Há mais de duas décadas, lideranças discutem a proposta de construção da Barragem de Congonhas, prevista para o rio homônimo, entre os municípios de Itacambira e Grão Mogol, no Norte de Minas. A obra também já foi prometida por vários políticos - especialmente em anos de eleições -, mas nunca executada. Agora, surge a possibilidade do projeto sair do papel com investimentos da iniciativa privada.
A possibilidade foi discutida em reunião nessa segunda-feira (11/11), entre os diretores da Sociedade Rural de Montes Claros, o deputado estadual Arlen Santiago (Avante) e o vice-prefeito eleito do município, Otávio Batista Rocha (PP). O encontro aconteceu na sede da Sociedade Rural.
O deputado estadual informou que a barragem tem um custo de construção estimado em R$ 500 milhões. A proposta é que o empreendimento seja financiado, em sua maior parte, com recursos da iniciativa privada. Santiago adiantou que já manteve contatos com empresas que se dispõem a investir na construção da barragem, interessadas na implantação de projetos de irrigação na região a serem viabilizados com a água que será acumulada no barramento do Rio Congonhas.
Santiago informou também que, em encontro com o vice-governador Mateus Simoes (Novo), na condição de governador em exercício, conseguiu a promessa de liberação pelo Governo do Estado de R$ 12 milhões. O montante seria utilizado para realizar novos estudos de viabilidade da Barragem de Congonhas.
Durante a reunião com os diretores da Sociedade Rural, o deputado estadual disse que deseja contar com a mobilização da entidade e dos produtores rurais do Norte de Minas para viabilizar o projeto de implantação da Barragem de Congonhas. A estrutura, segundo o parlamentar, ajudaria a minimizar os efeitos da seca, viabilizar a produção agrícola e gerar emprego e renda na região. Ele pretende mobilizar outras entidades como a Asssocação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams) e o Consórcio intermunicipal Multifinalitário da Área Mineira da Sudene (Cimams) para apoiarem o projeto.
Idas e vindas
No passado, o anteprojeto da Barragem de Congonhas foi encaminhado ao Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), prevendo a implantação de um reservatório com a capacidade para acumular 574,5 mil metros cúbicos de água, com sua bacia hidrográfica ocupando 3.360 hectares. A barragem teria a altura de 64,5 metros no leito do Rio Congonhas, afluente do Rio Jequitinhonha.
A proposta foi discutida junto ao Dnocs com a finalidade de garantir água para o abastecimento de Montes Claros, cidade com 414,3 mil habitantes e distante 84 quilômetros do local escolhido para o empreendimento.
Mas, como o projeto não saiu do papel, foram implementadas outras providências para o abastecimento de Montes Claros: primeiramente, a captação de água no Rio Pacuí (a 56 quilômetros de extensão, no município de Coração de Jesus) e foi concluída em 2018. Posteriormente, foi realizada a captação no Rio São Francisco (a 150 quilômetros de distância, no município de Ibiaí), terminada em junho de 2022.
Segundo o deputado Arlen Santiago, o “novo modelo” de construção da Barragem de Congonhas com uso de dinheiro da iniciativa privada, a água a ser acumulada no reservatório terá três finalidades: uma parte destinada ao abastecimento humano, outra voltada para a irrigação (para o segmento privado) e outra parte a ser usada para a regularização e perenizaçao do Rio Verde Grande. Para viabilizar esta última, terá que ser feita a transposição de bacia, o que exige a autorização da Agência Nacional de Água (ANA).
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O presidente da Sociedade Rural de Montes Claros, José Henrique de Carvalho Veloso, afirmou que a entidade e seus associados vão se esforçar para que a implantação da Barragem de Congonhas com a participação direta da iniciativa privada saia do papel. “É importante valorizar o potencial produtivo de trabalho da nossa região. A barragem de Congonhas precisa ser implementada. O Norte de Minas tem muito a ganhar com a obra”, avalia José Henrique.