Com a reeleição do prefeito Fuad Noman (PSD) no domingo, as atenções se voltam agora para a Câmara Municipal, que promete ser uma das mais acirradas dos últimos anos. Nos bastidores, articulações para a nova Mesa Diretora já aquecem os ânimos.
Durante o discurso de vitória, o chefe do Executivo municipal foi acompanhado por vereadores de seu grupo, que o cercavam quase como uma guarda pessoal em meio à celebração. Em contraponto, o deputado estadual Bruno Engler (PL), ao reconhecer a derrota, destacou que terá uma bancada robusta para fiscalizar cada movimento da nova gestão. Nos corredores, a disputa pela Mesa Diretora já dominava as conversas.
Para 2025, cinco grupos principais devem dividir forças na Câmara. Como na legislatura atual, a rivalidade será intensa entre os blocos ligados ao secretário da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), e ao vereador Gabriel Azevedo (MDB). Porém, desde ontem, segunda-feira (29/10), o grupo controlado pelo secretário vem levando a melhor.
Fuad Noman articula uma base governista com aliados de esquerda progressista, também fragmentada. O PL, com seis vereadores eleitos devem migrar para o grupo de Marcelo Aro, incluindo Cláudio Mundo Novo, que já faz parte dessa ala.
No caso da Câmara, os grupos políticos são diferentes das articulações para a Mesa Diretora. Podem ocorrer articulações, mas as alas se mantêm independentes.
Família Aro
A chamada família Aro mantém a maior bancada na Câmara, com dez cadeiras. Além do vereador do PL, o grupo inclui os reeleitos Juliano Lopes (Podemos), José Ferreira (Podemos), Professora Marli (PP), Flávia Borja (DC), e os novos eleitos Lucas Ganem (Podemos), Tileléo (PP) e Neném da Farmácia (Mobiliza). Marilda Portela (PL), reeleita, ex-integrante do Cidadania e ex-alinhada a Fuad Noman, também deve se unir ao grupo, assim como Juninho Los Hermanos (Avante), em negociação para ingressar na bancada.
Ontem, alguns nomes do PL estiveram com Aro e fizeram um vídeo apoiando o nome indicado pelo secretário para mesa diretora, que é o do vereador Professor Juliano Lopes.
O grupo de Gabriel Azevedo deve ter entre quatro e sete cadeiras, incluindo Cleiton Xavier (MDB), Loíde Gonçalves (MDB), Irlan Melo (Republicanos) e Osvaldo Lopes (Republicanos). Apesar de Gabriel ter apoio dentro do Republicanos, o vereador Bispo Arruda, também eleito pelo partido, adota uma postura independente, alinhado à Igreja Universal.
Gabriel deixa a presidência da Câmara em 2025 depois de perder as eleições majoritárias. Ele agora mira a bancada do Novo, composta por Braulio Lara, Marcela Trópia e Fernanda Pereira Altoé, vistos como aliados próximos. Gabriel, inclusive, doou R$10 mil para a campanha de Marcela Trópia, mas, apesar de seus esforços, é provável que o grupo mantenha sua lealdade a Marcelo Aro. A vereadora negou à reportagem rumores de que poderia ser indicada para a mesa diretora pelo grupo de Gabriel.
Esquerda
Enquanto isso, a esquerda progressista ampliou sua representação de cinco para oito cadeiras, com os reeleitos Bruno Pedralva (PT), Pedro Patrus (PT), Cida Falabella (Psol) e Iza Lourença (Psol), somando-se aos novatos Luiza Dulci (PT), Juhlia Santos (Psol), Pedro Rousseff (PT) e Edmar Branco (PCdoB). No entanto, o PT enfrenta desafios internos, com Pedro Rousseff, sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff, mantendo-se independente, depois de participar ativamente da campanha de Fuad Noman.
“Minha única demanda é que o PL não faça parte da mesa. Fora isso, todos podem participar”, disse Rousseff ao Estado de Minas. Ele reforçou que deve se manter distante dos bolsonaristas na Câmara. Para a eleição da mesa, o grupo progressista deve apoiar o prefeito. Cida Falabella (Psol) está, inclusive, cotada para uma secretaria voltada à cultura na futura administração de Fuad.
Há também a possibilidade do grupo migrar para o lado de Aro. Neste caso, a briga seria entre PT e PL e ficaria nas mãos do secretário decidir qual ala tem mais força.
Base
O prefeito reeleito já conta com nove vereadores em sua base, entre eles Wagner Ferreira (PV), Bruno Miranda (PDT), Wanderley Porto (PRD), Helinho (PSD), Helton Jr. (PSD), Janaina Cardoso (União), Maninho Felix (PSD), Rudson Paixão (Solidariedade), Dra. Michelle (PRD), Sanches (Solidariedade) e Leonardo Angelo (Cidadania).
Em declaração à reportagem, Helton Jr. afirmou que o PSD se unirá em torno de um nome para a presidência da Câmara: “Queremos um presidente que compreenda a pluralidade da Casa, sem agir como extensão do Executivo, mas que facilite o trabalho do prefeito e escute todas as vozes”, ressaltou.
Alguns nomes destes grupo, também se comprometeram com Aro para mesa diretora. São eles: Rudson Paixão, Sanches, Wagner Ferreira e Wanderley Porto.
Direita
A bancada do PL, fortemente influenciada pelo deputado federal por Nikolas Ferreira e por Bruno Engler, é a que mais cresceu, alcançando seis cadeiras para 2025. Além de reeleger Cláudio do Mundo Novo e Marilda Portela, ambos alinhados a Aro, o partido elegeu Pablo Almeida, Vile dos Santos, Uner Augusto e Sargento Jalyson, ligados a uma linha mais ideológica bolsonarista. Em entrevista, Vile declarou: “Vejo uma Câmara conservadora. A direita venceu no Brasil. Teremos uma oposição ferrenha ao prefeito Fuad.”
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Já Pablo Almeida, vereador mais votado da história de Belo Horizonte, disse: “(O grupo estará) “conversando com todos os vereadores e lideranças da cidade, procurando um projeto que nos possibilite fazer avançar as pautas para as quais fomos eleitos. Somos uma bancada independente, liderada pelo deputado Nikolas e tomaremos a melhor decisão dentro do que espera nosso eleitor”.
Marcelo Aro reuniu com alguns vereadores eleitos na noite de segunda-feira (28/10) para discutir a eleição da Mesa Diretora. O nome indicado por Aro é o de Juliano Lopes, reforçando a aliança para a próxima legislatura. Até o momento, o secretário compõe o maior articulação quando o assunto é a mesa diretora.