O advogado do tenente-coronel Mauro Cid, Cezar Bittencourtt, disse que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) confirmou em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente sabia do plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do próprio Moraes. O militar prestou depoimento nessa quinta-feira (21/11).
As declarações de Bittencourt foram dadas em entrevista à jornalista Andréia Sadi no Estúdio I, da GloboNews. "Confirma que sabia, sim. Na verdade, o presidente de então sabia tudo, comandava essa organização", afirmou o advogado.
A entrevista foi feita de maneira remota. Em determinado momento, o link entre o advogado e a jornalista cai e, nove minutos depois, é restabelecido. Sadi pergunta novamente sobre o plano, e Bittencourtt nega que o ex-presidente sabia do plano.
"Cid deu alguns detalhes. Agora, uma coisa importante que tenho que retificar é que saiu uma coisa errada. Eu não disse que o Bolsonaro sabia de tudo. Até porque o 'tudo' é muita coisa. Alguma coisa evidentemente ele tinha conhecimento, mas o que é o plano? O plano tem um desenvolvimento muito grande", disse o advogado de Cid.
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Segundo Bittencourtt, Bolsonaro teria conhecimento dos acontecimentos que estavam se desenrolando no Palácio do Planalto. “Eu não falei plano de morte, de execução, de execução como sendo plano de morte. Falei da execução do plano pensado, imaginado, desenvolvido, nesse sentido. (...) Não sei que tipo de golpe poderia ser”, emendou.
O advogado disse que Cid era um assessor de reuniões de Bolsonaro, mas não deu detalhes do que era falado nesses encontros. "O que ele confirmou foi que as reuniões foram realizadas e com quem foram realizadas", afirmou.
A postura dúbia de Bittencourtt foi ironizada pelo advogado do ex-presidente, Fabio Wajngarten, que classificou a entrevista como “digna de concurso de humor”. “Além do nobre colega advogado demonstrar uma memória seletiva, ficou evidente que estava sendo pautado por terceiros, em um roteiro pré-estabelecido”, escreveu.
O ex-presidente e outras 36 pessoas foram indiciados pela Polícia Federal (PF) por três crimes: abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Somados, os crimes podem resultar em 28 anos de prisão.
Dentre os indiciados estão o núcleo duro de militares que cercavam Bolsonaro, incluindo o ex-ministro da Defesa, general Braga Netto, o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e o próprio Mauro Cid.
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Ainda de acordo com a PF, as provas foram obtidas por meio de diversas diligências, como quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal e delação premiada, além de buscas e apreensões.