Suplente de Duda Salabert (PDT), o vereador reeleito da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) Wagner Ferreira (PV) assumiu seu mandato em fevereiro de 2023, com a eleição da parlamentar para deputada federal.
Nesse tempo, ele deixou seu partido de origem, o PDT, e quase quadruplicou sua votação nas eleições deste ano. A explicação para o aumento dos votos, segundo o parlamentar, é que os eleitores estão cansados de políticos que não entregam resultados.
Já a mudança de legenda ele justifica com a falta de espaço no PDT e o alinhamento da bancada pedetista na Assembleia Legislativa com as pautas contrárias ao servidor público. “Sou servidor público e os deputados do PDT (Alencar da Silveira Júnior e Thiago Cota) votavam contra a agenda dos servidores públicos. No PV, os deputados estaduais (Lohana França e Professor Cleiton) estão conectados com essa agenda que eu represento”, disse o vereador, que é concursado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e dirigente da entidade de classe da categoria.
Sobre sua participação na reunião realizada no dia seguinte ao segundo turno das eleições e que selou apoio à candidatura do vereador Juliano Lopes (Podemos) à presidência da CMBH para a próxima legislatura, Ferreira nega alinhamento com a família Aro, como é chamado o grupo de vereadores liderado pelo secretário da Casa Civil do governador Romeu Zema, Marcelo Aro (PP).
Ele defende, no entanto, que o campo progressista, com o qual se identifica no parlamento, participe da mesa diretora e, para isso, avalia, que precisa fazer uma composição com quem tem mais votos. Além disso, segundo ele, nenhuma outra legenda ainda lançou candidato ao comando da CMBH.
Por quê o senhor trocou o PDT pelo PV?
Queria ampliar nossa atuação na questão ambiental e também queria ter mais espaço no partido. No PV, a gente tem um espaço muito maior do que no PDT. (...) E também na Assembleia Legislativa a gente precisava estar alinhado com os deputados, o que não acontecia no PDT, que não tinha um alinhamento com os servidores. Eu sou servidor público e os deputados do PDT votavam contra a agenda dos servidores públicos. No PV, os deputados estaduais estão conectados com essa agenda que eu represento, uma agenda por um serviço público acessível para todos e que fortaleça as carreiras de estado.
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O PV foi um dos primeiros a migrar o apoio do candidato da federação (PV, PT, Rede e PCdoB), deputado federal Rogério Correia (PT), para apoiar o voto útil no prefeito Fuad Noman (PSD), que acabou reeleito. O senhor avalia que foi um erro a federação ter um candidato próprio?
Estávamos certos nessa avaliação lá trás. Havia um risco muito grande de perder as eleições em Belo Horizonte para a extrema direita. Então o campo progressista, do qual a gente faz parte, errou na hora de fazer as composições. (...) E hoje a gente vê que estava certo nessa tomada de decisão. O PV foi muito criticado, mas a gente está muito tranquilo em relação à decisão tomada para as eleições, pois ela foi acertada.
Há uma defesa por parte de alguns integrantes do PV mineiro de que o partido deixa a federação alegando problemas nas composições que foram feitas para as eleições municipais. O senhor concorda com esse rompimento?
Acho prematuro esse posicionamento, acho que é um momento de avaliação porque a federação é algo recente na política e teve a primeira experiência agora para as eleições municipais. (...) O que me preocupa é uma aliança com PSDB, aí fica difícil deixar a federação com PT e PCdoB para fazer aliança com PSDB, como eu vi algumas notícias nesse sentido. (...) Não adianta você fazer aliança com qualquer um pela sobrevivência do partido, aí você perde militância, você perde pessoas que acreditam na posição ideológica do partido.
Como está sua relação com outros parlamentares de esquerda que vão compor a próxima legislatura? O senhor fará parte da bancada progressista?
Claro. Nas votações ideológicas nós estamos todos juntos e misturados. Não tem dúvida. É só pegar o nosso histórico de votação no primeiro mandato. Isso não vai mudar no segundo.
A bancada de esquerda está um pouco reticente em relação à eleição do vereador Juliano Lopes para a CMBH, como é que o senhor vê esse grupo de 23 parlamentares o apoiando para presidência? Ele está coeso ou existe alguma chance de dissolução?
Até onde eu sei está coeso. Tínhamos oito vereadores da base do prefeito Fuad naquele grupo de apoio ao Juliano, que é o único candidato. Quando acaba o primeiro turno, o vereador Juliano começa a articular em relação à presidência da Câmara. Ele conseguiu, mérito dele, reunir 23 vereadores. O meu compromisso foi pedir a ele que não tenhamos uma Câmara autoritária, que os mandatos dos parlamentares sejam respeitados. Tivemos muitos embates com o atual presidente, fomos chamados de lambe-botas por conta de nossa posição em relação ao governo. A gente não quer essa Câmara autoritária, queremos respeito aos mandatos. E concordamos que a esquerda tem que estar na mesa diretora.” (...) O Juliano está conversando com eles (vereadores do PT e PSOL) para apresentar o projeto dele enquanto presidente e também sobre essa composição na mesa. Não tem um nome definido ainda sobre quem será o representante da esquerda. Agora vai ter conversa até o dia 1º de janeiro”.
O vereador eleito Pedro Rousseff (PT) defende que o PT não faça parte da mesa diretora se o PL estiver presente. O senhor concorda com essa posição?
Entendo a posição do vereador Pedro Rousseff, mas é uma opção ocupar um espaço importante ou não. Se o PL estiver lá e a esquerda não estiver na mesa, nós da esquerda temos que arcar com esse ônus. Faz diferença ocupar esse espaço. Não significa que os seis vereadores da mesa estejam sempre em harmonia. O PV está na base do prefeito Fuad também e tem uma agenda de governo que a gente precisa avançar. A gente discute cada projeto que chega na Câmara Municipal, mas na agenda ideológica, pode ter certeza, não vai ter refresco, não. Vamos estar juntos votando em tudo. (...) O campo da direita praticamente diminuiu e nós crescemos, (...) então acho que vai ser um embate e uma legislatura bem animada.
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