Para financiar o plano de golpe, o general da reserva Walter Braga Netto teria entregado dinheiro aos Kids Pretos do Exército dentro de caixas de vinho. A informação foi dada pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, em depoimento à Polícia Federal no início do mês.
Braga Netto foi preso por obstrução de Justiça, na manhã deste sábado (14/12). À época, a defesa do militar negou envolvimento com o plano golpista.
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Braga Netto, que concorreu como vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição em 2022, foi preso em casa, no Rio de Janeiro, pela Polícia Federal. Em Brasília, a corporação cumpriu outro mandado, contra o o ex-assessor do general, coronel Pereguino.
Segundo Mauro Cid, o dinheiro foi entregue em caixas de vinho e teria como finalidade custear despesas logísticas — como hospedagem, transporte e alimentação — de militares que seriam deslocados do Rio de Janeiro para Brasília, entre novembro e dezembro de 2022. Mensagens apreendidas pela PF indicam que o custo estimado do plano golpista, batizado de Copa 2022, seria de R$ 100 mil.
O relatório da PF aponta que a trama incluía ações operacionais e o monitoramento de figuras-chave, como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e à época presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A investigação também constatou que, em sua versão mais extrema, o esquema contemplava até mesmo a possibilidade de assassinar Lula, Moraes e o vice Geraldo Alckmin. De acordo com a PF, o general Mário Fernandes, então número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, seria o responsável por estruturar esse plano. Braga Netto, por sua vez, teria aprovado todo o esquema.
Além de financiar o plano golpista, Braga Netto estaria listado como o comandante de um eventual "gabinete de gestão da crise" em um governo provisório. O documento que detalha essa estrutura foi apreendido pela PF com o general da reserva Mário Fernandes. Esse grupo seria liderado por Braga Netto e pelo general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Em comunicado emitido no início do mês, a defesa do general, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa do governo Jair Bolsonaro (PL), afirmou que ele "não tomou conhecimento de documento que tratou de suposto golpe e muito menos do planejamento de assassinato de alguém".
Operação
A PF cumpre mandados judiciais expedidos pelo Supremo Tribunal Federal em face de investigados no inquérito que apurou a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do governo legitimamente eleito em 2022.
Segundo a corporação, estão sendo cumpridos um mandado de prisão preventiva, dois mandados de busca e apreensão e uma cautelar diversa da prisão "contra indivíduos que estariam atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal". Ainda de acordo com a corporação, as medidas judiciais têm como objetivo evitar a reiteração das ações ilícitas.
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O militar havia sido indiciado pela Polícia Federal em novembro. A PF atribui ao general os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Somadas, as penas máximas previstas chegam a 28 anos de prisão.