acontecem", completou.
O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), não fez críticas diretas como as de Caiado, mas disse que a reunião no Palácio do Planalto para tratar das queimadas terá efeitos "concretos e mais objetivos" apenas a partir de 2025, para planejar ações do próximo ano.
O governador disse que chuvas deverão ocorrer nas próximas semanas, dentro de 15 a 30 dias, e que agora será difícil realizar contratações e compras para enfrentar as queimadas.
"Não posso dizer que o governo federal está agindo tardiamente. Essa reunião está acontecendo, ela é bem-vinda, mas eu disse que, na minha opinião, seus efeitos concretos e mais objetivos vão acontecer para o ano de 2025", afirmou Mendes no Palácio do Planalto.
"Isso porque todo mundo que conhece administração pública sabe que, se liberar hoje um recurso na conta de qualquer estado, dificilmente você consegue comprar veículos, comprar equipamento, alugar aeronaves para que, em 15 dias, tudo isso esteja funcionando. Embora nós tenhamos um regime de urgência e de emergência que acelera os processos de contratação, eles precisam ser feitos com algum nível de critério e de transparência, seguindo o mínimo da burocracia pública", completou.
Mendes depois acrescentou que tem "certeza" de que a reunião poderá produzir bons resultados para 2025 se houver efetividade na união dos esforços dos governos federal, estaduais e municipais.
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O governador do Pará, Helder Barbalho, por sua vez, disse ter pedido ao governo federal uma ajuda de R$ 146 milhões para que seu estado possa enfrentar e amenizar o impacto das queimadas e da seca severa.