Se Bruno Engler (PL) vencer a eleição neste domingo (27/10), Belo Horizonte terá o prefeito mais jovem de sua história. Aos 27 anos, o deputado estadual traz consigo a fundação do movimento Direita Minas, que começou clamando pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), ganhou tração com a ascensão de Jair Bolsonaro (PL) e ajudou a definir a nova face da política bolsonarista no estado.
Durante a campanha, Engler tentou se moldar como “moderado”, mas, nos momentos decisivos, reafirmou seu DNA bolsonarista. Organizou motociata em homenagem ao padrinho político, manteve-se leal às alianças e não hesitou em atacar seu principal oponente, o prefeito Fuad Noman (PSD). Se a vitória se concretizar, será celebrada como o triunfo do “novo, do jovem, do diferente”, palavras que o próprio Engler usou em entrevista ao Estado de Minas.
Nascido em Curitiba, Engler bateu recordes ao se tornar o deputado estadual mais votado da história de Minas Gerais. Foram 637.412 votos. A parceria com Nikolas Ferreira (PL), deputado federal com mais votos no Brasil em 2020 e seu ex-assessor parlamentar, consolidou uma amizade política que já havia rendido frutos.
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Foi Engler quem lançou Nikolas na vida pública, ao impulsioná-lo como vereador em 2018. Juntos, eles formaram dupla improvável, mas poderosa, que surpreendeu nas urnas. Nikolas foi o segundo mais votado em Belo Horizonte, enquanto Engler, antes subestimado, alcançou o segundo lugar na disputa pela prefeitura, perdendo apenas para Alexandre Kalil, eleito no primeiro turno.
Além de Nikolas, Engler foi o “homem por trás das cortinas” de outros integrantes do movimento Direita Minas, como o deputado federal Cabo Junio Amaral (PL), o vereador eleito Vile (PL) e Pablo Almeida (PL), o vereador eleito mais votado da história de BH. O senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), hoje visto como possível candidato ao governo de Minas em 2026 pelo PL, também faz parte dessa rede de alianças. Quando questionado sobre sua maneira de fazer política, Engler é direto: “Tenho relação de confiança com os que me cercam”.
Embora não seja natural de BH, o deputado tem conexão pessoal com a cidade, construída em visitas à casa da avó, que ele descreve como momentos “doces” de sua infância. Hoje morador do Bairro Serra, a mudança definitiva para BH ocorreu na adolescência, quando estudou em escolas tradicionais da capital.
Foi nos corredores do Colégio Marista Dom Silvério e do Colégio Santo Antônio que Engler começou a se interessar por política, aos 17 anos, destacando-se em disciplinas como história e filosofia, mas admitindo que “escorregava” em exatas. Formou-se no ensino médio no Colégio Sagrado Coração de Maria. Recentemente, uma colega de sala viralizou ao lembrar que ele era “um menino do fundão que só falava bobagem”.
Como parlamentar, Engler é autor de seis leis, como a que proíbe tomadas elétricas em presídios e a que congela o IPVA. Sua atuação na Assembleia Legislativa é marcada pelo conservadorismo, com momentos polêmicos, como sua postura crítica à vacinação contra COVID e apoio a pautas da extrema direita. Na campanha, porém, Engler tentou suavizar o discurso, apresentando-se como moderado e destacando propostas que, segundo ele, são inclusivas, sem distinção de “raça, gênero ou sexualidade”.
Entretanto, seu histórico de faltas no Legislativo pesa contra sua imagem. Em 2023, Engler faltou a 55,14% das reuniões do plenário, segundo dados divulgados pelo site Brasil de Fato. Entre as sessões em que não compareceu, estão discussões importantes, como a criação de um programa de prevenção ao câncer de intestino e uma proposta de proteção ao consumidor.
BOLSONARO
A trajetória política levou Engler ao círculo íntimo de Jair Bolsonaro, seu grande ídolo. E, por isso, ele não esconde sua fidelidade ao ex-presidente. “Político precisa ter grupo, lado. Sou um cara de direita e estou com o melhor grupo político de Minas e o grande líder da direita no Brasil, Bolsonaro”, afirmou em comício. Seu perfil nas redes é um verdadeiro altar ao ex-presidente, com postagens que exaltam o patriotismo em tons verde e amarelo. Não por acaso, o líder da extrema direita esteve em BH duas vezes durante a campanha de Engler, reforçando sua candidatura com comícios e motociatas.
Graduando-se em Gestão Pública pela Anhanguera, Engler também se define como “atleticano fervoroso”. Durante a campanha, não escapou de pedidos de fotos e provocações de torcedores na Arena MRV. Suas propostas para BH são descritas por ele como “ambiciosas”: quer criar salas sensoriais para alunos com transtorno do espectro autista, ampliar a atuação da Guarda Municipal em escolas e postos de saúde e implantar o modelo cívico-militar nas escolas municipais. Também defende a descentralização administrativa, com subprefeituras nas nove regionais, e promete encontros semanais com associações de moradores.
No carnaval, apesar de não ser folião, compromete-se a manter os investimentos. E ainda propõe a remoção da ciclovia na Avenida Afonso Pena, como símbolo de sua intenção de “reocupar o Centro da cidade”. Fato é que Bruno Engler oscila entre jovem líder de uma nova geração bolsonarista e político que tenta suavizar seu discurso para alcançar uma pluralidade de eleitores. Segundo integrantes da campanha bolsonarista, um dos principais desafios foi conquistar o voto feminino. Foi nesse contexto que a escolha de sua vice, Coronel Cláudia Romualdo (PL), se mostrou estratégica.
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Cláudia Romualdo entrou para a Polícia Militar de Minas Gerais em 1986, pouco antes de completar 18 anos. Iniciou sua trajetória no curso de formação de sargentos, serviu e comandou batalhões em Belo Horizonte e em outras cidades do estado. Em 2011, foi promovida a coronel, a patente mais alta da Polícia Militar. Dois anos depois, fez história ao se tornar a primeira mulher a assumir o Comando de Policiamento da Capital (CPC). Encerrou sua carreira militar em 2015.