Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, deixou uma frase no espelho do quarto da casa alugada por ele, na QNN 7 de Ceilândia, indicando que o atentado contra o Supremo Tribunal Federal (STF), na noite de quarta-feira (13/11), foi premeditado.
A reportagem entrou no imóvel e, no espelho do quarto, encontrou a mensagem: “Débora Rodrigues, por favor não desperdice batom!!! Isso é para deixar as mulheres bonitas!!! Estátua de merda se usa TNT”. A referência à mulher citada se deve ao fato de ela ter escrito “perdeu mané” na estátua da liberdade em frente ao STF durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro do ano passado.
Débora foi alvo da operação Lesa Pátria da Polícia Federal em agosto deste ano. A frase “perdeu, mané” remonta a uma declaração do ministro Luís Roberto Barroso, em 15 de novembro de 2022, quando, ao ser questionado por um homem sobre as Forças Armadas e o código-fonte das urnas, respondeu: “Perdeu, mané, não amola”.
A Polícia Federal encontrou materiais explosivos na residência alugada por Francisco. A operação contou com o apoio do Esquadrão de Bombas da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que fez a varredura no local. Dois policiais federais descreveram a casa como estando em completa “desordem”.
Os investigadores permaneceram no imóvel durante a noite e seguem nesta quinta-feira (14/11) com a perícia. Francisco alugou o imóvel há cerca de duas semanas.
Durante a operação, robôs especializados foram usados para identificar possíveis explosivos. O corpo de Francisco, conhecido como “Tio França”, foi liberado pelos policiais militares após a perícia inicial.
Quem é o homem-bomba
Francisco foi candidato a vereador em 2020 pelo Partido Liberal (PL) em Rio do Sul (SC), mas não foi eleito. Em suas redes sociais, ele postou uma foto no interior do STF, com a legenda: “Deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro)”. Na publicação, ele exibia uma conversa consigo mesmo no WhatsApp, onde afirmava estar dentro do STF.
No momento em que tentou executar o atentado, Francisco vestia uma roupa semelhante à do personagem Coringa, conhecido por interpretar um psicopata assassino.
Entenda o caso
Ao menos duas explosões foram ouvidas na noite desta quarta-feira (13/11) na Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios, centro de Brasília. Uma delas se deu em frente à estátua da Justiça, no Supremo Tribunal Federal. O local foi interditado pela Polícia Militar e pela segurança do STF.
Houve também registro de muita fumaça e vários sons de explosão em uma área usualmente movimentada entre a sede da Corte e a Câmara dos Deputados. Equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e da Polícia Civil foram deslocadas para a região e interditaram a área para varredura.
Ministros em segurança
O Supremo Tribunal Federal (STF) informou, em nota, que a Corte foi evacuada logo que foram ouvidas as explosões ocorridas na noite desta quarta-feira (13/11) na Praça dos Três Poderes. Conforme informou o STF, os ministros foram retirados do prédio em segurança.
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"Ao final da sessão do STF desta quarta-feira (13), dois fortes estrondos foram ouvidos e os ministros foram retirados do prédio em segurança. Os servidores e colaboradores do edifício-sede foram retirados por medida de cautela. Mais informações sobre as investigações devem aguardar o desenrolar dos fatos. A Segurança do STF colabora com as autoridades policiais do DF", afirma a nota.
PCDF faz perícia
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) informou que a perícia foi acionada à Praça dos Três Poderes. "A Polícia Civil do Distrito Federal informa que policiais da 5ª Delegacia de Polícia estão no local onde ocorreu a explosão de um artefato em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) na noite desta quarta-feira (13). A PCDF já deu início às primeiras providências investigativas e a perícia foi acionada ao local", diz nota enviada à reportagem.
"A princípio há uma única vítima. O Bope está fazendo varredura e não há como passar mais informações. Só após a varredura e indicativo e local totalmente seguro, serão feitas diligências de perícia e identificação da vítima", afirmou Bruno Dias, delegado da 5ª DP.