Com Gabriella Braz e Pedro Grigori - Correio Braziliense

 

A Polícia Federal (PF) acaba de adicionar o caso do laudo médico falsificado publicado em redes sociais por Pablo Marçal (PRTB) em inquérito que investiga as acusações feitas pelo ex-coach a políticos que concorrem à Prefeitura de São Paulo no decorrer da campanha. Marçal tentou relacionar Guilherme Boulos (Psol) ao uso de cocaína.

O inquérito foi instaurado em 17 de setembro, e a nova representação sobre o laudo falso foi anexada à investigação em curso, partindo de outra representação de Guilherme Boulos, acusado por Marçal de usar entorpecentes. A investigação corre na Delegacia de Defesa Institucional (Delinst), especializada em crimes eleitorais, na Superintendência da PF em São Paulo.

Segundo autoridades policiais, esse é um tipo de crime que tem penas baixas, mas consequências eleitorais, como a possibilidade de Marçal ter o mandato cassado.



 

O diretor-geral da PF reforçou que não há politização na investigação, mas que é dever da instituição contribuir para enfrentar a prática de crimes. Também está sob suspeita uma ocorrência de abuso de poder econômico. Está em apuração o fato de Marçal ter praticado crime ao dar dinheiro a eleitores por editar vídeos curtos - essa suspeita é parte de outro inquérito.

O caso

Após debate transmitido pela Globo na noite de quinta-feira (3/10), em que Guilherme Boulos mostrou um exame toxicológico negativo para uso de drogas, Marçal voltou a fazer acusações e divulgou um encaminhamento médico de 2021, supostamente atribuído a Boulos, que atesta surto psicótico e uso de cocaína.

No suposto documento publicado por Marçal, o RG de Boulos tem um número a mais do que o padrão, e o laudo conta com erros de ortografia. O médico José Roberto de Souza, que assina o atestado, morreu no ano seguinte, em 2022, de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM).

 

A publicação de Marçal foi removida pelo Instagram, segundo postagem feita pelo ex-coach na rede social. "O Instagram removeu a minha publicação. Parabéns pela democracia de esquerda", escreveu.

Em nota, a equipe de Guilherme Boulos pediu que Marçal seja criminalizado pela divulgação do suposto documento que, segundo o texto, seria falso. “Marçal mostra mais uma vez ser um criminoso recorrente, que usa de mentiras absurdas para atacar a honra e a reputação e tentar promover uma manipulação sem precedentes no processo eleitoral”, escreveu.

O receituário publicado nas redes de Marçal apresenta papel timbrado da clínica Mais Consulta. O endereço e número de CNPJ da empresa também aparecem no documento.

Em resposta, Boulos publicou os dados da clínica e afirmou que o responsável legal, Luiz Teixeira da Silva Junior, é apoiador de Marçal. O psolista ainda publicou uma captura de tela de uma publicação em que o médico aparece ao lado do candidato do PRTB. O perfil do médico (@dr.luiz.teixeira) aparece como privado no Instagram.

Na postagem, o representante do Psol ainda compartilhou foto publicada por ele em 20 de janeiro de 2021, um dia após a data do laudo, em que aparece em ação do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) na Favela do Vietnã, na Zona Sul da capital paulista.

Boulos fez uma transmissão ao vivo para desmentir as acusações de Marçal. O deputado federal do Psol diz que o CRM usado no documento é de um médico que faleceu há dois anos, "para que ninguém possa ser responsabilizado como médico", explica Boulos.

O candidato do Psol diz que "Marçal passou de todos os limites" e que precisa ser parado. "Estamos entrando agora com um pedido de prisão do Pablo Marçal na Justiça Criminal, dele e do dono da clínica, um pedido de prisão de ambos, além de todas as medidas cabíveis na Justiça Eleitoral", diz o deputado.

 

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