O deputado federal Rogério Correia (PT) defendeu a estratégia eleitoral adotada pelo PT no primeiro turno e rebateu as críticas de correligionários que discordavam da sua candidatura em Belo Horizonte, onde ficou na sexta colocação com 4,37% dos votos válidos na disputa pela prefeitura. Em uma publicação na noite desse domingo (13/10), o parlamentar disse que tem sido atacado por posições “oportunistas internas” na legenda.

 

“Proclamam que o PT não deveria ter disputado BH e outros municípios e que devemos abandonar a disputa nacional e deixar para o centro (direita), a tarefa de enfrentar a extrema direita. A tese é antiga e a grande mídia sempre nos pediu isso. Alguns traíram nossa luta e proclamam traições maiores. Ainda bem que temos um Lula atento e um partido majoritariamente consciente”, escreveu o deputado.

 



Rogério Correia não cita nomes, mas diz que são deputados federais “moderados e modernos” da esquerda que adotaram a tese contrária às candidaturas próprias do partido. “Em Minas, o traidor é conhecido. Hipocrisia, desonestidade e fraqueza moral e intelectual”, emendou.

 

Um dos colegas de Câmara dos Deputados que fez observações após o primeiro turno foi o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que classificou a performance da legenda como “decepcionante” e apontou para uma “desconexão da realidade". Lopes ainda disse que o partido precisa se reinventar e se conectar com a juventude e os trabalhadores urbanos e rurais. “Sem isso, estamos condenados ao fracasso”, declarou.

 

 

Um dia após o primeiro turno, Lopes esteve com o atual prefeito e candidato à reeleição Fuad Noman (PSD), declarando apoio à candidatura no segundo turno. Noman segue na disputa contra o candidato Bruno Engler (PL) que, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), venceu a primeira votação com 435 mil votos.

 

Correia também criticou aqueles prefeitos que foram reeleitos, segundo ele, “escondendo Lula”. “Heróis de isopor! Tática para ganhar eleições é importante, mas estratégia para mudar o país é a essência da nossa política. Muito temos a mudar, mas sem perder o socialismo, jamais”, completou.

 

Críticas de Contagem

A candidatura do deputado em Belo Horizonte também foi criticada pela prefeita de Contagem, Marília Campos (PT). Ao EM Minas desse sábado (12/10), a prefeita revelou que sua estratégia de campanha foi evitar a polarização nacional e focar em apresentar o seu trabalho na cidade.

 

“Eu sou do PT, sempre fui do PT, sou uma grande aliada do presidente Lula, sempre fiz campanha para ele, mas não era isso que estava em jogo. O que estava em jogo era o meu projeto de cidade. O que eu fiz foi defender a continuidade desse projeto. Eu não precisava de apoiadores nessa campanha eleitoral, o principal testemunho era o meu trabalho”, disse.

 

Para Marília, a campanha de Correia foi pelo caminho contrário e ficou “repetindo muito” a questão da polarização. Segundo a petista, o partido deveria ter se unido a Fuad Noman desde o primeiro turno.

 

“O Rogério Correia não teve só uma derrota eleitoral, mas uma derrota política. É uma derrota porque, na minha opinião, não apresenta também um discurso da esperança, um discurso da possibilidade de mudança, e repete muito a polarização nacional”, disse.

 

Lula reconhece desempenho fraco

Em entrevista à Rádio O POVO/CBN de Fortaleza, o presidente Lula admitiu que o partido teve um desempenho aquém do esperado. Segundo o chefe do Executivo federal, o PT precisa repensar sua organização e se adaptar às mudanças do mundo do trabalho.

 

“Temos que rediscutir o papel do PT. Hoje 80% dos prefeitos foram eleitos em cinco estados, todos do Nordeste. Tivemos boa participação no Rio Grande do Sul e, em Minas Gerais, ganhamos as que já governamos, mas não fomos bem em São Paulo. Perdemos São Bernardo do Campo, Santo André, perdemos inclusive Araraquara, onde tínhamos certeza que íamos ganhar”, disse.

 

O partido conquistou 248 prefeituras em 2024, resultado melhor do que em 2020, quando venceu em 182 municípios. Contudo, os petistas não ganharam em nenhuma capital e só elegeram em duas cidades com mais de 200 mil eleitores: Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, e em Contagem.

 

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O partido ainda disputa o segundo turno em 13 cidades e quatro capitais: Natal, Fortaleza, Cuiabá e Porto Alegre.

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