Arthur Lira passou a presidência do P20 para a vice-presidente da Assembleia Nacional da África do Sul, Annelie Lotriet -  (crédito: Roque de Sá/Agência Senado)

Arthur Lira passou a presidência do P20 para a vice-presidente da Assembleia Nacional da África do Sul, Annelie Lotriet

crédito: Roque de Sá/Agência Senado

A reunião da 10ª Cúpula de Presidentes dos Parlamentos do G20 (P20), sediada em Brasília, foi encerrada nesta sexta-feira (8/11) com os parlamentares cobrando a reforma na governança da Organização das Nações Unidas (ONU). A declaração conjunta do grupo ainda defende o desenvolvimento sustentável, a padronização do uso de Inteligência Artificial e a erradicação da pobreza.

 

A cúpula foi encerrada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que leu o documento final e elogiou a cooperação entre os países, mesmo diante de algumas discordâncias, em especial as relativas à guerra na Ucrânia e no Oriente Médio. A Argentina foi o único país do grupo que não assinou o documento.

 

 

“Salta aos olhos a importância crescente do diálogo num mundo marcado pela volatilidade do equilíbrio geopolítico. Se desejamos que os desafios globais sejam adequadamente debatidos e resolvidos, se desejamos que as instituições internacionais sejam respeitadas e suas decisões aceitas, é inevitável tratarmos da reforma da governança global. Queremos instituições internacionais mais transparentes e representativas”, declarou Lira.

 

Os parlamentares defendem, por exemplo, a reforma na Assembleia-Geral e no Conselho de Segurança da ONU, que hoje possui apenas cinco países com cadeira fixa e poder de veto: Estados Unidos, China, Reino Unido, França e Rússia.

 

 

O vice-presidente do Conselho da Federação do Parlamento da Rússia, Konstantin Kosachev, ressaltou as mudanças que o mundo passou desde o fim da Segunda Guerra Mundial e a criação da ONU, que em 2025 completará 80 anos.

 

“Os países ocidentais têm a intenção de preservar a todo custo um mundo unipolar, que é tão benéfico a eles, juntamente com o poder de impor seus interesses à maioria global. Precisamos de estruturas legais para apoiar a multipolaridade, inclusive com a reforma da ONU”, ressaltou.

 

 

A declaração foi elaborada pelas consultorias legislativas do Senado e da Câmara dos Deputados e discutida pelos 15 membros do G20 que estiveram na cúpula dos parlamentares. O evento ainda recebeu oito países não membros do grupo, além da União Europeia e da União Africana.

 

A reunião do P20 antecede a Cúpula do G20, marcada para os dias 18 e 19 deste mês, no Rio de Janeiro. Entre os líderes já confirmados no evento estão o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, já confirmou que não estará no encontro.

 

Veja os outros pontos da declaração

 

Inteligência Artificial - A declaração reconhece os desafios da IA para o relacionamento entre os países. Os membros do P20 reconhecem que a tecnologia é importante para enfrentar a desigualdade e promover o desenvolvimento sustentável, incentivando a padronização internacional para o uso, de forma a respeitar os direitos humanos.

 

Sustentabilidade - Os parlamentares defenderam que os países desenvolvidos cumpram com seus compromissos do Acordo de Paris, que incluem financiamento climático para apoiar os países em desenvolvimento e a implementação de um fundo para recuperar os danos causados pela crise climática. O documento ainda apoia medidas que promovam o uso de energias renováveis, a transição energética e a proteção da biodiversidade.

 

Pobreza - Outro ponto central da declaração foi o combate à fome e à pobreza. O grupo reconhece a desigualdade socioeconômica como a principal fonte dos desafios enfrentados no planeta, com isso, eles apoiam a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no G20. Os parlamentares também se comprometeram a apoiar o desenvolvimento de condições adequadas de trabalho e o acesso equitativo a oportunidades e recursos.