Passada a eleição municipal, as articulações políticas nas cidades voltam-se para a composição da direção das Câmaras de Vereadores na próxima legislatura. Em Belo Horizonte, um grupo associado ao secretário-chefe da Casa Civil de Romeu Zema (Novo), Marcelo Aro (PP), saiu na frente e reuniu nomes suficientes para escolher o presidente da Casa em janeiro. Em entrevista ao Estado de Minas, Bruno Pedralva, vereador reeleito pelo PT, criticou as movimentações realizadas até e traçou os próximos passos do Partido dos Trabalhadores para fazer parte da disputa.


Para Pedralva, Marcelo Aro saiu na frente nas articulações para escolher o próximo presidente da Câmara Municipal por não ter se ocupado em apoiar nenhum candidato no segundo turno disputado pelo prefeito reeleito Fuad Noman (PSD) e o deputado estadual Bruno Engler. O homem forte das relações institucionais do governador Zema reuniu 23 vereadores logo na segunda-feira após a eleição e todos endossaram o nome de Juliano Lopes (Podemos) ao comando da Casa.




 

“Já estamos articulando com os vereadores do PSOL. No segundo turno, estávamos muito preocupados em derrotar o Bruno Engler e livrar Belo Horizonte do bolsonarismo. Outros vereadores desse grupo do Centrão, essa articulação começou antes. Marcelo Aro até disse que Belo Horizonte estaria em boas mãos, seja o prefeito Fuad ou Engler. Mas sabemos que não é assim. Eram dois projetos diferentes. Para o Aro, era a mesma coisa, então ele se empenhou já na disputa pela Câmara Municipal e foi fazendo as articulações que resultaram nesse grupo de 23. Mas eu não tenho dúvida de que esse grupo de 23 não está consolidado. Na realidade, as conversas, os acordos e os entendimentos continuam. Estamos a dois meses dessa eleição, e eles queimaram a largada”, avaliou.




Em um jantar em 28 de outubro, Aro reuniu 23 dos 41 vereadores da próxima legislatura e costurou uma base para lançar Juliano Lopes como presidente da Câmara. O vereador do Podemos é um projeto antigo do grupo político conhecido como ‘Família Aro’ e assumiria o poder da casa em metade do biênio que teve Gabriel Azevedo (MDB) no comando, mas o trato foi desfeito após rompimento do emedebista com o secretário de Zema.


O grupo de apoio a Lopes é formado pelos três vereadores do Novo, Braulio Lara, Marcela Trópia e Fernanda Altoé; os seis nomes do PL, Sargento Jalyson, Marilda Portela, Claudio do Mundo Novo, Vile dos Santos, Pablo Almeida e Uner Augusto; José Ferreira e Lucas Ganem, do Podemos; Leonardo Angelo e Osvaldo Lopes, do Republicanos; Professora Marli e Tileléo, do PP; Wanderley Porto e Michelly Siqueira, do PRD; Rudson Paixão e Diego Sanches, do Solidariedade; Flávia Borja (DC); Neném da Farmácia (Mobiliza); e dois membros da bancada progressista em Edmar Branco (PCdoB) e Wagner Ferreira (PV).


 

Nesta semana, Fuad intensificou sua agenda de movimentações políticas com aliados, incluindo uma reunião com a bancada petista na Câmara. Pedralva disse que o PT da capital mineira está empenhado em formular uma nova negociação para disputar o comando do Legislativo na cidade. O vereador diz que concorda com a premissa de montar uma mesa diretora com representação suprapartidária, mas que a forma como Aro e seus aliados se articularam não foi democrática por não ter convidado todas as legendas que integrarão a Casa a partir de janeiro do ano que vem.


“A nossa ponderação é que a forma como foi construída não nos incluiu nesta discussão. De um acordão para uma mesa diretora que represente todo mundo, foi uma ação pouco democrática e que, no discurso, parecia contemplar todo mundo, mas não chamou todo mundo. Vamos fazer um debate proporcional? A esquerda tem nove vereadores, o grupo do Aro tem oito, o PL tem seis, o Novo tem três. Então, vamos fazer uma discussão real para a gente ter proporcionalidade na mesa diretora. A gente topa esse debate. O que a gente não topa é ser isolado em uma ação política que visa deixar o Fuad de joelhos para a Câmara Municipal”, comentou.

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