Em depoimento à Polícia Federal, nesta quarta-feira (2/10), em Brasília, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou que os episódios de assédio sexual por parte do ex-ministro Silvio Almeida tiveram início em 2022. De acordo com fontes ouvidas pelo Correio, a ministra, que depôs na condição de vítima, relatou que as investidas do ex-titular da pasta dos Direitos Humanos começaram ainda no governo de transição.
É a primeira vez que Anielle oficializa a denúncia. Ela contou que, em um primeiro momento, tentou resolver as questões diretamente com Almeida, deixando claro que não concordava nem aceitava a conduta do então colega de governo. E declarou ainda que a situação foi se escalando, com o ex-ministro se tornando cada vez mais invasivo e aumentando as investidas.
As informações do caso vieram a público após denúncias recebidas pela ONG Me Too Brasil, organização não governamental que presta apoio a vítimas de violência sexual. Além de Anielle, diversas mulheres denunciaram a postura do ex-ministro. Elas consentiram em divulgar o caso, mas pediram para não serem nomeadas. Apenas o nome de Anielle veio à público. Em depoimento, a ministra disse que as "abordagens inadequadas" ocorreram ao longo dos últimos dois anos, passando de comentários de cunho sexual até importunação física.
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Após as acusações, Silvio Almeida foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O comando do ministério foi repassado pelo chefe do Executivo para a ativista Macaé Evaristo. O presidente cumpriu a promessa que havia feito de escolher uma mulher negra para chefiar a pasta dedicada aos direitos humanos.
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Almeida nega todas as acusações e já pediu à Justiça para que a ONG apresente provas sobre as denúncias. A reportagem tentou contato com o ex-ministro, mas não obteve respostas até a publicação da matéria. Sua última manifestação nas redes sociais foi uma “nota à imprensa” informando que ele teria pedido a Lula que o demitisse para “conceder liberdade e isenção às apurações”.