Um cenário que se mostra desafiador para o prefeito Fuad Noman (PSD), que tenta reeleição. Com 100% das urnas apuradas, o Núcleo de Dados do Estado de Minas constatou que o deputado estadual Bruno Engler (PL) venceu o primeiro turno da eleição municipal em todas as zonas eleitorais de Belo Horizonte. A vantagem do parlamentar conservador sobre o atual chefe do Executivo variou de 0,7 a até 13,2 pontos percentuais, de acordo com informações requisitadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

A maior vantagem de Engler ocorreu na Região Centro-Sul. Na 34ª Zona Eleitoral, onde estão Bairros como Belvedere e Luxemburgo, ele teve 38,8% dos votos válidos, seguido por 25,6% de Fuad – uma diferença de 13,2 pontos, a maior entre os dois na cidade. Na 33ª, na mesma regional, mais próxima do hipercentro, o deputado estadual teve 37,5% das preferências, enquanto o prefeito somou os mesmos 25,6%, diferença de 11,9 pontos – a terceira maior entre os dois. A segunda maior diferença pró-Engler se deu na 31ª, localizada na Pampulha, em Bairros como Bandeirantes e Ouro Preto: 12,9 pontos.

 



 

Para o cientista político e professor do Ibmec em Belo Horizonte Adriano Cerqueira, a vitória acima de 10 pontos percentuais de Engler nessas três zonas eleitorais aponta para uma prevalência do deputado na elite econômica da cidade. “Há um indicativo de que ele conseguiu pegar muitos votos de uma renda média para alta. Pela expressiva votação que o Engler teve, superior a um terço do eleitorado (34,38% dos votos válidos), acredito que também houve um ótimo desempenho na classe média”, diz o especialista.

 

Em outras zonas, no entanto, houve equilíbrio entre os desempenhos de Engler e Fuad, apesar de deputado também ter vencido. Na 31ª, onde estão Bairros como Paulo VI, Jardim Vitória e Nazaré, na Região Nordeste, a diferença foi de 0,7 ponto: 30,9% dos votos válidos para o parlamentar e 30,2% para o prefeito. Já na 28ª, Leste, onde estão Bairros como Taquaril, Alto Vera Cruz e Saudade, a vantagem do candidato do PL foi de 1,4 ponto: 30,5% contra 29,1%.

 

 

“Fuad, por ser prefeito, tem vantagem para se comunicar com essa população mais carente. Ele consegue fazer medidas que são mais perceptíveis e entendidas como benéficas. Isso se traduz em votos. Ele, talvez, pode intensificar essas atuações no segundo turno”, afirma o cientista político Adriano Cerqueira.

 

Para o segundo turno, o professor do Ibmec aposta que Engler deve adotar uma postura mais moderada para afastar a rejeição que acompanha o bolsonarismo. “Pela votação expressiva que teve, a base do eleitorado bolsonarista em BH já o conhece. O desafio, agora, é avançar sobre o eleitor mais moderado. É desnecessária a participação do ex-presidente, até porque parte do eleitorado não aprovou a postura do Bolsonaro durante a pandemia”, diz.

 

Sobre cenários, o cientista político ressalta que os eleitores que votaram nos candidatos de esquerda derrotados no primeiro turno – Duda Salabert (PDT), Rogério Correia (PT), Wanderson Rocha (PSTU) e Indira Xavier (UP) – tendem a votar em Fuad, enquanto aqueles que escolheram Mauro Tramonte (Republicanos), até pelo rompimento do ex-prefeito Alexandre Kalil com o atual dono da cadeira, tendem a ir com Engler.

 

 

Na visão de Cerqueira, são os votos dados a Gabriel Azevedo (MDB) que podem decidir o segundo turno. “Gabriel fez campanha de oposição ao Fuad. Enfrentou processos de cassação na Câmara articulados com a base do prefeito. Nesse sentido, parte dessas pessoas pode anular. Outra parte vai definir a quem rejeita mais: o bolsonarismo ou o prefeito”, diz. No primeiro turno, Azevedo recebeu 10,55% dos votos válidos. 

 

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