Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) se reuniu com o presidente do Banco Central, Campos Neto -  (crédito: Miguel Schincariol / AFP)

Tarcísio afirmou que discurso contra criminalidade não é "salvo conduto" para os agentes

crédito: Miguel Schincariol / AFP

O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), recuou na sua postura contrária ao uso de câmeras corporais por policiais e admitiu que estava “completamente errado”. A mudança de tom do chefe do Executivo paulista ocorreu nesta quinta-feira (5/12), após uma série de casos de violência policial gerar críticas sobre a segurança pública no Estado.


Tarcísio afirmou que tinha uma “visão equivocada” sobre o uso das câmeras corporais e se disse convencido de que o equipamento é "um instrumento de proteção da sociedade e do policial". 

 

 

“Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Eu tinha visão equivocada, fruto da experiência pretérita que eu tive. Não tem nada a ver com a questão da segurança pública. Hoje, estou completamente convencido que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial. E nós vamos não apenas manter, mas ampliar o programa. E tentar trazer o que tem de melhor em termos de tecnologia”, declarou o governador.


Em maio, Tarcísio havia mudado o uso do funcionamento das câmeras corporais de militares. Na época, o governo do Estado abriu uma licitação para comprar 12 mil câmeras que passarão a ser acionadas pelo próprio policial - atualmente elas são acionadas automaticamente.


Desde que assumiu o Governo de São Paulo, Tarcísio e o seu secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, adotaram uma política de linha dura contra a criminalidade. A abordagem violenta da Polícia Militar gera uma série de críticas dos opositores, mas, até então, o governador mantinha o discurso de defesa das ações dos seus servidores.


 

No início do ano, quando a letalidade da PM estava em alta com operações no litoral, o governador chegou a ser denunciado na Organização das Nações Unidas (ONU) por violações dos direitos humanos. Em resposta, Tarcísio ironizou a questão e disse que estava tranquilo com as ações. “E aí, o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí", disse o governador na época.


Agora, Tarcísio começou a ser pressionado pelas ações da PM. Segundo o governador, é preciso “ter humildade” para reconhecer que o discurso de combate a criminalidade não é “salvo conduto”.


“Quando a gente começa a ver reiterados descumprimentos desses procedimentos, a gente vê que há de fato transgressão disciplinar, falta de treinamento. São coisas que chocam todo mundo, chocam a gente também. A gente fica extremamente chateado, triste”, afirmou o governador.