Lula e Xi Jinping durante os cumprimentos no G20, no Rio de Janeiro
     -  (crédito:  Ricardo Stuckert / PR)

Lula e Xi Jinping durante os cumprimentos no G20, no Rio de Janeiro

crédito: Ricardo Stuckert / PR

Na linguagem da diplomacia, o encontro do presidente chinês, Xi Jinping, com o presidente Lula nesta quarta-feira, 20, em Brasília vai além de uma simples visita oficial. Com a vitória de Donald Trump na corrida presidencial americana e as sucessivas ameaças, nos discursos de campanha, de aumento na taxação de produtos chineses comercializados nos Estados Unidos, é fato que americanos e chineses querem fortalecer, cada um, seu poder de barganha.

 

Na avaliação de analistas que acompanham os movimentos políticos tanto em Washington quanto em Pequim, entre o que foi dito e o que será feito, há um longo caminho. E, no caso dos republicanos, partido de Donald Trump, acredita-se que as ameaças verbais são praticamente um “convite” para negociações que serão impostas adiante, assim que Trump retornar à Casa Branca, em janeiro de 2025.

 

 

De volta de uma viagem recente à China, um analista explica que a percepção em Pequim é a de que o modo de atuação dos republicanos é considerado melhor para os chineses do que a dos democratas, partido do atual presidente Joe Biden e de Kamala Harris, que disputou as eleições com Trump.

 

 

“Os republicanos usam as ameaças como instrumento de barganha, mas o que eles querem mesmo é fazer negócios”, afirma. “Já os democratas são considerados muito piores para os chineses porque não costumam falar e fazem tudo muito mais silenciosamente”, completa.

 

Vem daí a interpretação de que o encontro bilateral de Xi Jinping Com Lula, neste momento, serve para a China exibir a relação com o Brasil como parte do seu poder de barganha com os Estados Unidos. O estreitamento dessa relação é um recado para a diplomacia americana de que a América Latina, negligenciada por Washington na gestão Biden, tem um peso na disputa entre as duas potências mundiais.

 

A China, tradicionalmente, tem aversão a perder na luta pela percepção global de liderança. E, nesse caso, a América Latina é estratégica para o país se posicionar como uma potência influente, que busca cooperação e multilateralismo, se opondo à postura unilateral dos Estados Unidos. Nesse sentido, o fortalecimento das relações com o Brasil, com acordos nas áreas de comércio, investimentos e apoio em questões globais, é um passo importante.

 

O Brasil é grande exportador de produtos agropecuários e minérios tanto para a China quanto para os Estados Unidos e está saindo de uma presidência vitoriosa no G20, onde a discussão de uma pauta social com o pacto global de combate à fome e a miséria ganhou apoio das maiores economias do mundo que integram o grupo.

 

A temática é uma bandeira de vida do presidente Lula e foi o que contribuiu para sua projeção internacional, em todos os mandatos. Com isso, ele reforça sua pauta para tentar barganhar também. “O presidente Lula é pragmático nessas horas e vai tentar tirar o que é melhor para o Brasil. Trump fala para a direita, mas joga no meio campo para negociar. Lula, fala para a esquerda e também vai para o centro quando precisa”, avalia um analista.

 

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As peças no tabuleiro da diplomacia internacional estão se movimentando nesta semana, mas o jogo ainda está na fase de aquecimento. A fotografia do poder no mundo, capturada pelas lentes dos fotógrafos ao registrar o encontro dos líderes das maiores economias do planeta presentes no G20 sem Joe Biden, muda a partir de janeiro com a chegada de Donald Trump no jogo. A China está de olho, e quer o Brasil como um parceiro cada vez mais próximo.