De um lado, 27 anos, seis deles dedicados à política. Do outro, 77 anos e mais de meio século na vida pública. A campanha de Bruno Engler (PL), afilhado político de Jair Bolsonaro (PL) em Belo Horizonte, aposta nesta reta final na juventude como trunfo. Sob a coordenação do marqueteiro Roberto Hilton, a estratégia é destacar a modernidade, sugerindo que o atual prefeito, Fuad Noman (PSD), está "ultrapassado".

 

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Com foco em tecnologia e na exposição de “pensamentos antiquados” atribuídos ao chefe do Executivo municipal, a campanha tem ainda outro alvo na mira: Álvaro Damião (União Brasil), jornalista e vice na chapa adversária. A ofensiva vai ganhar mais força nesta última semana de campanha, que dá início neste domingo (20/10).

 



 

Em entrevista ao Estado de Minas, Hilton, que já esteve à frente das campanhas de outros candidatos à PBH, como Rodrigo Pacheco (PSD) e Luisa Barreto (Novo), detalhou os bastidores da estratégia eleitoral. Durante a conversa, ele descreveu Bruno como a “esperança” para mudança de Belo Horizonte, e afirmou que como eleitor da cidade, havia perdido o “brilho” ao ver outros políticos. Para o marqueteiro do bolsonarista, 2024 é o ano dos “jovens, brilhantes e inteligentes”.

 

“O Bruno não está preocupado em combater o prefeito. Fuad é um ser humano, uma pessoa que merece todo o nosso respeito, até porque é um senhor que está doente e esconde isso da população”, disse. “Sabemos que quem provavelmente vai assumir a prefeitura é esse comentarista esportivo (Álvaro Damião), locutor... Não sei nem o nome dele direito. Isso é algo que está sendo omitido da população, talvez por forças políticas poderosas que estão por trás dele. De qualquer forma, o Bruno não leva isso para o lado pessoal”, disse.

 

 

Durante a última semana, Fuad informou que foi liberado do tratamento do câncer que enfrentava no sistema linfático. O político foi diagnosticado com a doença no início da campanha eleitoral, em julho. 

 

Questionado sobre a mudança de comportamento do deputado, que na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) tem discursos mais conservadores ligados ao bolsonarismo, e na campanha vem adotando um tom mais moderado, Hilton, que foi o responsável por todo o marketing de campanha, negou ter “mudado” Engler.

 

 

“Não sei se é exatamente uma estratégia. Não conseguimos mudar ninguém. O que oferecemos ao Bruno argumentos que o ajudaram a se mostrar como ele realmente é. Ele não é uma pessoa radical. O Bruno é inteligentíssimo, jovem, ponderado, responsável. Ele simplesmente tem uma orientação mais conservadora, acredita em valores como família, honestidade, compromisso e quer melhorar o país. Às vezes, isso pode parecer radicalismo para algumas pessoas, mas não é. Bruno é o tipo de pessoa que toda mãe gostaria de ter como genro, porque é muito sério, correto e honesto. Em toda minha experiência com marketing político, nunca vi alguém tão comprometido e honrando cada compromisso que fez”, disse. “Quando se trata de seres humanos, tudo muda muito rapidamente. Eu não trabalharia para ninguém em quem não tivesse convicção. Quando o Bruno me procurou, eu fiquei reticente, analisando com cuidado. Mas ele me deu algumas demonstrações de ser uma pessoa diferenciada, muito séria, inteligente. É um jovem com uma inteligência e uma capacidade de aprendizado enormes.”

 

 

Hilton também chamou a atenção pela ausência do prefeito em debates, onde segundo ele, o chefe do Executivo da capital se acorvadou dos confrontos de Engler. O deputado, que costuma ser mais combativo nos confrontos, estava preparado para questionar sobre questões de saúde e transporte. Além, da tecnologia, ponto em que o marqueteiro afirmou diversas vezes ser um diferencial de Engler durante a campanha. 

 

“O Bruno está se preparando porque ele é uma pessoa que quer verdadeiramente mudar essa cidade. Os jovens sabem que Belo Horizonte tem problemas sérios. O atual prefeito está envolvido com as empresas de ônibus há 40 anos. O Bruno, por outro lado, é um jovem sério, com uma visão muito interessante.”

 

 

Reta final

 

Nos últimos dias de campanha, Engler deve intensificar o foco em expor comportamentos do atual prefeito. O marqueteiro Roberto Hilton considera essencial "revelar quem realmente é esse senhor que se apresenta como um 'bom velhinho'". Hilton aponta a necessidade de esclarecer questões como o que o prefeito “escreveu em seu livro durante a pandemia” e as “doações para sua campanha”. Além disso, critica a acusação de inexperiência dirigida a Bruno, ressaltando que o prefeito deve explicar suas próprias experiências e relações passadas com figuras como Aécio Neves (PSDB), Lula (PT) e Alexandre Kalil, além de não fugir dos debates.

 

 

Hilton também mencionou questões críticas para a cidade, como segurança, saúde e tecnologia. Ele acredita que "Bruno tem um projeto de transformar Belo Horizonte em uma capital digital do Brasil", citando a preocupação com a segurança da cidade e a percepção da população sobre o sistema de saúde. Embora tenha admiração pelo prefeito como pessoa, Hilton defende a necessidade de dar uma chance a uma nova geração. "Nós, da geração anterior, falhamos em resolver os problemas da cidade. É hora de reconhecer que, em determinados momentos, é melhor ceder. Infelizmente, o atual prefeito está doente, e se ele sair, quem será o prefeito de Belo Horizonte? Um locutor de futebol."

 

 

A campanha de Bruno Engler é dirigida pelo marqueteiro Roberto Hilton, conhecido por seu trabalho na campanha de Rodrigo Pacheco à prefeitura de Belo Horizonte em 2016, Luisa Barreto em 2020 e pela JBIS, uma agência de publicidade mineira. Com mais de 20 anos de experiência no mercado, Hilton já atendeu contas relevantes, incluindo a do Governo de Minas e é especializado em marketing de produtos, marketing político, análise de pesquisas de mercado e planejamento de comunicação digital. 

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