Há dois anos à frente da Prefeitura de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD) começou a arquitetar sua campanha pela recondução em meados de 2024 com um objetivo bastante cristalino: tornar-se conhecido do eleitorado da capital mineira. A tentativa de sair do anonimato reflete o perfil do economista que assumiu o Executivo com uma trajetória de mais de quatro décadas de vida pública, quase integralmente vividas nos bastidores e distante dos holofotes que iluminam os palanques políticos. Aos 77 anos, ele atravessa sua primeira campanha com otimismo, mas sem esconder os efeitos das agruras de se enfrentar não apenas fortes concorrentes no pleito como o tratamento de um linfoma.
Quando questionado sobre sua biografia, Fuad responde na ponta da língua a trajetória que começou em Belo Horizonte no fim dos anos 1940. Ainda na capital mineira, ele trabalhou no bar do pai antes de começar uma longa trajetória no Planalto Central. Formou-se bacharel em ciências econômicas pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília (Ceub) e fez pós-graduação em programação econômica e execução orçamentária.
Fuad atuou como funcionário de carreira do Banco Central , diretor do Banco do Brasil e representou o Fundo Monetário Internacional como consultor no governo de Cabo Verde. Sua atividade nos bastidores do poder também começou na capital federal, quando foi secretário-executivo da Casa Civil da Presidência da República na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
O retorno a Minas se deu em uma permanência no voo tucano. Fuad foi secretário da Fazenda durante a gestão de Aécio Neves (PSDB) e seguiu no governo como secretário de Transportes e Obras Públicas de Antonio Anastasia (então no PSDB). Ainda no governo do estado, o economista exerceu as funções de secretário Extraordinário da Copa do Mundo, presidente da Gasmig e secretário de Estado Extraordinário para a Coordenação de Investimentos.
A entrada no governo municipal se deu em 2017 ao lado de Alexandre Kalil. Sua caminhada com o então prefeito iniciou no cargo de secretário Municipal de Fazenda. Em 2020, na bem-sucedida campanha de recondução do prefeito ao posto, Fuad assumiu a condição de vice. Dois anos mais tarde, Kalil deixou o cargo para concorrer ao governo estadual e o economista assumiu a mais importante cadeira da cidade.
Como prefeito, saiu para enfrentar sua primeira campanha como cabeça de chapa. “Quero que o meu canto do cisne seja fazer um trabalho para Belo Horizonte. É a cidade em que nasci, que eu amo, em que eu estudei e cresci. Quero ficar aqui até o último dia da minha vida, porque é a cidade que me dá prazer, conforto e alegria, onde meus pais estão enterrados e onde me sinto dentro de casa”, disse ao EM o atleticano Fuad.
À frente do governo, Fuad foi progressivamente se afastando de Kalil até o momento da ruptura definitiva com o apoio do ex-companheiro de chapa a Mauro Tramonte (Republicanos). O prefeito se agarrou às figuras fortes do PSD como o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, e se uniu ao União Brasil para formar a chapa com o vereador Álvaro Damião.
Pouco antes de iniciar a campanha, Fuad anunciou que passaria pelo processo enquanto tratava um câncer no sistema linfático, o que afetou, inclusive, sua aparência. A figura de Fuad, hoje reconhecida pelo belo-horizontino por causa da campanha, mantém os elementos pitorescos que o caracterizam, como o bigode, cabeça careca da testa à nuca e os indispensáveis suspensórios sobre os ombros.