Dividida em relação à prisão de Walter Braga Netto, a maioria da bancada PL quer distância desse episódio e deixará as manifestações partidárias a cargo do presidente Valdemar Costa Neto. Porém, o partido se mantém unido em defesa de Jair Bolsonaro e fará o que estiver ao seu alcance para blindá-lo — mesmo sendo o general da reserva funcionário da legenda.
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Há um consenso no sentido de que o ex-presidente é o maior ativo eleitoral, capaz de ajudar o PL a construir uma grande bancada, em 2026, para se manter no ranking das maiores legendas — e, consequentemente, detentor de uma grande fatia do fundo partidário e eleitoral. Por isso, se Braga Netto tiver que ficar com o ônus de se defender sozinho, muita gente no PL não moverá um fio de cabelo para ajudar o general a sair da enrascada.
A avaliação é de que o melhor a fazer é deixar o PL longe do inquérito de tentativa de golpe de Estado. Em conversas reservadas, muitos dizem que não é assunto partidário para ser comentado e que, se ocorreu algo do tipo, quem deve responder é o acusado, e não o partido. Até aqui, Costa Neto não se manifestou em defesa do general. Ao Correio, no sábado, disse apenas que não havia lido a documentação sobre a prisão e que não havia o que comentar.
Bolsonaro e os filhos foram mais sóbrios nas reações. Falaram sobre a detenção de Braga Netto, na noite de sábado, quando o ex-presidente fez circular em suas redes sociais uma mensagem dizendo que não fazia sentido prender alguém que poderia atrapalhar uma investigação concluída.
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No Congresso, embora alguns deputados do PL façam barulho em favor do general, nem a metade da bancada saiu em defesa de Braga Netto. Em conversas reservadas, muitos integrantes dizem que não há motivos para falar a respeito e que o melhor a fazer, agora, é concentrar na agenda de votações do Parlamento.
Mas nem todos pensam assim. A líder da minoria, deputada Bia Kicis (PL-DF), foi uma das mais contundentes e pretende continuar na trincheira em defesa do general. "Essa prisão é um dos maiores absurdos que já vi", disse, convicta de que o objetivo da investigação é prender Bolsonaro.
Até aqui, as notícias que vêm do Supremo Tribunal Federal indicam que não há intenção nem motivo para prender o ex-presidente. A aposta de muitos juristas é de que o STF não irá encarcerar o ex-presidente sem que o processo esteja concluído. A Procuradoria-Geral da República (PGR) deixou o caso de Bolsonaro para 2025 e pretende concluir tudo antes de 2026, para tentar separar os assuntos.
O PL, porém, não vai deixar de tratar essa questão envolvendo o ex-presidente como um caso puramente eleitoral. A avaliação é de que, mesmo com Bolsonaro inelegível, ele continua como o grande eleitor e detentor de um terço dos votos nacionais, suficientes para que o partido consiga se apresentar bem nas eleições de 2026.
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Por isso, a ordem é dizer que se ele for preso, será com o simples objetivo de mantê-lo longe dos palanques de 2026 para prejudicar o partido. Este será o discurso daqui para frente. A cúpula do PL não tem dúvida de que, depois de Braga Netto, o grande alvo é Bolsonaro.
E sem o ex-presidente, pior para o PL, pois parte do eleitorado pode migrar para outras candidaturas de direita.