O último debate entre os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, organizado pela TV Globo Minas, na noite dessa sexta-feira (25/10), foi marcado por ataques entre o deputado estadual Bruno Engler (PL) e o prefeito Fuad Noman (PSD) acerca de livros, obras públicas e a carreira política de ambos. O confronto foi a última oportunidade dos políticos de apresentarem suas ideias e defenderem seus ideais antes da votação final neste domingo (27/10).

 

 


Em busca de novo mandato, Fuad abriu o bloco de temas livres fazendo um histórico dos seus 55 anos de experiência política e atacando a inexperiência do adversário, que, se eleito, será o prefeito mais jovem da capital mineira com 27 anos. O prefeito pediu para que o eleitorado comparasse a trajetória de vida dos dois candidatos, questionando a capacidade administrativa do adversário.


“Trabalhei em diversas áreas do governo federal, estadual, municipal, e nos últimos dois anos e meio como prefeito de BH. Trabalhei de forma integrada, todos os dias, mesmo passando por um tratamento de saúde. Não sei se ele tem experiência de ir para o posto de saúde, não sei qual a experiência que ele traz junto. (...) Ele faltou 47% das sessões Legislativas. Você trabalhador, se faltasse metade do dia de trabalho do seu emprego, você poderia ser demitido. É uma comparação entre a experiência e a não experiência, o trabalho e o não trabalho”, disse Fuad.

 




Engler se defendeu dos ataques e destacou o seu trabalho de deputado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde atua desde 2018. Segundo o candidato apadrinhado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), “função de deputado não é bater dedo em comissão”, mas também fiscalizar suas bases eleitorais.


“O prefeito tenta passar uma imagem de quem faz uma gestão boa e denegrir o meu trabalho, só que isso não vai funcionar. (...) O trabalho se mede por resultado, nos últimos anos foram 11 leis aprovadas. Função de deputado não é bater dedo em sessão deliberativa. Eu fui votado em todos os 853 municípios, rodei toda Minas Gerais, fui na ponta da linha, visitar hospitais e fiscalizar minhas emendas. Ausente é o senhor, prefeito”, rebateu Engler, que ainda citou leis que aprovou no Legislativo mineiro.

 


Em seguida, Engler citou o livro “Cobiça”, uma obra de ficção escrito por Fuad em 2022 e que tem trecho que faz um relato em primeira pessoa de um abuso sexual contra uma adolescente de 12 anos.


Apesar da campanha do candidato do PL ter perdido ações na Justiça Eleitoral e ser obrigada a remover propagandas atacando o livro, Engler aproveitou para divulgar um site com partes da obra para o eleitor que tiver interesse no tema. Fuad se defendeu da mesma maneira que fez durante a semana, afirmando que “Cobiça” é um texto ficcional e o que importa para a população é o trabalho pela cidade, acusando o adversário de fake news durante todo o debate.


“Mais uma fake news. É o rfei das fake news. Ele não leu o livro, porque se tivesse lido não falava tanta bobagem igual está falando, lamentavelmente. O livro possui uma denúncia de um caso contra uma criança. Mas não devemos discutir livros, precisamos discutir propostas para a cidade de Belo Horizonte”, retrucou o prefeito.

 


Engler continuou insistindo no debate ideológico e atacou o Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ). O candidato do PL destacou que a feira realizada na cidade possui títulos inadequados para crianças menores de idade, mesmo possuindo trânsito livre e excursões escolares. Fuad se defendeu afirmando que há espaços proibidos para os menores, e voltou a defender um debate de propostas.


PROPOSTAS


Fora o primeiro bloco, o restante do confronto teve um foco maior nos temas municipais: transporte público, urbanização, saúde, educação, meio ambiente, entre outros. Engler, por exemplo, questionou o prefeito sobre a “tolerância zero” com as empresas de ônibus e a sua relação com empresários do setor. Fuad, por sua vez, apontou para a relação do adversário com a mineração.


“Nos últimos anos, foram pagos mais de R$ 1,7 bilhão para as empresas de ônibus em BH. No ano que vem, já tem mais de R$ 500 milhões, mas o pessoal está muito insatisfeito, não tem ‘tolerância zero’ alguma. Nossa frota tem idade média de cinco, seis anos, com esse dinheiro daria para renovar a frota inteira com ônibus zero”, disse Engler.


Fuad defendeu o uso de subsídio no transporte público, modelo adotado pelas maiores cidades do país para complementar o preço da passagem com as empresas de ônibus. Segundo o prefeito, o sistema ainda não é o ideal, mas o trabalho é melhorar a frota. O candidato do PSD ainda voltou a atacar a falta de experiência do bolsonarista.

 

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“A experiência que eu tenho é de ter uma conduta ilibada, uma experiência de não ter relacionamento escuso com empresário de ônibus. O Fuad vive no país das maravilhas. Infelizmente, o serviço hoje é de má qualidade, o prefeito serve aos interesses dos empresários do setor”, rebateu Engler.

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