Lula discursou por videoconferência na cúpula dos Brics -  (crédito: Reprodução/Youtube/Lula)

Lula discursou por videoconferência na cúpula dos Brics

crédito: Reprodução/Youtube/Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou pela primeira vez depois de sofrer um acidente doméstico no final de semana. O presidente brasileiro participou, por vídeoconderência na Cúpula dos Brics nesta quarta-feira (23/10). A previsão era que Lula participasse do evento presencialmente, mas a viagem a Kazan, na Rússia, teve que ser cancelada em função do acidente. 

 

 

 

Aos presidentes Vladimir Putin, Xi Jinping e outras autoridades, o chefe do Executivo brasileiro falou sobre mudanças climáticas, desigualdades e guerras.

 

 

"Quero agradecer o apoio que os membros do grupo têm estendido à presidência brasileira do G20. Seu respaldo foi fundamental para avançar em iniciativas que são cruciais para a redução das desigualdades, como a taxação de super-ricos. Nossos países implementaram nas últimas décadas políticas sociais exitosas que podem servir de exemplo para o resto do mundo", afirmou Lula.

  

"A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza já está em fase avançada de adesões. Convido todos a se somarem à iniciativa, que nasceu no G20, mas está aberta a outros participantes. O BRICS é ator incontornável no enfrentamento da mudança do clima. Não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje", acrescentou o presidente.

 


Lula também ressaltou que o futuro do planeta depende de uma ação coletiva e disse "não podemos aceitar a imposição de 'apartheids' no acesso a vacinas e medicamentos, como ocorreu na pandemia, nem no desenvolvimento da inteligência artificial, que caminha para tornar-se privilégio de poucos".


Segundo o presidente, é necessário fortalecer as capacidades tecnológicas e favorecer a adoção de marcos multilaterais não excludentes, em que a voz dos governos prevaleça sobre interesses privados.

 

Lula ainda exaltou a ex-presidente Dilma Rousseff, que hoje ocupa o cargo de presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB).  "Sob a liderança da companheira Dilma Rousseff, o NDB conta atualmente com uma carteira de quase 100 projetos e com financiamentos da ordem de 33 bilhões de dólares", citou.

 

 

Ainda nesse sentido, o presidente destacou que é chegada a hora de avançar na criação de meios de pagamento alternativos para transações entre os países. "Não se trata de substituir nossas moedas. Mas é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que almejamos se reflita no sistema financeiro internacional. Essa discussão precisa ser enfrentada com seriedade, cautela e solidez técnica, mas não pode ser mais adiada", avaliou.

 

Guerra em Gaza

 

Lula argumentou que muitos insistem em dividir o mundo entre amigos e inimigos. Mas, de acordo com o presidente, os mais vulneráveis não estão interessados em "dicotomias simplistas". "O que eles querem é comida farta, trabalho digno e escolas e hospitais públicos de acesso universal e de qualidade. É um meio ambiente sadio, sem eventos climáticos que ponham em risco sua sobrevivência. É uma vida de paz, sem armas que vitimam inocentes", pontuou.


O petista também endosou a fala do presidente turco Erdogan, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), sobre o fato de que Gaza se tornou “o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo”.

 

 

"Essa insensatez agora se alastra para a Cisjordânia e para o Líbano. Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz também é crucial no conflito entre Ucrânia e Rússia. No momento em que enfrentamos duas guerras com potencial de se tornarem globais, é fundamental resgatar nossa capacidade de trabalhar juntos em prol de objetivos comuns", discursou.