Deputado federal e candidato derrotado na disputa pela Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol) relacionou a vitória do candidato oponente e atual prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), a "infiltração do bolsonarismo" e ao crime organizado.
Com 100% das urnas apuradas, Nunes foi reeleito com 59,35% dos votos válidos, totalizando 3.393.110 votos, enquanto Boulos conquistou 40,65% dos votos válidos, que corresponde a um total de 2.323.901. A diferença entre os dois foi de cerca de 1 milhão de votos.
Em primeiro discurso após o resultado da apuração das urnas, Boulos classificou a reeleição de Nunes como "infiltração do bolsonarismo e do crime organizado na prefeitura", temas que considerou denunciar durante a corrida eleitoral.
"Quero que todos ergam a cabeça. Nossa luta não começou hoje e não termina aqui. Tenho plena confiança de que, apesar do resultado, o futuro será nosso", afirmou o candidato derrotado.
A candidatura recebeu o apoio do presidente Lula (PT), considerado "inspiração" de Boulos, além dos candidatos derrotados no primeiro turno Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB).
Estiveram presentes no comitê a candidata a vice e companheira de chapa, Marta Suplicy (PT), e o ministro de Relações Internacionais do governo Lula, Alexandre Padilha.
O deputado federal também considerou que, apesar da derrota, a campanha foi responsável por "recuperar a dignidade da esquerda brasileira". "Eu não vou fazer um discurso de perdedor porque a gente perdeu a eleição, mas nessa campanha a gente recuperou a dignidade da esquerda brasileira", afirmou.
"Espero que o povo de São Paulo e do Brasil tenha forças para evitar o pior. Na vitória ou na derrota, aqui sempre haverá um combatente aguerrido", completou Boulos.
No segundo turno, o candidato teve a mesma porcentagem de votos que obteve nas eleições municipais de 2020. Na corrida, o psolista obteve 40,62% dos votos contra Bruno Covas (PSDB), eleito com 59,38% dos votos válidos.
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Ainda neste domingo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que o grupo criminoso PCC (Primeiro Comando da Capital) orientou votos de familiares e apoiadores na candidatura de Boulos. Questionado, o candidato pelo psol disse que essa orientação vem sido divulgada "há muito tempo". "Nós fizemos um trabalho grande de inteligência, temos trocado informações com o Tribunal Regional Eleitoral para que providências sejam tomadas", afirmou Boulos.
Em seguida, ele reagiu à declaração do governador bolsonarista: "Que vergonha, né. Nada mais a dizer, é o candidato que ele apoia [Ricardo Nunes] que botou o PCC na Prefeitura de SP". Ele ainda ajuizou uma ação na Justiça Eleitoral para a inelegibilidade de Nunes e a cassação de Tarcísio, que afirma que "o uso da máquina e o abuso do poder político são incontestes".