A Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma) inaugurou nesta segunda-feira (25/11) o Instituto de Oncologia Ciências Médicas no Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O evento marca simbolicamente a criação do complexo que atende exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde e funciona, inicialmente, com capacidade reduzida.
A ampliação do diagnóstico e tratamento do câncer na capital mineira é uma promessa do prefeito reeleito Fuad Noman (PSD) que, hospitalizado, não esteve presente na cerimônia. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, era outra autoridade que precisou desmarcar em cima da hora para cumprir agenda prioritária em Brasília.
Ligado à Faculdade Ciências Médicas, o Instituto de Oncologia passa a operar com sete de seus 11 andares a partir desta semana. A previsão é de que o prédio esteja em funcionamento integral a partir do primeiro semestre do ano que vem. De acordo com a Feluma, em plena atividade, a expectativa é que a unidade hospitalar gere 200 novos postos de trabalho, com 50 médicos incluindo professores universitários e uma estrutura para a preparação de novos profissionais.
O atendimento oncológico em Belo Horizonte tornou-se um tema recorrente no cenário político em um movimento catalisado por Fuad Noman, que enfrentou o período eleitoral enquanto batalhava concomitantemente contra um linfoma não-hodgkin.
Durante a campanha, o pessedista tratou como uma de suas promessas oferecer aos usuários do SUS um tratamento similar ao qual ele teve acesso na rede particular. As autoridades presentes na inauguração do Instituto de Oncologia Ciências Médicas garantiram que o equipamento é um passo importante para concretizar a meta.
Internado a poucos metros do instituto, Fuad não compareceu ao evento de lançamento após ter sido hospitalizado com dores nas pernas no último sábado (23/11). A ocasião não seria, no entanto, a primeira vez do prefeito no local, já que ele por lá passou em setembro durante a campanha.
Embora a atenção aos pacientes com câncer, inclusive por motivos pessoais, tenha sido mais marcante nos discursos de campanha de Fuad, os demais concorrentes à prefeitura também reservaram tempo para discutir o tema. As agendas de Duda Salabert (PDT), Rogério Correia (PT), Mauro Tramonte (Republicanos) e Bruno Engler (PL) tiveram o Instituto de Oncologia Ciências Médicas como ponto de passagem durante a jornada em busca do comando do Executivo.
Conforme publicado pelo Estado de Minas, o caminho para que o prefeito concretize sua promessa de campanha ainda é longo. Segundo dados levantados a partir do Datasus, 62,4% dos quase 3,6 mil casos de câncer diagnosticados entre moradores da capital mineira no primeiro semestre deste ano não apresentam atualizações de tratamento na plataforma do Ministério da Saúde.
A discrepância pode estar relacionada a uma série de fatores, como o início do tratamento na rede privada ou em casos em que não há necessidade de terapia intensiva. Fato é que a própria prefeitura reconhece a necessidade de ampliar a atenção ao tema e vê na inauguração do instituto da Ciências Médicas como um avanço importante neste caminho. Danilo Borges Matias, secretário municipal de Saúde, representou Fuad no evento de inauguração e falou sobre os investimentos do Executivo na área.
“Se aqui estivesse hoje, o prefeito estaria comemorando essa entrega junto conosco. Porque ela representa aquele desejo dele de ofertar para o usuário do SUS um atendimento de qualidade, em tempo oportuno e com todos os recursos disponíveis. Recursos de ponta, da melhor tecnologia. A gente tem um investimento aqui anual repassado pelo Ministério da Saúde da ordem de R$ 32 milhões e isso é muito significativo”, afirmou o secretário, que calcula que o novo equipamento da rede pública permitirá ampliar em 20% do número de cirurgias oncológicas e em 15% o número de sessões de quimioterapia.
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Ministra ausente
Nísia Trindade cancelou duas agendas na Região Metropolitana de Belo Horizonte em cima da hora. A visita da ministra era aguardada na capital e em Contagem, mas teve de ser remarcada diante da demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por sua presença em Brasília.
A ministra foi representada por Aristides Vitorino De Oliveira Neto, diretor do Departamento de Atenção Especializada e Temática. Questionado sobre o motivo do pedido de Lula para que Nísia permanecesse na capital federal, ele disse não ter ciência sobre a agenda da chefe.
Nos bastidores, a ausência da ministra foi relacionada ao intenso dia nos bastidores do Palácio do Planalto. Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), passaram a segunda-feira ajustando os últimos detalhes para o texto do corte de gastos a ser enviado ao Congresso Nacional.
Promessa de rapidez
A oferta de 12 especialidades, 7 linhas macros e 14 sublinhas de cuidado no Instituto de Oncologia Ciências Médicas é acompanhada pelo programa de diagnóstico e início de tratamento “fast track”. O método foi anunciado pelo presidente da Feluma, Wagner Eduardo Ferreira, como uma forma de dar celeridade aos cuidados com a doença, que pode se alastrar de forma fatal se não acompanhada no ritmo correto.
“A gente roda isso dentro do sistema, então é mais rápido. Por exemplo, a mamografia aqui é feita em duas salas que podem fazer até 25 exames num período de turno, então 50 a 100 por dia. Ela é julgada por sistema na sala ou do lado em que tem um professor sentado com os alunos dando o diagnóstico em 15 minutos. Em outros locais demora de 15 dias a um mês. Em se tratando de câncer, tem de ser rápido”, aponta.