Engler e sua candidata a vice, Coronel Cláudia (PL), em discurso após a apuração das urnas -  (crédito: Ramon Lisboa/EM/D.A. Press)

Engler e sua candidata a vice, Coronel Cláudia (PL), em discurso após a apuração das urnas

crédito: Ramon Lisboa/EM/D.A. Press

Bruno Engler (PL) terminou sua empreitada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) da mesma forma como começou, ladeado pela ala bolsonarista do PL da capital mineira. Após terminar o primeiro turno na primeira colocação com 435.853 votos ante 336.442 do atual prefeito Fuad Noman (PSD), o deputado estadual viu o rival quase dobrar seus eleitores entre os pleitos e se reeleger com 53,73% dos votos válidos neste domingo (27/10).


A vantagem de quase 100 mil votos do bolsonarista na primeira votação praticamente se inverteu com Fuad terminando à frente com cerca de 93 mil eleitores a mais. Engler convocou imprensa e militância para acompanhar a apuração dos votos em seu comitê de campanha na Regional Barreiro. O candidato derrotado só chegou ao local com mais de 80% das urnas apuradas para uma entrevista coletiva e o discurso de encerramento de campanha.


 

Em sua fala, o bolsonarista, embora visivelmente abatido, disse que sai da campanha com a cabeça erguida e reiterou seu tom de campanha ao apresentar Fuad como o representante de um sistema político corrupto ao qual preferiu não se aliar. Mesmo se apontando como um expoente antissistema, Engler lamentou não ter contado com apoios de candidatos derrotados no primeiro turno com votação expressiva.


“Tive 100 mil votos a mais no primeiro turno, mas automaticamente os votos do PT e de Duda Salabert (PDT) iriam para o Fuad. Então, a gente já começou o segundo turno atrás. Isso era uma realidade. A gente estendeu a mão, tentou construir com o Gabriel e com o Mauro, mas por motivos políticos eles não quiseram vir. É direito deles, cada um pode escolher quem apoiar ou não. Infelizmente a gente não conseguiu promover a mudança que a gente queria em BH”, disse Engler.


O deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) e o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (MDB), terminaram o primeiro turno na terceira e quarta colocações, respectivamente, com mais de 326 mil votos somados. Ambos decidiram manter a neutralidade para a segunda votação.


Na quinta e sexta posições do segundo turno apareceram os colegas de Câmara dos Deputados Duda Salabert (PDT) e Rogério Correia (PT) que tiveram mais de 152 mil votos somados. Mesmo com a campanha de ambos elencando ataques pesados ao atual prefeito, eles anunciaram apoio a Fuad no segundo turno.



Apoios valorizados, mas ausentes


Logo no primeiro momento aos microfones, Engler agradeceu os apoios recebidos ao longo da campanha. Em um palanque com apoiadores às dezenas, duas ausências foram tão impactantes quanto os que ladearam o parlamentar: o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos). 



Nikolas e Cleitinho, além do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foram os principais cabos eleitorais de Engler ao longo de toda a campanha. Com grande influência nas redes sociais, os parlamentares despontam como os políticos mais populares da extrema direita mineira, mas, a despeito de terem acompanhado o deputado estadual ao longo de toda a campanha, não estiveram junto do candidato no discurso de derrota.


“A gente segue empenhado, fizemos uma campanha muito bonita, mobilizamos muita gente e mostramos que a direita tem voz em Belo Horizonte. O mundo não acaba depois de uma eleição. A gente segue empenhado em defesa dos nossos valores, agradecemos a Deus pela oportunidade, a cada um dos belo-horizontinos que nos confiou seu voto, às lideranças que nos apoiaram, Nikolas, Cleitinho e, principalmente, o (Jair) Bolsonaro dentre tantos outros. Alguns estão aqui neste momento, outros não, mas muita gente nos ajudou ao longo dessa caminhada. Hoje eu e a Coronel Cláudia (PL) vamos deitar a cabeça no travesseiro com o sentimento de dever cumprido, de que a gente fez tudo que estava ao nosso alcance e com a consciência tranquila”, disse o deputado.


O comitê do PL no Barreiro encheu-se rapidamente após o fechamento das urnas. Com dois televisores disponibilizados para os apoiadores acompanharem o andamento das apurações no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o clima foi paulatinamente esfriando à medida que o total de urnas avaliadas aumentava e a vantagem de Fuad Noman se mantinha na casa dos cinco pontos percentuais. Mesmo com a frustração flagrante no ar, a derrota foi recebida com resignação e sem revolta.


A reportagem entrou em contato com assessores da campanha de Engler, além de políticos próximos ao candidato e a Nikolas Ferreira, para consultar sobre a ausência do deputado federal. Nenhuma justificativa foi apresentada até o fechamento desta matéria.





Promessa de fiscalização


Além da manutenção do discurso antissistema, outro contraponto feito por Engler para amenizar a derrota foi feito ao salientar que o PL conseguiu formar a maior bancada partidária na Câmara Municipal de Belo Horizonte a partir da próxima legislatura. A legenda que hoje abriga Bolsonaro e a maior parte de seus seguidores terá seis vereadores no Legislativo da capital mineira.


Bruno Engler destacou que estará à disposição dos vereadores para fiscalizar Fuad em seu novo mandato à frente da capital. “São pessoas de confiança. Vamos trabalhar juntos para garantir uma fiscalização rigorosa, queremos passar um pente-fino na Prefeitura de BH”.


Apadrinhado por Jair Bolsonaro (PL), o deputado voltou a criticar, como fez durante toda a campanha, o processo de renovação do contrato de ônibus da capital, que ficará a cargo de Noman. Engler acusou o prefeito de ter relações suspeitas com o que chamou de “máfia dos transportes”.


“Esse contrato não pode atender aos interesses dos empresários de ônibus. Queremos uma fiscalização para evitar absurdos como o que vimos na feira internacional de quadrinhos, onde conteúdos impróprios foram apresentados para crianças”, afirmou. “Confio nos nossos seis vereadores para fiscalizar o prefeito, e estarei ao lado deles em tudo que for necessário”, completou.