Prefeito de Belo Horizonte virou a eleição contra Bruno Engler no segundo turno -  (crédito: Jair Amaral/Em/D.A Press)

Prefeito de Belo Horizonte virou a eleição contra Bruno Engler no segundo turno

crédito: Jair Amaral/Em/D.A Press

O prefeito Fuad Noman (PSD) foi reeleito para comandar Belo Horizonte por mais quatro anos. Com 100% das urnas apuradas na noite deste domingo (27/10), o candidato do PSD teve 53,73% contra 46,27% de Bruno Engler (PL). Aos 77 anos, ele é o prefeito mais velho já eleito na capital mineira.

 

 

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No primeiro turno, o prefeito de BH havia ficado em segundo lugar com 26,54%, totalizando 336.442 eleitores, número que foi duplicado com o apoio de 670.574 belo-horizontinos. Engler foi o primeiro colocado com 34,38% dos válidos na primeira volta, cerca de 435 mil votos, marca que agora chegou a 577.537 votos.

 

 

Em seu primeiro discurso, Fuad agradeceu o apoio e disse que vai continuar governando para todos os "belo-horizontinos". O candidato também valorizou sua experiência enquanto administrador, tom que foi adotado durante toda a campanha na defesa da continuidade do seu projeto como prefeito.

 

“Como afirmei e reafirmei em minha campanha, Belo Horizonte com amor é muito melhor. Foi a vitória do trabalho, do amor, da verdade e do bom senso. A vitória de quem se dedica a 55 anos ao serviço público e até hoje a servir as pessoas. A vitória de quem trabalhou incansavelmente nos últimos dois anos e meio em que tive sentado na cadeira de prefeito. Mesmo passando por um longo e doloroso tratamento de saúde, não faltei a um único dia de trabalho”, completou.

 

Fuad abriu a campanha desconhecido por quase 80% dos belo-horizontinos e precisava, antes de tornar o seu nome viável nas urnas, a reverter esse número. Hoje, a imagem de um senhor com uma calvície ornada com cabelos laterais, bigode e inseparáveis suspensórios é rapidamente associada ao comando da cidade.


Apuração do 2º turno das eleições em Belo Horizonte e no Brasil

 

O atual prefeito assumiu a mais importante cadeira da capital em meados de 2022, quando Alexandre Kalil deixou o cargo para concorrer ao governo de Minas Gerais, em malograda corrida contra o atual governador Romeu Zema (Novo). Naquele momento, Fuad começava seu afastamento do antigo companheiro de chapa e eram construídas alianças hoje reatadas neste segundo turno, como a com os partidos de centro-esquerda, em especial o PT.

 

 

Bacharel em Ciências Econômicas pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília (Ceub) e pós-graduado em programação econômica e execução orçamentária, Fuad foi funcionário de carreira do Banco Central e do Banco do Brasil. Passou a ocupar cargos públicos ao ser chamado para a função de secretário-executivo da Casa Civil da Presidência da República na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), eleito em 1994. Ainda no exercício de cargos por trás dos holofotes da política eleitoral, ele foi consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI) no governo de Cabo Verde.

 

O retorno a Minas Gerais, após longa jornada no Planalto Central e passagem pela África insular, se deu a partir do pouso tucano no governo estadual. No primeiro governo de Aécio Neves (PSDB), em 2003/2006, e no de Antonio Anastasia (então no PSDB), em 2010/2014, Fuad Noman chefiou as secretarias de Fazenda, de Transporte e Obras Públicas e a Extraordinária da Copa do Mundo de 2014.

 

 

O ingresso na Prefeitura de Belo Horizonte veio junto de Kalil. Em 2017, primeiro ano do ex-correligionário no comando da cidade, Fuad começou como secretário municipal de Fazenda. Quatro anos mais tarde, ele seguiria no número 1.212 da Avenida Afonso Pena, mas já na condição de vice-prefeito. Entrou na campanha já sem o apoio de Kalil, que preferiu se aliar a Mauro Tramonte (Republicanos) e adotar uma estratégia beligerante de ataques a seu sucessor.

 

A gestão atual na prefeitura foi o principal alvo dos adversários. Embora se mostrasse perceptivelmente incomodado com as críticas recebidas, a postura oficial da campanha do pessedista apostou em não entrar em confrontos.

 

Mais do que não contra-atacar, Fuad preferiu evitar oportunidades diante da imprensa e de seus concorrentes. No primeiro turno, foi a apenas três debates. Nesta segunda etapa da campanha, compareceu apenas aos dois últimos, transmitidos pela rádio Itatiaia e pela TV Globo, e desmarcou sabatinas com jornalistas.

 

À frente nas pesquisas de intenção de voto, o prefeito atravessou a campanha de segundo turno como favorito também ao angariar mais apoios que seu adversário, preso ao ímã da extrema direita bolsonarista representada por PL, PP e parte do Republicanos. Já na reta final, Fuad comemorou a remissão de um linfoma não Hodgkin, que o obrigou a aliar os compromissos eleitorais, de prefeito e do tratamento oncológico nos últimos meses.

 

Dizendo-se revigorado, animado e até mesmo já saudoso de sua experiência de estreia em campanhas eleitorais, o prefeito viveu na semana derradeira o momento mais agressivo de uma disputa até então relativamente morna na capital mineira.

 

Além da atuação nos bastidores, e agora no palco principal, da política, Fuad é autor de três livros, “Marcas do passado”, “O amargo e o doce” e “Cobiça”. Este último ganhou destaque na reta final da campanha. A obra tem trechos eróticos e passagens que narram episódio de violência sexual contra uma adolescente. Esses pontos caíram na graça de Engler e seus apoiadores, em especial o deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que inundaram as redes sociais com materiais que deixam em absoluta evidência as partes do livro pretensamente censuráveis com uma notória ignorância da distinção entre literatura e sugestão.

 

Mas os ataques do adversário não foram suficientes para derrotar Fuad no segundo turno. Ele vai comandar BH por mais quatro anos e, como repetiu ao longo de toda a campanha, tem o objetivo de terminar as muitas obras que iniciou.

 

(Com Vinícius Prates e Alessandra Mello)