O debate entre os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), promovido pela rádio Itatiaia na manhã desta terça-feira (1°/10), foi marcado pela presença do prefeito Fuad Noman (PSD), que havia faltado aos debates anteriores, e críticas direcionadas à sua gestão. Candidato à reeleição, Fuad foi alvo de ataques de seus adversários ao longo de todos os blocos, recebendo tanto críticas diretas quanto veladas.
O deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) também foi alvo de críticas durante o debate. Os candidatos questionaram sua baixa presença na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e criticaram suas propostas, classificadas como "simplistas" e "genéricas".
Este é o penúltimo debate antes do 1º turno das eleições municipais, que ocorre no próximo domingo (6/10). Os principais temas abordados pelos candidatos foram transporte público e saúde, além de assistência social, meio ambiente e plano diretor.
Para o primeiro bloco, os candidatos podiam escolher o tema de sua preferência para elaborar a pergunta. Os sete candidatos com representação no Congresso Nacional foram convidados: Bruno Engler (PL), Carlos Viana (Podemos), Duda Salabert (PDT), Fuad Noman (PSD), Gabriel Azevedo (MDB), Mauro Tramonte (Republicanos) e Rogério Correia (PT).
Críticas marcam primeiro bloco
Na primeira rodada de perguntas, Mauro Tramonte questionou Duda Salabert sobre o subsídio às empresas de transporte público e as expectativas de melhorias. Tramonte criticou o aporte de quase R$ 1 bilhão a essas empresas sem melhorias visíveis, sugerindo que o prefeito Fuad Noman estaria sendo financiado por empresários do setor. "Está registrado no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) que o prefeito Fuad tem o aporte de empresários do transporte público. Você acha que o transporte tem chance de melhorar do jeito que está?", questionou Tramonte.
Duda respondeu defendendo suas propostas para mobilidade urbana, como a revisão de contratos, a criação de faixas exclusivas e a implementação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de também criticar a gestão atual.
Em réplica, Tramonte propôs que o subsídio fosse utilizado para renovar a frota de ônibus, destacando a necessidade de melhorias nos transportes para as vilas e favelas. "Não é só bairro bom que tem que ter ônibus bom para andar", disse. Duda, ao respondê-lo, considerou as propostas de Tramonte "simplistas", afirmando que a mobilidade vai além do transporte coletivo.
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Em seguida, Duda e Gabriel Azevedo debateram propostas para os taxistas, defendendo a criação de faixas exclusivas e pontos de apoio para motoristas de aplicativos. "A burocracia da Prefeitura de Belo Horizonte para vida do taxista é infernal. A questão da fiscalização em cima deles é um estorvo na vida de todos. Precisamos garantir faixas exclusivas para os taxistas terem prioridade no deslocamento em relação à outros veículos", disse Gabriel Azevedo.
Duda replicou afirmando que a prefeitura gasta R$ 50 milhões por anos em motoristas terceirizados e disse que, se eleita, irá "acabar com essa farra".
Na terceira rodada de perguntas, Gabriel Azevedo e Carlos Viana criticaram Mauro Tramonte por trabalhar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) enquanto mantinha um programa de televisão.
Em seguida, o candidato destacou que, apesar das críticas, é importante reconhecer os méritos dos adversários, elogiando o senador licenciado Carlos Viana por ter conseguido recursos para a obra do metrô. No entanto, aproveitou o momento para questionar a demora nos investimentos na capital. "Quem estava por trás disso? As empresas de ônibus. Durante 30 anos, elas impediram os investimentos no metrô", afirmou Viana. Gabriel reforçou as críticas, alegando que Fuad "governa em favor dos empresários".
Em tom de ironia, Rogério Correia provocou Fuad sobre sua ausência nos debates anteriores, emendando críticas a Bruno Engler e Mauro Tramonte. Correia também acusou o prefeito de mentir sobre a criação de uma "Super Emei" e questionou o financiamento de sua campanha por empresários do setor de transporte.
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"Você anda meio sumido, meio ausente. Estávamos com saudades de você. Está parecendo o Engler e o Tramonte, que não aparecem na Assembleia", disse Rogério Correia. Fuad respondeu sobre a Emei, afirmando que era uma escola integral e de modelo de referência, mas evitou comentar sobre os empresários de ônibus neste momento.
