O presidente Lula (PT) voltou a utilizar a palavra “guerra” em seu discurso durante a abertura da 79ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (24/9). De acordo com apuração do Núcleo de Dados do Estado de Minas, "guerra" não aparecia entre as 30 mais citadas pelo chefe do Executivo desde 2007. A palavra foi entoada cinco vezes neste ano por Lula. Ele também pronunciou "paz" e "conflitos" em quatro ocasiões, cada.

 

Em 2006, ano de conflito entre Líbano e Israel, “guerra” já havia sido dita pelo presidente sete vezes. 

 

Durante o discurso desta terça, o presidente reiterou que desaprova a invasão ao território ucraniano e pediu por diálogo e o “fim das hostilidades”. Lula também destacou os conflitos que envolvem Israel no Oriente Médio, como os do Líbano (Hezbollah) e da Cisjordânia (Hamas), além de embates “esquecidos” no Sudão e Iêmen. 

 




“Em Gaza e na Cisjordânia, assistimos a uma das maiores crises humanitárias da história recente e que agora se expande perigosamente para o Líbano. O que começou como ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino”, declarou o chefe do Executivo.

 


Nesta terça, Israel voltou a bombardear o Líbano e anunciou novas explosões em massa. O Ministério da Saúde libanês afirma que esse é o segundo ataque em dois dias contra o reduto do movimento pró-iraniano Hezbollah. O balanço é de seis mortos e 15 feridos, informou a pasta em comunicado. Anteriormente, o Comitê Islâmico de Saúde, afiliado ao Hezbollah, havia anunciado três mortes. 


Na última semana, centenas de pagers de membros do Hezbollah e walkie-talkies explodiram simultaneamente em redutos do movimento no sul de Beirute, acentuando ainda mais o conflito que já dura décadas. 

 


‘Fome’


A palavra "fome" voltou a figurar entre as mais ditas pelo presidente, como acontecia em seu primeiro governo, como em 2003, quando foi citada 18 vezes por Lula. À época, o Programa Bolsa-Família estava prestes a ser sancionado, e o chefe do Executivo defendeu a criação de um comitê mundial contra a fome na ONU. Vinte anos depois, em 2023, “fome” apareceu cinco vezes. Neste ano, sete – a quinta palavra mais citada pelo petista nesta terça. 


 

“O problema é especialmente grave na África e na Ásia, mas também persiste em partes da América Latina. Mulheres e meninas são a maioria das pessoas em situação de fome no mundo. Pandemias, conflitos armados, eventos climáticos e subsídios agrícolas dos países ricos ampliam o alcance desse flagelo. Mas a fome não é resultado apenas de fatores externos. Ela decorre, sobretudo, de escolhas políticas”, disse Lula em seu discurso. 


O presidente afirmou que o mundo produz alimentos mais do que suficientes para erradicar a fome, mas falta criar condições de acesso aos alimentos. O chefe do Executivo ainda destacou as limitações do espaço fiscal de alguns países para conseguir fundos de investimento em saúde e educação. “Países da África tomam empréstimo a taxas até oito vezes maiores do que a Alemanha e quatro vezes maior que os Estados Unidos. É um Plano Marshall às avessas, em que os mais pobres financiam os mais ricos. Sem maior participação dos países em desenvolvimento na direção do FMI e do Banco Mundial não haverá mudança efetiva." 


Nesse contexto, a palavra "África" apareceu, neste ano, pela primeira vez entre as 30 mais ditas por Lula em seus discursos na organização internacional. Ele referenciou o continente vizinho em quatro oportunidades.


'Biocombustíveis'

 

Lula voltou a falar sobre energias renováveis, o que não acontecia desde 2007, quando o presidente citou a palavra  “biocombustíveis” pela primeira vez no debate internacional. Na ocasião, a palavra foi repetida oito vezes, e “ambiental” quatro. 

 

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Neste ano, o presidente optou por destacar o pioneirismo do país na utilização de “energia verde”. “Fizemos a opção pelos biocombustíveis há 50 anos, muito antes que a discussão sobre energias alternativas ganhasse tração. Estamos na vanguarda em outros nichos importantes como o da produção do hidrogênio verde. É hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis”, afirmou Lula. 

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