O advogado e ex-deputado federal Genival Tourinho, de 91 anos, morreu na manhã deste sábado (21/09), em Belo Horizonte. Como parlamentar, ele ganhou notoriedade na luta contra a ditadura militar,  o que acabou custando a Tourinho os direitos políticos, cassados no início da década de 1980 quando denunciou a chamada “Operação Cristal”.

 

O velório será realizado na Assembleia Legislativa, amanhã de manhã. O corpo será cremado em seguida, às 14 horas, na Capital.

 

 

O ex-parlamentar estava internado no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, desde o dia 8 de setembro. A morte foi causada por insuficiência renal e respiratória. Ele deixou a mulher, Elizabeth Myriam Teixeira Carneiro, três filhos e cinco netos.

 

Quem era ele

 



 

Nascido em Montes Claros (Norte de Minas), Mário Genival Tourinho formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1958. Exerceu mandato como deputado estadual (1967 a 1971, assumindo como suplente). Entre 1975 e 1982, exerceu dois mandatos na Câmara Federal, onde teve a carreira interrompida depois da perda dos direitos políticos, após ser incluído na Lei de Segurança Nacional.

 

Ele também foi presidente do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

 

A Operaçao Cristal

 

 

Em agosto de 1980, durante um almoço oferecido ao ex-governador do Rio Leonel Brizola, em Belo Horizonte, Genival Tourinho denunciou a chamada “Operação Cristal”, que envolvia uma série de atentados terroristas no país durante o regime militar. O então deputado apontou que, por trás das ações, como o atentado do Riocentro, no Rio de Janeiro, estariam três generais – e que a intenção seria jogar a culpa em integrantes da esquerda.

 

Genival Tourinho foi processado pelos militares, incluído na Lei de Segurança Nacional, e teve os direitos políticos cassados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ficando impedido de se candidatar á reeleição em 1982. Foi aprovada no Congresso Nacional uma emenda que garantia o retorno da sua elegibilidade naquele ano. Porém, o projeto-lei foi vetado pelo então presidente da Republica, general Joao Baptista Figueiredo.

 

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Genival Tourinho relata detalhes da sua denúncia sobre a “Operação Cristal” e sobre o processo de cassação dos seus direitos políticos no livro autobiográfico Baioneta falada, baioneta calada. Na obra, narra uma série de fatos dos “anos de chumbo” e também da sua atuação como advogado na defesa de presos e perseguidos pela ditadura.

 

Repercussão

 

O ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) lamentou a perda do advogado e ex-parlamentar, que era seu amigo pessoal e conviveu com o seu pai, o ex-deputado federal Renato Azeredo. “Genival Tourinho foi um politico corajoso e destemido. Advogado de renome, ele nunca esqueceu suas raízes no Norte de Minas. Particularmente, perdi um amigo e um grande conselheiro”, afirmou Eduardo Azeredo.


O ex-ministro das Comunicações e ex-prefeito de Belo Horizonte Pimenta da Veiga também lamentou a morte de Tourinho. “Genival Tourinho foi um homem múltiplo. Advogado responsável e respeitado atuou em grandes processos. Na vida pública sua marca foi a combatividade. Nunca se curvou na ditadura, e jamais negou suas ideias. Grande perda para Minas Gerais e muita saudade para os amigos”, considerou Pimenta da Veiga.

 

O ex-governador mineiro e deputado federal Aécio Neves (PSDB) também publicou nota de pesar. "Lamento profundamente o falecimento do deputado Genival Tourinho, parlamentar mineiro que teve um papel importante no combate à ditadura e no restabelecimento da democracia no país. Genival Tourinho foi uma das grandes lideranças da política mineira,  amigo do presidente Tancredo Neves, e deixará muitas saudades a Minas e à sua querida Montes Claros. Transmito o meu respeito pessoal e o abraço de toda a minha família aos seus familiares e amigos".

 

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