Joe Biden, presidente americano, discursou durante visita à Amazônia neste domingo (17/11) -  (crédito: Saul Loeb/AFP)

Joe Biden, presidente americano, discursou durante visita à Amazônia neste domingo (17/11)

crédito: Saul Loeb/AFP

FOLHAPRESS - Em um ato final da visita à Amazônia ocidental neste domingo (17/11), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou em declaração à imprensa que ninguém pode reverter a "revolução" da energia limpa no país, em alusão a seu sucessor, Donald Trump, que assume o cargo em janeiro. Trump é defensor da expansão da exploração de combustíveis fósseis.

 

A fala de Biden foi o último ato oficial da visita de Biden a Manaus na tarde deste domingo. A declaração foi dada no Musa (Museu da Amazônia), um espaço de floresta nas bordas da capital do Amazonas. Antes, o presidente dos Estados Unidos esteve com lideranças indígenas e pesquisadores, também no Musa, e fez um sobrevoo por áreas de floresta nos arredores de Manaus.

 

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Foi a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos, no exercício do cargo, visitou a região amazônica. A presença de Biden na região durou pouco mais de quatro horas. Ele seguiu no Air Force One para o Rio de Janeiro, onde participa das reuniões da cúpula do G20 na segunda (18) e na terça (19).

 

 

Biden começou seu discurso com uma referência a Chico Mendes, seringueiro e ambientalista assassinado na porta de casa em Xapuri (AC), em 1988. Mendes virou um símbolo da preservação da floresta e das tentativas de conciliação entre conservação da biodiversidade e atividades econômicas.

 

"No final dos anos 80, Chico Mendes, um seringueiro brasileiro que se tornou ativista ambiental, disse o seguinte: A princípio, pensei que estava lutando para salvar os seringais. Então, pensei que estava lutando para salvar a floresta amazônica. Agora, percebo que estava lutando pela humanidade?", afirmou Biden no início do discurso.

 

Ele elencou medidas anunciadas pelo governo norte-americano para preservação da Amazônia e citou a importância da floresta para o combate e mitigação das mudanças climáticas. Depois, mais ao fim da declaração, o presidente fez referências a seu sucessor no cargo.

 

 

Segundo Biden, não é preciso fazer uma escolha entre meio ambiente e economia. "Não é segredo que deixarei o cargo em janeiro", afirmou. "Deixo a meu sucessor e a meu país uma base sólida para construir, se assim decidirem."

 

O presidente acrescentou: "É verdade que alguns podem tentar negar ou atrasar a revolução de energia limpa que está em curso na América. Mas ninguém, ninguém pode reverter isso. Ninguém."

 

A administração do democrata se encerra em janeiro de 2025, quando o republicano Donald Trump assume o cargo de presidente. Ele derrotou a vice de Biden, Kamala Harris, e deve ir na direção contrária da política ambiental do atual chefe do Executivo norte-americano.

 

Trump promete, inclusive, retirar novamente o país do Acordo de Paris ?compromisso entre países, no âmbito da ONU (Organização das Nações Unidas), para redução de emissões de gases de efeito estufa, de forma a evitar elevação da temperatura superior a 1,5°C.

 

 

Financiamento

 

Neste domingo, Biden anunciou que a sua gestão cumpriu a promessa de aumentar o financiamento climático internacional dos EUA, chegando a mais de US$ 11 bilhões por ano até 2024. Isso, segundo a Casa Branca, torna "os Estados Unidos o maior provedor bilateral de financiamento climático do mundo", com "um aumento de mais de seis vezes em relação ao US$ 1,5 bilhão em financiamento climático que os EUA forneceram no ano fiscal de 2021". Para marcar a data, Biden colocou no calendário oficial dos EUA o 17 de novembro como o Dia Internacional da Conservação.

 

Biden disse ainda que os Estados Unidos vão aportar mais US$ 50 milhões (R$ 289,5 milhões) no Fundo Amazônia, constituído por recursos - boa parte deles de origem internacional - para conservação da floresta amazônica no Brasil.

 

O montante se soma a outros US$ 50 milhões prometidos pelos Estados Unidos em fevereiro de 2023, por ocasião da visita do presidente Lula (PT) ao país, no início da atual gestão do petista. Naquele momento, o governo brasileiro considerou decepcionante o anúncio feito pela Casa Branca e o valor não foi citado no comunicado conjunto da visita de Lula a Biden.

 

 

Em abril de 2023, Biden afirmou que a intenção do país era de injetar, ao todo, US$ 500 milhões no Fundo Amazônia, ao longo de cinco anos. O presidente anunciou outras iniciativas voltadas à preservação da floresta. Entre as medidas estão o lançamento de uma coalizão para restauração florestal e bioeconomia, que inclui o BTG Pactual e 12 parceiros, com o objetivo de mobilizar US$ 10 bilhões até 2030. Biden afirmou que apoia o plano do governo Lula de criar o Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF, na sigla em inglês).