"Estamos falando de um jantar de adesão feito por empresários de ônibus de BH que reconheceram no meu trabalho a necessidade de continuar servindo a cidade. Dos 90 convites, cinto ou sete foram vendidos para empresários de ônibus. Isso representa só R$ 35 mil registrados. Tudo dentro da lei. Não tem nenhum problema estar financiando. Olhe sua campanha quanto está custando? Isso é discussão eleitoreira", disse Fuad.
Em outra troca, Fuad e Bruno Engler debateram a continuidade de políticas públicas para grupos vulneráveis. Engler disse que daria continuidade aos programas, mas criticou a demora na execução das propostas. "Programa que merece ser continuado. Poderia ter feito antes. Você diz que teve pouco tempo, mas você teve dois anos e meio", afirmou. "Precisamos de mais atenção e carinho com as pessoas mais necessitadas. Nada contra seu programa, vamos dar continuidade", completou.
Fuad, em réplica, criticou a falta de experiência de Engler no Executivo. "Tenho dois anos e meio de governo, mas tenho 55 anos de experiência. O senhor tem zero. O senhor nunca geriu nada. Eu tenho história, o senhor não, o senhor tem o que falar", disse. "Fala muito e entrega pouco. Em dois anos e meio teve muito gogó e pouco resultado", rebateu Engler.
Na sequência, Engler e Tramonte debateram o plano diretor da cidade, destacando que caberá ao próximo prefeito propor alterações no projeto a partir de 2027. "Essa mudança (no último plano diretor) foi feita pelo seu padrinho, pelo Kalil, juntamente com a Maria Caldas. Você entende que o Kalil errou?", perguntou.
Tramonte esquivou da pergunta. "Se o Kalil errou é problema dele. O que interessa é que eu vou fazer. Se a Maria Caldas passou um problema para todo mundo não é problema meu. O meu problema vai ser fazer esse Plano Diretor ser aceitável para todos", respondeu.
Mais ataques
O segundo bloco entre os candidatos ainda foi marcado por ataques e debate de propostas. Temas como educação, saúde, segurança pública e mudanças climáticas foram destaque, com cada candidato apresentando suas visões e, em alguns casos, criticando os adversários.
Gabriel foi direto ao atacar o atual prefeito Fuad Noman, questionando sua relação com empresários. "Você não só admitiu que recebeu a grana dos empresários, mas também admitiu que jantou com eles. É o candidato da máfia dos transportes", provocou Gabriel. Em resposta, Fuad destacou as melhorias que a cidade tem vivenciado e classificou as críticas sobre as mudanças em seu secretariado como "bobagem".
O tema da saúde também dominou as discussões. "Cadê os profissionais que você contratou? As mães reclamam que vão nas UPAs e não tem médico", disparou.
Fuad se defendeu, afirmando que sua gestão é reconhecida pelo melhor acesso à saúde na capital e que os recursos estão sendo aplicados corretamente.
Tramonte, por outro lado, criticou a saída de pediatras da saúde pública e desafiou Fuad: "Qual foi a última vez que você foi em uma UPA de madrugada?", questionou.
A segurança pública em Belo Horizonte foi trazida à tona por Tramonte, que questionou Rogério Correia sobre seus projetos para a área. Correia defendeu a valorização da categoria. "Quero valorizá-los, já tenho esse compromisso em Brasília", afirmou.
Depois de Tramonte apresentar também as suas propostas, Correia foi crítico. "Suas ideias não são ruins, mas sempre genéricas. Para isso, você vai ter que trabalhar, coisa que você e Engler não fizeram na Assembleia", provocou.
Rogério Correia e Duda fizeram uma dobradinha para criticar a gestão do atual prefeito na área ambiental. Na ocasião, os candidatos discutiram a questão das enchentes e a preparação da cidade para enfrentar a crise climática. "BH não está preparada para enfrentar a crise climática, principalmente na questão orçamentária", afirmou Duda, ressaltando a necessidade de ampliar o orçamento para essa área e arborizar a capital mineira.
No segundo bloco, o prefeito Fuad também teve um pedido de direito de resposta deferido e afirmou que o projeto que concedeu subsídios às empresas foi discutido e aprovado pela CMBH, rebatendo as críticas de Gabriel Azevedo.
“O candidato toda hora fica falando de máfia, ele precisa entender que o projeto que foi aprovado na Câmara foi contribuição dele. (...) Minha vida é absolutamente limpa, não tem nada duvidoso na minha vida, que é limpa e aberta. Não posso aceitar que um candidato chegue aqui e fale que eu faça parte de uma máfia. Falar de máfia é conversa fiada, de papo eleitoral, e eu não posso aceitar”, afirmou Fuad.
