O vereador eleito Helton Junior (PSD) defendeu a implementação da tarifa zero aos domingos em Belo Horizonte. Militante na causa da mobilidade urbana, ele foi eleito com mais de 8 mil votos, em grande parte devido aos vídeos virais que produziu sobre o tema.
Durante entrevista ao Estado de Minas, Helton comentou sobre o novo contrato de ônibus e destacou a importância da fiscalização por parte dos vereadores quando o prefeito Fuad Noman (PSD) revisar o texto. “A mobilidade é uma questão muito presente na minha história de vida, porque desde muito jovem precisei sair do lugar onde morava para estudar. Como o transporte não funcionava bem, passei a me interessar pela pauta”, afirmou.
“O novo contrato de ônibus, que será firmado na próxima legislatura, gera grandes expectativas. E como os vereadores têm a função constitucional de fiscalizar, vamos atuar de forma muito próxima na elaboração desse contrato. Também faremos uma fiscalização mais intensa sobre o transporte em geral, não só em Belo Horizonte, mas também no transporte metropolitano. Meu bairro, por estar na divisa, quase não é atendido por linhas de BH”, disse o líder comunitário do Lindeia, no Barreiro.
Questionado sobre como garantir uma fiscalização eficaz, considerando que ele faz parte do mesmo partido do prefeito, Helton afirmou que isso não representa um “empecilho”. “O PSD foi onde encontrei ‘terra fértil’ para construir o meu projeto. Quando digo ‘terra fértil’, me refiro à autonomia e liberdade. Ao me filiar, todos sabiam que minha principal pauta era o transporte, e já me destaquei várias vezes na cidade por falar sobre isso. Não vamos amenizar a fiscalização por estarmos no partido do prefeito. Estamos aqui para ser parceiros da prefeitura e ajudar a viabilizar as melhorias que a cidade precisa. Isso implica uma fiscalização eficiente, para mostrar à prefeitura: ‘Olha, isso aqui não está funcionando, precisamos melhorar isso’”, explicou.
“Temos algumas ideias gerais sobre contratos públicos. Via de regra, um contrato público precisa prever o máximo de situações possíveis, para que, quando algo inesperado ocorrer, não fiquemos reféns da discricionariedade do gestor. A pandemia, por exemplo, não poderia ser prevista no contrato de ônibus, mas hoje já temos maturidade e condições de elaborar um contrato que antecipe o máximo de situações possíveis. Discutimos muito sobre a tarifa zero e outras questões que podem ser úteis para o transporte da cidade”, continuou.
“Se isso não estiver, pelo menos, previsto contratualmente, não há um ambiente de segurança jurídica para que o projeto avance. Queremos envolver os movimentos sociais da cidade, ouvir os usuários do transporte coletivo e entender suas necessidades, para que possamos orientar o contrato e garantir que as coisas se desenvolvam. Obviamente, essa não é uma competência direta do Legislativo, mas podemos fazer essa articulação e criar essa ponte. Esse é o caminho que queremos seguir”, afirmou.
Helton também se posicionou a favor da tarifa zero aos domingos. “Integralmente, neste momento, não. Mas há possibilidade de avançarmos nessa direção (nos domingos). Acredito que devemos caminhar nesse sentido, com avanços graduais, para que, no futuro, possamos implementar essa medida integralmente. Mas sou do tipo que acredita que ‘nada se cria, tudo se copia’. Se isso já está acontecendo em lugares como São Paulo ou em algumas cidades de Minas Gerais, é possível avançarmos nessa direção também”, concluiu.