FOLHAPRESS - O deputado federal Guilheme Boulos (PSOL) ajuizou neste domingo (27/10) uma ação na Justiça Eleitoral contra Ricardo Nunes (MDB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) após o governador de São Paulo dizer que o PCC (Primeiro Comando da Capital) orientou o voto no candidato do PSOL.

 

O psolista chamou a declaração de "uma vergonha".

 



 

"Que vergonha, né. Nada mais a dizer, é o candidato que ele apoia [o prefeito Ricardo Nunes] que botou o PCC na Prefeitura de São Paulo", disse Boulos. A resposta do candidato do PSOL faz referência às investigações sobre atuação da facção criminosa no sistema de ônibus da cidade.

 

Boulos soube da declaração de Tarcísio ao sair do colégio Objetivo, na Avenida Paulista. Ele havia acabado de acompanhar a sua avó, Dona Cida, na votação. Em nota por meio de sua assessoria, Boulos disse ainda que Tarcísio responderá na Justiça.

 

 

"É criminosa a atitude do governador Tarcísio de Freitas de criar uma grave fake news em pleno domingo de eleições. Tarcísio é cabo eleitoral de Nunes, faz tal declaração ao lado do prefeito em claro gesto de campanha. Usa a máquina pública de maneira vergonhosa e irresponsável. Isso fere todos os preceitos democráticos".

 

Na mesma nota, o candidato do PSOL criticou a imprensa pela publicação das declarações do governador.

 

"Tão grave quanto é a imprensa reproduzir tal absurdo como algo normal e não questionar o flagrante propósito eleitoreiro do governador que busca, única e exclusivamente, distorcer a verdade e influenciar o resultado eleitoral".

 

"O governador Tarcísio responderá na Justiça por sua atitude criminosa. Lamentamos que a Folha de S.Paulo tenha publicado declaração mentirosa do governador sem sequer ouvir a opinião da campanha adversária. Isso fere os preceitos jornalísticos da isenção e imparcialidade. Perde o jornalismo e a democracia".

 

 

Os últimos momentos da campanha de São Paulo têm sido de ataques pesado.

 

Neste sábado (26), a primeira-dama Janja e uma série de apoiadoras de Boulos divulgaram um vídeo para relembrar o registro policial de violência doméstica feito pela esposa de Nunes contra ele em 2011. Logo após a divulgação do vídeo, Nunes reagiu: "A Janja fez isso? Que baixaria".

 

Já neste domingo, logo após votar, Tarcísio falou à imprensa ao lado de Nunes, prefeito, candidato à reeleição e seu aliado.

 

Ele foi questionado por uma jornalista sobre um comunicado emitido pela SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) de São Paulo, que interceptou comunicados assinados por membros da facção criminosa orientando o voto em algumas cidades do estado.

 

 

"A gente vem alertando isso há muito tempo. Nós fizemos um trabalho grande de inteligência, temos trocado informações com o Tribunal Regional Eleitoral para que providências sejam tomadas", afirmou.

 

Em seguida, o governador foi questionado pela Folha de S.Paulo sobre qual era o candidato indicado pelo PCC em São Paulo, ao que Tarcísio respondeu: "Boulos".

 

A reportagem procurou a assessoria do governo do estado em busca de mais informações sobre o que foi declarado por Tarcísio.

 

Segundo o governador, as cidades do estado que têm segundo turno estão contando com uma grande mobilização policial neste domingo (27). O governador disse também que, até o momento, as eleições estão ocorrendo de forma tranquila e cumprimentou o TRE-SP pelo trabalho.

 

A ação

 

De acordo com a ação, "utilização do cargo de Governador do Estado com a finalidade de interferir no resultado da eleição, no dia da votação, é evidente", até "pela escolha do momento para divulgação da coletiva, durante o horário da votação, com a presença dos candidatos".

 

A peça diz que a fala já está sendo explorada no WhatsApp e que existe uma ação coordenada entre o governador do estado e os candidatos, juntamente com a campanha deles, para difundir essas acusações, de forma abusiva e criminosa, durante o horário de votação.

 

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"Nem se diga que o governador falou como cidadão, fora do exercício de suas funções, pois em seu discurso ele faz expressa referência a dados de inteligência a que só poderia ter acesso como governador do estado", diz o documento.

 

"Trata-se de gravíssima tentativa de influenciar no resultado do pleito, no dia da eleição, de uma forma jamais vista no Estado de São Paulo", afirma. "O uso da máquina e o abuso do poder político são incontestes."

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