Terceiro e quarto blocos
O terceiro bloco foi destinado à resposta dos candidatos a perguntas enviadas pela população, não tendo confronto entre os candidatos. No bloco, responderam sobre transporte público e educação; impostos; pessoas em situação de rua; enchentes; Lagoa da Pampulha; mobilidade urbana e segurança pública.
No quarto bloco, o confronto entre os candidatos esquentou novamente, com destaque para a troca de farpas entre Carlos Viana e Mauro Tramonte. Viana criticou Tramonte, mais uma vez questionando sua atuação simultânea como apresentador e deputado estadual, ironizando-o ao chamá-lo de "The Flash" e acusando suas propostas para Belo Horizonte de serem superficiais.
Tramonte respondeu afirmando que Viana o atacava por ter tentado, sem sucesso, tomar seu programa de televisão. "Queria pegar o meu programa de televisão, mas não conseguiu", disparou Tramonte.
Em resposta, Viana negou qualquer interesse em voltar ao jornalismo, afirmando que só apresentou o programa temporariamente até a chegada de Tramonte. "Eu saí porque quis, não queria o programa de ninguém", retrucou Viana. Tramonte finalizou o embate com uma provocação: "Balanço Geral o senhor não vai ter". Temas como o Aeroporto Carlos Prates, trânsito e saúde pública também foram debatidos.
Considerações do debate
"Ataque desproporcional", avaliou Fuad Noman sobre o debate. O prefeito criticou as acusações que considerou infundadas e atribuiu esse comportamento ao "desespero" dos adversários, que estariam atrás nas pesquisas a poucos dias da eleição. "O desespero acaba tomando conta de alguns candidatos e eles acabam falando, falando, falando e não dizem nada".
Ao comentar sua ausência nos outros debates, Fuad foi sucinto e disse: "Eu estive ausentei porque eu faltei".
Engler avaliou de forma positiva o debate, destacando a presença do prefeito Fuad Noman, que havia se ausentado de debates anteriores. Para Engler, a ausência de Fuad era uma tentativa de evitar defender o que ele considera uma "gestão desastrosa e inexplicável".
A presença de Fuad Noman também foi comentada por Gabriel, que fez questão de criticar a participação do prefeito no debate. "Finalmente o fujão apareceu e teve que responder a fatos. Ele é o candidato escolhido pela máfia dos ônibus desta cidade", afirmou. Gabriel destacou que sua candidatura é sólida e não uma “aventura”, criticando Mauro Tramonte, que, segundo ele, está mais preocupado em ser apresentador de televisão. “Uma espécie de Datena aqui da capital mineira”, comentou.
Já Duda Salabert afirmou que tem total convicção de que pode chegar ao segundo turno, destacando que é a única opção progressista com chance de avançar nas eleições. Ela enfatizou a importância de enfrentar os problemas estruturais da cidade com coragem, em vez de permitir que a eleição seja marcada pelo que chamou de “medo”.
Rogério Correia avaliou o debate como positivo e acredita que ajudará eleitores indecisos a definirem o seu voto. Ele se posicionou como o candidato progressista de esquerda capaz de enfrentar a extrema direita, afirmando que há a possibilidade de um candidato desse campo avançar para o segundo turno.
Viana destacou sua experiência e conhecimento sobre Belo Horizonte, enfatizando que é fundamental apresentar soluções concretas aos eleitores nesta reta final. Ele criticou os adversários por comentários vazios, defendendo que tem propostas reais para a capital. Em relação ao confronto com Mauro Tramonte, destacou que "não mente para a população". "Eu ajudei a estruturar todo o jornalismo da emissora e entreguei espontaneamente depois. Essa história de querer programa ou não, isso veio de uma tentativa deles de me tirar da candidatura, me oferecendo a possibilidade de voltar", disse.
Em seguida, Tramonte disse que o convite para Viana nunca existiu. "Ele foi para pegar o meu programa, mas eu não comento esse tipo de coisa, deixa para lá. Eu não preciso comentar isso, porque você (Viana) sabe como foram as coisas. Mas como não tem jeito de me atacar, eles me atacam desse jeito". O deputado estadual também criticou a abordagem de alguns candidatos que se desviaram do debate ao atacar pessoalmente.