O processo de julgamento dos envolvidos na tentativa de golpe pode se arrastar para 2026, ano de eleições presidenciais.

 

Em conversa com o PlatôBR e o Correio Braziliense, o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça) avaliou que será "muito difícil" um desfecho do caso em 2025 e argumentou: "pode ter pedido de vista, pode ter um determinado fato mais complexo, como já aconteceu em outros casos".

 

 

Justamente por ser um julgamento complexo, Lewandowski diz: "não dá para estabelecer prazos". O ministro defendeu que "o importante para sociedade brasileira é que seja feita justiça e que os fatos sejam rigorosamente apurados".

 



Se confirmada essa previsão, apesar de a tentativa de evitar a posse de Lula ter sido frustrada, o fato e os personagens estarão em destaque durante todo mandato do presidente e corre-se o risco, inclusive, de politização do tema durante a campanha presidencial.

 

O ministro da Justiça, no entanto, diz que está confiante na solidez das instituições brasileiras para enfrentar essa crise, que ele classifica como "mais uma".

 

 

A seguir, os principais pontos da conversa:

 

Muito difícil julgamento em 2025

"É um julgamento complexo. Não dá para estabelecer prazos. Acho que é muito difícil [julgamento em 2025] porque pode ter pedido de vista, pode ter um determinado fato complexo, como foi com outros casos. Não dá para estabelecer datas e prazos. Acho que o importante para sociedade brasileira é que seja feita justiça e que os fatos sejam rigorosamente apurados. A polícia apurou, vai passar pelo crivo do Ministério Público, o judiciário vai julgar, num julgamento colegiado com 11 opiniões. Vai se chegar à verdade."

 

 

Sobre o inquérito da PF

"Estou com 800 páginas no carro. Vou ler nos próximos dois dias e chegar à minha conclusão porque foi aberto o sigilo. Não interfiro na polícia judiciária. O que acho é que qualquer atentado ao estado democrático de direito é uma coisa extremamente preocupante. Hoje, temos uma legislação que não é uma legislação excepcional. Não é a Lei de Segurança Nacional que regulava o assunto. Hoje, é matéria regulada por lei ordinária, que é a lei penal, o Código Penal que regulamenta isso. Portanto, isso vai ser resolvido dentro do estado democrático de direito. Temos 36 anos de tranquilidade e paz social, enfrentamos várias crises, dois impeachments, várias crises econômicas, enfrentamos o dia 8 de janeiro. As instituições conseguiram resolver o problema dentro da legalidade, dentro dos limites da Constituição. Tenho certeza que esse é mais um problema que, dentro desse histórico de 36 anos, vai ser resolvido dentro da institucionalidade, da normalidade."

 

Instituições estão respondendo à altura

"Acho que as instituições estão respondendo à altura. Dentro da normalidade. Se houve ou não uma tentativa de golpe, isso vai ser apurado sem nenhuma medida excepcional. Temos, hoje, o Executivo, através das suas polícias, sobretudo a polícia federal no âmbito da União, temos um Ministério Público vigilante, que não é apenas um órgão acusatório, mas é também um fiscal da lei, da Constituição e temos a Suprema Corte, o local onde 11 cabeças vão se debruçar sobre os fatos e dar sua opinião."

 

 

Avançamos desde a geração de 1968

"Temos instituições fortes, um sistema de freios e contrapesos, um diálogo entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Tudo dentro da normalidade. Sou da geração de 68. Fui jovem nessa época em que o mundo estava em efervescência. Participei dos protestos como estudante, toda resistência contra autoritarismo. Acho que avançamos muito. Temos, hoje, instrumentos institucionais para enfrentar os problemas."

 

 

Não é ponto fora da curva

"Não é um ponto fora da curva. Acho que são os dissensos e os problemas que a sociedade enfrenta e que nós, hoje, à semelhança dos países mais avançados do ponto de vista democrático, temos instrumentos para enfrentar, dentro da constitucionalidade e da institucionalidade."

 

Forças Armadas não aderiram

"Como chefe das polícias federais eu não me assustei. Tenho certeza que temos instrumentos. Temos uma polícia extremamente bem aparelhada para enfrentar esse tipo de desafio. Uma coisa muito importante, acho muito auspiciosa é que as forças armadas, como um todo, não aderiram a nenhum movimento contra o estado de direito."

 

 

Falha para identificar antecipadamente homem-bomba

"Com 210 milhões de habitantes não podemos policiar todo cidadão brasileiro e o que ele faz. São casos que, quando ocorrem, vamos realmente atrás e verificar o que existe, o que motivou esse acontecimento."

 

 

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