Edmilson Rodrigues tenta reeleição em Belém, mas enfrenta uma rejeição de 71% -  (crédito: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

Edmilson Rodrigues tenta reeleição em Belém, mas enfrenta uma rejeição de 71%

crédito: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

BELÉM, PA (FOLHAPRESS) - O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), usa os últimos dias antes das eleições municipais para tentar criar uma onda a seu favor que possa levá-lo ao segundo turno da disputa na capital paraense.

 

 

À frente da cidade pela terceira vez, ele enfrenta rejeição e corre o risco de não passar para a segunda fase do pleito. Isso eliminaria a única capital administrada pelo PSOL - que tenta ganhar outra com a eleição de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo.

 

 

 


 

Com o apoio discreto do presidente Lula (PT), o prefeito amarga a terceira posição na corrida. O PT tem o vice na chapa, Edilson Moura, atual vice-prefeito.

 

Segundo a mais recente pesquisa Quaest, de 21 de setembro, Edmilson tem 11% das intenções de votos, atrás de Igor Normando (MDB), apoiado pelo governador Helder Barbalho (MDB), com 42%, e de Éder Mauro, um dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), com 21%.

 

De acordo com o levantamento, o candidato do PSOL acumula 74% de rejeição na capital. Seus aliados admitem que a popularidade do prefeito está em baixa, mas avaliam que ele tem conseguido reverter isso nas últimas semanas e, por isso, apostam haver chances de ele ir para o segundo turno.

 

A aversão ao integrante do PSOL é atribuída a problemas ligados à saúde e, sobretudo, a uma crise do lixo enfrentada por Belém durante sua gestão. Como mostrou a Folha, a cidade enfrenta problemas que passam pela coleta, gerando acúmulo de resíduos, e pela destinação.

 

O destino dos resíduos domésticos era inicialmente um lixão em Ananindeua, mas depois passou a ser um aterro em outra cidade vizinha, Marituba, que também já está saturada.

 

O prefeito alega que os problemas foram herdados da gestão anterior, que deveria ter trocado a empresa responsável pelo lixo e não o fez. Edmilson resolveu fazer a mudança e abriu uma licitação para contratar outra companhia. O processo, porém, foi arrastado e, enquanto isso, o lixo se acumulou por diversas áreas da capital paraense.

 

 

Agora, afirma político do PSOL, o problema está sob controle. Pessoas próximas a ele dizem que o período da pandemia de Covid o prejudicou, porque ele precisou alocar investimentos de outras áreas para a saúde. Ele próprio pegou a doença duas vezes e ficou em estado grave. Aliados também avaliam ter havido problemas de comunicação na gestão.

 

Para tentar reverter sua rejeição, Edmilson promoveu um comício nesta quarta-feira (2) em Jurunas, periferia da cidade e uma das áreas mais afetadas pelo problema dos resíduos. Num palco montado no local, alegou ter herdado os entraves e acusou uma "máfia do lixo" de tentar impedi-lo de resolver o problema antes.

 

 

"Tivemos que enfrentar movimentos odiosos. O primeiro foi a máfia do lixo. Não dá para explicar em detalhes. Ficaram desesperados e agora ficam usando imagens do passado para mostrar que Belém ainda vive a crise do lixo. Mas todos sabem como mudou a cidade", afirmou Edmilson.

 

Edmilson também lançou críticas ao governador Helder Barbalho (MDB), que já foi seu aliado. A estratégia é pedir voto contra o que chamam de fascismo, representado por um dos ícones bolsonaristas na capital, e de "projeto familiar", dos Barbalhos.

 

A presidente do PSOL, Paula Coradi, esteve no comício, empenhada em tentar eleger o único prefeito do partido. Além dela, a campanha colocou vídeos da presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), e de Lula pedindo votos para Edmilson.

 

O presidente gravou vídeo e tirou fotos com o prefeito em uma ocasião em Brasília, material amplamente usado na campanha. Mas manteve-se discreto na disputa no estado porque é aliado de Helder e não quer se indispor com o favorito a comandar a prefeitura, até porque conta com o apoio dele no futuro.

 

Por isso, o presidente não viajou à capital paraense nem fez movimento mais enérgico pró-Edmilson.

 

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O apoio ao candidato do PSOL provocou divisões no PT do Pará. Uma ala preferia apoiar o nome de Helder pela chance de vencer as eleições. O governador, segundo aliados, conversou com Edmilson e deu a ele até o final de 2023 para que conseguisse se viabilizar, o que não ocorreu. Diante do cenário, o MDB decidiu lançar um candidato.

 

Outra ala do PT, da qual faz parte o ex-senador Paulo Rocha (PA), porém, sempre esteve ao lado de Edmilson e atuou para que o partido o apoiasse. Além disso, a própria Gleisi entrou em campo para garantir a aliança em nome de um acordo com o PSOL em âmbito nacional.

 

Agora, a rejeição de Edmilson está sendo usada por Pablol Marçal (PRTB) para fustigar a campanha de Boulos em São Paulo, num movimento que o PT e o PSOL tentam evitar.

 

Na capital paraense, a estratégia dos adversários é clara: explorar a rejeição à administração do prefeito, que antes geriu Belém de 1997 a 2004.

 

O favorito a ganhar a eleição, Igor Normando (MDB), é criticado por sua falta de experiência em gestão, mas tem reagido à reclamação. "Se for para ter a experiência que ele tem, eu prefiro não ter, prefiro ficar com a que eu tenho", afirmou à Folha de S.Paulo.