Imagine ir para uma aula de faculdade e o professor ser ninguém menos que um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). É a realidade de alunos do curso de Direito da Universidade de São Paulo (USP), onde o ministro Alexandre de Moraes é professor. Apesar de estar na instituição desde 2002, o tema está em alta nas redes sociais após um estudante compartilhar uma mensagem antecipando o início de uma disciplina.


 

 

Moraes atualmente é professor titular de Direito Eleitoral e ministra algumas disciplinas no departamento de Direito Constitucional da USP, dando aulas para os cursos de graduação e pós-graduação. Segundo o relato de um dos alunos, Moraes comparece em todas as aulas. 




“Eu não peguei a matéria dele ainda, dizem que ele é muito presente e didático, mas ele fica só com as aulas, não lida com as burocracias, questões de falta, entrega de trabalho e tal. Pra isso, tem os monitores (geralmente alunos de mestrado, doutorado)”, disse um perfil.


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Outro estudante, que cursou Leituras de Direito Constitucional I com Moraes, fez uma thread esclarecendo as principais dúvidas sobre o ministro dentro da sala de aula. Uma curiosidade é que ele não faz chamada, só passa uma lista para os alunos assinarem. No semestre em que esse estudante fez parte da turma de Moraes, as aulas eram divididas em dois momentos: seminário, na primeira meia hora, e aula expositiva dele na próxima uma hora. “Era sempre ele quem avaliava os seminários. É muito didático, explica bem e usa muito a lousa. Sempre usou a aula completa para explicar”, narrou.


 

 

O tema da disciplina era o federalismo no Brasil, nos Estados Unidos e na Alemanha, apontando as semelhanças e diferenças de cada um. “Um dia ele falou sobre um ex-presidente dos EUA que tinha uma rejeição muito grande e, NESSAS PALAVRAS, ‘nem conseguiu se reeleger porque, convenhamos, precisa ser um presidente muito ruim pra não se reeleger mesmo com o aparato do Estado ao seu favor... nos EUA, eu digo’”, contou.




Durante as aulas, dois ou três seguranças ficam esperando na porta da sala. Ele também era acompanhado pelos profissionais pelos corredores.


Avaliações e bibliografia

 

Outra dúvida era sobre a bibliografia usada pelo professor ministro. Segundo os relatos, as aulas são baseadas em autores tradicionais do ramo de Direito Constitucional. As avaliações se dividem em fichamentos semanais dos textos para as aulas e seminários, em que todo o grupo deve estar presente no dia da apresentação.

 



 



“Uma vez ele também passou uma atividade na sala para entrega no mesmo dia. Só quem tirasse menos que 5,0 (média da USP) nisso tudo teria que fazer a prova”, contou. Nas avaliações, ela disse que o professor não é muito rígido, mas é justo na hora de dar as notas.

Alexandre de Moraes deu aula em frente à faixa escrita 'descriminaliza STF' na época da discussão sobre a maconha

Reprodução

 

“Entregue os fichamentos, faça um bom seminário e as atividades de sala e você passa fácil”, aconselhou. A relação com o movimento estudantil também foi questionada e foi esclarecido que ele dá espaço para interrupções desse tipo na sala de aula. Um estudante até divulgou uma foto de Moraes dando aula em frente a uma faixa escrita “descriminaliza, STF”, na época do julgamento sobre a maconha. 


Relações com os alunos

 

Apesar da cara de malvado, Moraes tem uma boa relação com os alunos e é bem piadista, segundo a Thread. “Mas o humor dele depende 100% do jogo do Corinthians no dia anterior (eu tinha aula com ele às 7h30 de segunda e, considerando que fiz no primeiro semestre deste ano, não era sempre que ele estava feliz)”, confessou. 


 

Outro estudante contou que até mesmo a suspensão do X foi abordada com bom-humor na sala de aula. “Um aluno fez piada em uma aula dizendo que o Corinthians melhorou depois da suspensão do X, e o Xandão brincou que foi por isso que suspendeu (e que suspenderia todas as redes sociais se o Corinthians caísse)”, relatou. 


Ao final das aulas, era comum que alguns alunos tirassem fotos com Moraes, alguns chegavam a pedir permissão para tocar a careca do ministro e faziam a proeza. Querido nas salas de aula, ele foi paraninfo na formatura das duas últimas turmas da graduação.

 

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