CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - Os candidatos Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB) mantiveram na noite dessa sexta-feira (25/10) o tom bélico que marcou toda a campanha de segundo turno à Prefeitura de Curitiba. Eles se encontraram no último debate na televisão antes das urnas, realizado pela RPC-TV, emissora afiliada da Globo.
Cristina começou o encontro falando que luta contra o poder político e econômico e que "uma mulher nunca foi tão atacada". "É inconcebível que a máquina seja usada para impedir que uma mulher chegue à prefeitura", disse a jornalista, que também iniciou o debate agradecendo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Pimentel, que é o atual vice-prefeito, também reclamou que é vítima de ataques da rival e voltou a falar que a candidata não tem experiência na administração pública nem propostas. "Só pauta ideológica não adianta", provocou Pimentel.
A candidata do PMB chamou o adversário de "menino bem treinadinho" e se esquivou de temas polêmicos, como o currículo do seu candidato a vice, Jairo Filho (PMB), alvo de processos judiciais por negócios com aparência de pirâmide financeira. "Não vou rebater mentiras", disse ela.
Assim como fez no debate anterior, Pimentel também abordou mais de uma vez o fato de Cristina ter se engajado contra a vacinação na época da pandemia da Covid. "A senhora admitiu que é vacinada, mas propagou desinformação sobre a vacina. Queria entender melhor isso", afirmou Pimentel.
"Jornalista que trabalha com fake news é como um motorista que anda na contramão", continuou ele.
Cristina respondeu que "nunca fui contra a vacinação" e que apenas mostrou "os riscos que estavam na bula". "Esse não é assunto para prefeito. Vacina é fornecida pelo governo federal", resumiu ela.
O candidato do PSD insistiu no tema e ironizou o fato de a rival ter anunciado a médica Raíssa Soares, conhecida como "doutora Cloroquina", como futura secretária municipal da Saúde. "Raíssa fez um belíssimo trabalho", defendeu Cristina.
Ex-secretária em Porto Seguro (BA), Raíssa Soares foi alvo do Ministério Público da Bahia por estimular o ineficaz "tratamento precoce" contra a doença.
Pimentel também lembrou que o maior doador da campanha de Cristina até aqui é o empresário bolsonarista Otavio Oscar Fakhoury, que teve o indiciamento pedido pela CPI da Covid, em 2021, por financiar divulgação de fake news. Ele contribuiu com R$ 100 mil.
A tarifa de transporte coletivo também entrou no debate. Em entrevistas no início da campanha, Cristina afirmou que uma de suas ideias seria implantar um valor de passagem proporcional ao trecho percorrido pelo usuário do ônibus. Após repercussão negativa, já que a mudança poderia prejudicar quem mora mais longe do centro da cidade, a candidata passou a explicar que ninguém pagará uma tarifa superior a R$ 6, valor cobrado hoje.
"O que vai acontecer é que o usuário vai pagar menos em trechos menores", disse ela.
O tema tem sido explorado pela campanha de Pimentel e virou bate-boca nesta sexta. Ao ser questionada sobre como pretendia reduzir a tarifa, Cristina falou que o candidato tinha "problemas de cognição".
"Respeite, candidata. Sou pai de família. Você fala de mim com deboche", rebateu Pimentel.
Os candidatos protagonizam uma campanha quente, e o resultado das urnas do primeiro turno foi acirrado. Pimentel saiu na frente, com 33,5% dos votos, contra 31,2% de Cristina.
Ambos são do campo da direita. Pimentel é mais identificado com a direita tradicional, e Cristina com a chamada "direita radical".
O candidato do PSD é um nome escolhido pelo grupo político que hoje está no poder. Pouco experimentado nas urnas - foi eleito duas vezes para vice-prefeito, apenas -, Pimentel tem fortes cabos eleitorais, como o prefeito Rafael Greca (PSD) e o governador Ratinho Junior (PSD), e concorre respaldado por uma coligação de oito partidos.
Entre as siglas aliadas, está o PL do ex-presidente Bolsonaro. Na véspera do primeiro turno, contudo, o ex-mandatário apareceu em um vídeo publicado por Cristina no qual diz que torce pela candidata, embora não possa "abrir o voto".
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No segundo turno, o ex-mandatário permaneceu em silêncio, mas aliados próximos declararam apoio a Cristina, como os deputados federais Alexandre Ramagem (PL), do Rio de Janeiro, e Ricardo Salles (Novo), de São Paulo.