O ex-comandante-geral da Polícia Militar, coronel Rodrigo Piassi Nascimento, entregou o cargo nesta quarta-feira (25/9) disparando críticas contra o deputado estadual Sargento Rodrigues (PL), representante classista das forças de segurança dentro da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
De acordo com o comandante, o deputado é uma “ameaça” à disciplina e à hierarquia dentro da corporação.
“Peço de maneira humilde que a Mesa Diretora da Assembleia não seja conivente com o desmonte da hierarquia e disciplina militar da Polícia Militar de Minas Gerais. Infelizmente, aquele que defende os direitos dos militares estaduais se tornou uma ameaça segura ao futuro da nossa instituição”, afirmou o comandante.
As críticas foram feitas durante solenidade da passagem do cargo, que contou com a presença do governador Romeu Zema (Novo), realizada na manhã de hoje na Academia de Polícia Militar, no Prado, região Oeste da capital.
A fala do ex-comandante foi rebatida pelo presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite (MDB), e também por Rodrigues.
"Tal declaração está, certamente, entre as várias motivações que explicam a saída do ex-comandante. A troca no Comando-Geral da Polícia Militar de Minas Gerais representa, definitivamente, uma página virada. Desejamos êxito ao novo comandante, coronel Carlos Frederico Otoni Garcia. O Parlamento reafirma sua postura de independência no exercício da representatividade e harmonia na relação entre as instituições”, disse o presidente da ALMG.
Rodrigues ironizou as críticas e disse que “coronel de pijama não manda nem em casa”. “E vem querer atacar deputado”, disse Rodrigues. Para o parlamentar, as manifestações dos militares são direito constitucional. “O que ele chama de quebra de hierarquia, eu chamo de garantias e direitos fundamentais: direito de manifestação, opinião e reunião”.
O deputado lembrou que até mesmo coronéis já participaram de manifestações por direitos e lembrou que em 2016 oficiais da PM marcharam junto com a tropa em protesto contra o projeto que aumentava a contribuição dos militares à Previdência, na época em tramitação no Congresso Nacional.
Rodrigues disse que Piassi não tinha o apoio da tropa devido sua postura de alinhamento incondicional ao governo e que desde ontem circulam nos grupos de PMs uma música ironizando sua destituição do cargo. “Não se esqueça do seu nome, o pior tem nome, se chama coronel Piassi”, diz um trecho da música cantarolada em ritmo sertanejo.
Música de despedida
O coronel Carlos Frederico Otoni Garcia, que respondia pelo Gabinete Militar do Governador e pela Defesa Civil, é o novo comandante.
Alinhado com o governador, Garcia seria mais favorável às mudanças que o governo estuda para beneficiar a categoria, como pagamento de vale-refeição e de horas-extras para militares da ativa.
Zema enfrenta ainda insatisfação da tropa em função de questões salariais e pela tentativa do governo de aprovar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) o projeto de lei que aumenta as contribuições dos policiais ao Instituto de Previdência Social dos Militares e diminui a contribuição patronal.
Atritos
Durante o período em que Piassi esteve no comando da corporação, de janeiro de 2023 até hoje, ele teve vários embates com o deputado Sargento Rodrigues em função de questões ligadas à remuneração da categoria e também em função da defesa que fazia do aumento das contribuições pagas pelos militares ao Instituto de Previdência dos Servidores Militares (IPSM).
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O então comandante chegou a ser convidado pelo deputado para prestar esclarecimentos na ALMG, mas não compareceu e acabou convocado, o que tornou sua presença obrigatória no Parlamento. Ao longo do tempo em que esteve em frente à tropa, ele discordava das manifestações das forças de segurança, incluindo a PM, organizadas por Rodrigues .