Em 14 de março do ano que vem, Eduardo Cheung de Lima, conhecido como Eduardo do Alex, completará 22 anos. Até lá, ele já estará oficialmente atuando como prefeito de Heliodora, no Sul de Minas, há três meses. Filiado ao PSD, ele já diz ser conhecido pelos 6.134 moradores da cidade como ‘prefeitinho’ mesmo antes de ser oficialmente eleito para o comando municipal, façanha que conseguiu com 88,17% dos votos da cidade. As urnas lhe conferiram também o título de prefeito mais novo de Minas Gerais.


Eduardo carrega em sua designação de urna o nome do pai, Alex Leopoldino de Lima (PSD), conhecido na cidade como “Alex do Japão”. Ele foi o prefeito de Heliodora nos últimos dois mandatos, sendo o último abreviado em maio do ano passado, quando um câncer no intestino o vitimou aos 49 anos.




 

Ao Estado de Minas, Eduardo conta como acompanhou seu pai na Prefeitura de Heliodora desde muito jovem e que agora pretende seguir seus passos e manter um legado. Ele recorda também que o ingresso da família na política se deu a partir do adoecimento de sua mãe, falecida em decorrência de uma leucemia. 


A entrada trágica da vida política em sua vida não lhe retira o gosto em falar sobre o tema e a crença de ser vocacionado para a vida pública. Na entrevista, Eduardo fala sobre sua relação com a direção estadual do PSD, seu sonho de tornar-se senador e projeta seus próximos passos. 



ENTREVISTA

Como foi atravessar sua primeira campanha?


Foi minha primeira eleição, eu costumava ficar mais nos bastidores, como uma espécie de braço direito do meu pai. Meu pai não era da política, mas minha teve uma leucemia e nós tivemos uma ajuda do deputado Lael Varella (PSD) e então começamos a pedir votos para ele na cidade. Em 2012 meu pai terminou em terceiro lugar na eleição para prefeito, contra grupos muito mais poderosos. Para nós foi uma vitória e continuamos perseverantes. Em 2016 nós vencemos e eu sempre estive do lado dele. O pessoal até me chamava de ‘prefeitinho’. Depois veio a campanha pela reeleição no meio da pandemia e meu pai estava doente e com a imunidade muito baixa. 


Em 2021 eu já transitava em todas as pastas da prefeitura, ouvia muitas pessoas e fiquei mais conhecido. Em 2023, infelizmente, um câncer que meu pai havia tratado em 2017 voltou e ele acabou falecendo, mas trabalhou até o último dia de vida. Quando ele estava internado em Muriaé, eu me lembro de ir lá e conversar com ele e falar sobre como cuidar da prefeitura. Minha vida mudou, eu fui candidato agora porque aconteceu isso.. Eu  acredito que os planos de Deus são os melhores para as nossas vidas. Deus não escolhe os capacitados, ele capacita os escolhidos. A eleição deste ano foi o reflexo de um trabalho que a gente tem feito há muito tempo aqui em Heliodora. As pessoas precisam muito de atenção e é isso que eu busco dar para as pessoas. A população está com muita ganância por alguém que realmente trabalha, então realmente eu quero trabalhar, estou disposto a abdicar de minha vida pessoal nos próximos anos para me dedicar e transformar a cidade.


Acredita que já ser conhecido ajudou a conseguir uma vitória com percentual tão expressivo?


As pessoas me chamavam até de prefeitinho, eu ia para a rua, gravava vídeos. Se o pessoal falava mal da gestão, falava que uma estrada estava com problemas nas chuvas, eu ia lá fazia vídeos, conversava com vereadores, articulava. De forma modesta, sem ser soberbo, eu fiz a diferença em Heliodora.


O senhor pretende seguir carreira na política?


Eu tenho uma pretensão política a nível maior. Meu sonho é ser Senador da República. O meu foco principal agora é fazer uma gestão transformadora nesses próximos quatro anos e em 2028 eu verei quais são meus próximos passos. Se tentarei a reeleição ou se esperarei 2030. Mas no momento meu foco é ser prefeito, quero passar esses quatro anos trabalhando muito para nossa cidade.



 

O presidente estadual do PSD já fez publicações com o senhor nas redes sociais e vocês parecem ser próximos. Qual sua relação com Cássio Soares?



O Cássio é um segundo pai na questão política porque ele me viu crescer. Eu tinha 11 anos quando eu o conheci. O PSD não queria meu pai, mas o Cássio nos acolheu, ele sempre foi um parceiro. Ele vai tentar ser deputado federal, então vai precisar fazer algumas dobradinhas para aumentar sua votação. A minha relação com o Cássio transcende a política. É uma relação de amizade e de parceria em virtude de tudo que ele já fez pela minha família, pelo meu pai quando estava doente. A minha relação com o PSD hoje é uma relação institucional, eu não tenho relação partidária, tem relação com o Cássio.



Agora efetivamente como prefeito, o senhor vai precisar criar mais laços com os parlamentares mineiros. Como pretende construir esses relacionamentos?



Nós temos alguns parceiros como o deputado federal e presidente nacional do Avante, Luís Tibé; temos conversado com alguns outros deputados estaduais. O ex-senador Antonio Anastasia me ligou ontem para se colocar à disposição e me ajudar, o governador Romeu Zema (Novo) também. Temos muitos padrinhos no cenário regional, estadual e também federal.


O meu foco agora é estruturar a prefeitura para que organizar a casa aqui embaixo e projetar os próximos dois anos no mínimo. Meu medo era conseguir buscar os recursos e chegar aqui na base e não ter como executá-los.



Assim como o senhor, vemos despontar várias lideranças jovens na política mineira. Temos exemplos à esquerda e à direita como Nikolas Ferreira e Pedro Rousseff. Como avalia esse cenário?


Eu vejo de forma positiva, acredito que a juventude tem que estar na política, nós temos que levar a política e a educação cidadã para as escolas. Isso é necessário para mudar o atual cenário político do Brasil e para que possamos acabar com a velha política da polarização.


Temos que ter  uma crítica nova, diferente e transformadora, porque a inovação política não vem com a idade ela vem com ideias. Por mais que as figuras que você citou sejam bastante ideológicas e combatentes, eu acredito que com o passar dos anos possamos conversar fora da bolha



Entrevistamos o senhor e também o prefeito mais velho eleito em Minas neste pleito, Hely Alves, que vai governar Carrancas aos 87 anos. Como o senhor pretende estar quando tiver a idade de seu companheiro?


Eu perdi meu pai com 49 anos e minha mãe com 34, então acredito que não chego a essa idade e nem faço planejamentos a longo prazo. Mas acredito que estarei bem velhinho na política, ou fazendo algum trabalho voluntário de ação cidadã. Quero também concluir minha faculdade de Direito. Minha relação com a política será eterna, é uma missão de vida. Eu entrei na política através de um momento dolorido para minha família e eu aprendi que é preciso ter resultado logo. As pessoas não vão à prefeitura, não vão até os vereadores e deputados porque querem, mas porque precisam. Por isso acredito que é uma missão.

 

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