Quando evidenciado o recorte de cor e raça, os brancos são maioria e somam 65% dos prefeitos eleitos em municípios mineiros -  (crédito: EBC)

Quando evidenciado o recorte de cor e raça, os brancos são maioria e somam 65% dos prefeitos eleitos em municípios mineiros

crédito: EBC

A maioria esmagadora dos prefeitos eleitos em 1° turno em Minas Gerais são homens. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), analisados pelo Núcleo de Dados do Estado de Minas, 91,96% dos municípios escolheram gestores do sexo masculino para estar à frente do Executivo nos próximos quatro anos, contra 8,04% das prefeituras que serão comandadas por mulheres.

 

Nacionalmente, as mulheres representam 15,5% do total de candidatos que se elegeram para as prefeituras.

 

 

 

Quando evidenciado o recorte de cor e raça, os brancos são maioria e somam 65% dos prefeitos eleitos em municípios mineiros. Em seguida, os pardos aparecem com 31% de representatividade. Já os pretos são 2,8% dos eleitos para chefiar as prefeituras. Os dados originam-se da autodeclaração dos próprios candidatos ao TSE.

 

 

Outra característica dos prefeitos eleitos é o nível superior completo no grau de instrução. Mais da metade concluiu o ensino superior, enquanto um quarto concluiu apenas o ensino médio, e 7,2% encerraram os estudos no ensino fundamental. Superior incompleto e ensino médio incompleto também foram considerados. Ainda segundo o TSE, cinco prefeitos eleitos apenas leem e escrevem.

 

Na última eleição municipal, em 2020, o percentual no estado mineiro era semelhante: 7,2% das prefeituras foram ocupadas por mulheres, enquanto 92,7% dos governantes eleitos eram homens. O número de autodeclarados brancos era pouco mais de quatro pontos percentuais maior que o pleito atual, atingindo 69%. Os pardos somavam 27%, e pretos, 2,4%.

 

 

Em relação ao grau de instrução, menos candidatos eleitos haviam concluído o ensino superior; 49% dos prefeitos declararam que atingiram o nível superior completo, enquanto 25% completaram o ensino médio e 9% completaram o ensino fundamental. No pleito anterior, seis candidatos eleitos somente liam e escreviam.

 

Diversidade nas eleições

 

Desde a eleição de 2022, o TSE exige que a distribuição do Fundo Especial para Financiamento de Campanhas seja proporcional ao número de candidatos pretos de cada legenda. Além disso, a mesma resolução do TSE criou uma regra que faz o voto em candidaturas negras valer o dobro, em relação às outras raças, para contabilizar a distribuição dos fundos de financiamento de campanha.

 

O tempo de propaganda eleitoral gratuita em rádio e TV também é proporcional ao número de candidaturas negras, segundo entendimento do TSE. No entanto, é permitido aos partidos remanejar esse tempo de exposição midiática dos candidatos. Portanto, se em uma semana a veiculação não for proporcional, as agremiações devem compensar esse desequilíbrio em semanas posteriores.



Quanto ao gênero, o TSE obriga que cada gênero seja representado por no máximo 70% das candidaturas. Em maio deste ano, o tribunal aprovou a Súmula 73, que trata da caracterização de fraudes à cota de gênero. Casos comprovados de fraude podem resultar na cassação do Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (Drap) e dos diplomas das eleitas e dos eleitos.

 

‘Minas é um estado conservador’

 

A doutora e pesquisadora em gênero Bruna Camilo afirma que garantir a diversidade em cargos públicos é um desafio, sobretudo em Minas Gerais. “É algo estabelecido, Minas Gerais é um estado conservador em relação aos costumes e à própria política. Não conseguimos superar o entendimento de que os homens estão mais preparados para cargos na política, estamos em passos muito lentos”, diz.

 

Para Bruna Camilo, as mulheres em papéis de destaque na política são essenciais para a promoção de políticas inclusivas às minorias. “Pesquisas já apontam que mulheres nas prefeituras e câmaras apoiam projetos mais diversos, porque a mulher é ensinada a vida inteira a ter um olhar mais diversos e voltado para a economia do cuidado, para as creches, a educação, a saúde”, aponta.

 

“Não é que os homens sejam incapazes de ter um olhar diversificado, mas eles se mantêm conservadores em pensar mais em números, em não se atentar à diversidade das secretarias, por exemplo. Não existe um avanço sobre onde as mulheres estão inseridas. A maioria está em cargos de secretarias de assistência social”, afirma.


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Bruna ainda destacou que a presença majoritária dos homens à frente dos municípios mineiros representa também um avanço do perfil político à nível estadual. “Isso vai refletir nas eleições de 2026, e não vamos superar a sub-representação de mulheres em candidaturas de alto escalão, como deputadas e senadoras. Atualmente, há apenas 18% de representatividade feminina na Câmara dos Deputados, e em Minas isso é pior”, diz.