Corpo é retirado da praça dos Três Poderes 12 horas após explosões -  (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)

Corpo é retirado da praça dos Três Poderes 12 horas após explosões

crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press

Correio Braziliense - O autor do atentado a bomba em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de quarta-feira (14/11), Francisco Wanderley Luiz, 59 anos, apresentou mudanças de comportamento nos últimos dias.

 

 

A dona do imóvel que o terrorista alugou, em Ceilândia, disse à reportagem que alguns dias atrás ele colocou uma cortina preta na casa. "Nunca tinha feito isso. Fiquei estranhando essa atitude dele. Pensei: 'Tem alguma coisa aí dentro que ele não quer que eu veja'”, conta.

 

 

De acordo com a mulher, que pediu para ter a identidade preservada, na manhã desta quarta-feira (13/11), Francisco saiu cedo, por volta das 6h30. "Vi pela fresta da cortina que ele varreu a porta, limpou tudo, fechou o portão, entrou no carro e foi embora. Ele nem me viu, mas eu vi ele. Quando vi a notícia nos jornais eu ja pensei: 'Isso é o Francisco, que saiu cedo com tudo pronto'", relembra.

 

Francisco é apontado como responsável por explodir bombas na Praça dos Três Poderes na noite desta quarta-feira (13/11). Apesar do ato bárbaro, ele é descrito pela dona do imóvel como alguém alegre, prestativo e amigável. "Ele tinha boas amizades, sabe? Era uma pessoa ótima. Alegre, sorridente e muito prestativo. Nunca falava nada de política, porque sabia que eu não gostava. Comentava sobre a família, os filhos, os pais, mas nunca dava sinais de algo assim”, descreve a entrevistada.

 


Segundo ela, Francisco ajudava os vizinhos sem esperar nada em troca. “Minha máquina estragou, ele foi lá, arrumou e deixou arrumadinha. Quando perguntei quanto era, ele disse: Não é nada, minha querida, revelou à reportagem.


Não é a primeira vez que Francisco alugou o mesmo imóvel em Ceilândia. Desse vez, ele havia chegado havia três meses e pagava R$ 570 de aluguel. A dona da casa relata que, no ano passado, ele passou uma temporada de 4 meses. Quando chegou este ano, ele capinou toda a rua e pintou a casa onde estava hospedado. Depois, voltou à sua cidade natal, em Santa Catarina, para cuidar de imóveis que haviam sido afetados por uma enchente. 

 

 

Apesar do choque, a dona da casa tenta seguir em frente. "Graças a Deus, o pior já passou. Mas o medo foi grande quando a polícia chegou e contou o que tinha acontecido. Eu já deduzia, pelo jeito que ele saiu de manhã”, afirma.

 

Quem é

 

Conhecido como “Tiu França”, Francisco foi candidato a vereador em 2020 pelo Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro, no município de Rio do Sul (SC), mas não foi eleito. Em suas redes sociais, ele postou uma foto dentro do prédio do STF, com a legenda: “Deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro)”. Na postagem, ele mostrava uma conversa consigo mesmo no WhatsApp, afirmando estar no interior do STF.

 

No momento em que tentou realizar a explosão, Francisco usava uma roupa semelhante à do personagem “Coringa”, conhecido por interpretar um psicopata assassino

 

Entenda o caso


Ao menos duas explosões foram ouvidas na noite desta quarta-feira (13/11) na Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios, centro de Brasília. Uma delas se deu em frente à estátua da Justiça, no Supremo Tribunal Federal. O local foi interditado pela Polícia Militar e pela segurança do STF. 


Houve também registro de muita fumaça e vários sons de explosão em uma área usualmente movimentada entre a sede da Corte e a Câmara dos Deputados. Equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e da Polícia Civil foram deslocadas para a região e interditaram a área para varredura.


 

Ministros em segurança


O Supremo Tribunal Federal (STF) informou, em nota, que a Corte foi evacuada logo que foram ouvidas as explosões ocorridas na noite desta quarta-feira (13/11) na Praça dos Três Poderes. Conforme informou o STF, os ministros foram retirados do prédio em segurança.


"Ao final da sessão do STF desta quarta-feira (13), dois fortes estrondos foram ouvidos e os ministros foram retirados do prédio em segurança. Os servidores e colaboradores do edifício-sede foram retirados por medida de cautela. Mais informações sobre as investigações devem aguardar o desenrolar dos fatos. A Segurança do STF colabora com as autoridades policiais do DF", afirma a nota.


PCDF faz perícia


A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) informou que a perícia foi acionada à Praça dos Três Poderes. "A Polícia Civil do Distrito Federal informa que policiais da 5ª Delegacia de Polícia estão no local onde ocorreu a explosão de um artefato em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) na noite desta quarta-feira (13). A PCDF já deu início às primeiras providências investigativas e a perícia foi acionada ao local", diz nota enviada à reportagem.


  • carro com explosivo próximo ao stf
    carro com explosivo próximo ao stf Reprodução Rede Sociais


"A princípio há uma única vítima. O Bope está fazendo varredura e não há como passar mais informações. Só após a varredura e indicativo e local totalmente seguro, serão feitas diligências de perícia e identificação da vítima", afirmou Bruno Dias, delegado da 5ª DP.