O debate com candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte transmitido na noite de sábado (28/9) pela TV Record foi o primeiro após a formalização do apoio de um grupo de parlamentares e partidos de esquerda à candidatura do atual prefeito, Fuad Noman (PSD). Após o programa, os dois nomes progressistas na disputa, Duda Salabert (PDT) e Rogério Correia (PT), questionaram a aliança formada em torno do candidato à reeleição e a clamaram para as próprias campanhas.
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Em entrevista concedida logo após o fim do programa, a deputada federal afirmou que percebe um esforço de criar uma narrativa em que há uma aliança progressista em torno de Fuad, que mais uma vez não participou do debate. Duda ainda disse que não viu nenhum parlamentar de esquerda manifestar publicamente o apoio à candidatura do atual prefeito.
“Eu não sei se esse voto útil está migrando para o prefeito, não tenho percebido nas ruas e nos movimentos sociais, onde ele nunca pisou. Os votos estão vindo para nós. Com todo o respeito ao jornalismo, mas eu sou professora de Literatura e trabalhei por muito tempo análise do discurso e o que tenho percebido há um tempo é que que há um desejo de consolidar uma narratividade a respeito do voto útil que não se materializa na prática. Se você conversar com os movimentos sociais, com os partidos de esquerda e com a militância de esquerda vai ver que ela está migrando para nós. Eu não vi publicamente nenhum parlamentar, nenhuma figura pública da esquerda, nenhum movimento social declarar abertamente o voto em Fuad Noman”, disse Salabert.
Na última quinta-feira (26/9), membros do PV, Psol, PCdoB, PSB e PT realizaram um evento para o lançamento do manifesto "BH democrática, progressista e popular" em que declararam apoio a Fuad Noman na briga pela prefeitura. A leitura do documento foi feita pela deputada estadual Lohanna França (PV), vice-líder do bloco de oposição ao governador Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa (ALMG).
A união de parte do campo progressista em torno de Fuad ganhou força na última semana diante de pesquisas de intenção de voto que mostram o atual prefeito como o nome mais próximo da briga pelo segundo turno contra os deputados estaduais Bruno Engler (PL), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); e Mauro Tramonte (Republicanos), que conta com Zema em sua campanha.
Ao fim do debate, Rogério Correia também minimizou a aliança de parte do setor progressista a Fuad. Citando reiteradamente o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmando estar representando movimentos sociais, o deputado federal afirmou que a debandada de nomes do PV, que integram a federação petista, se deu por interesse em manter cargos na PBH.
“Esses deputados do PV não estavam na minha campanha em nenhum minuto. Esse foi um factoide que o prefeito quis formar com pessoas e partidos que já estavam com ele e que não quiseram largar o governo pra me apoiar porque têm secretariado e promessas de manutenção de cargos”, afirmou.