SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, foi preso neste sábado (14) pela Polícia Federal em ação ligada à apuração da trama golpista para impedir a posse do presidente Lula (PT) naquele ano.

 

A instituição afirma cumprir neste sábado o mandado de prisão preventiva, dois de busca e apreensão e uma cautelar diferente de prisão "contra indivíduos que estariam atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal". O objetivo, diz, é evitar a repetição das ações ilícitas.

 

Braga Netto já foi apontado em relatório da PF como participante de dois núcleos da trama golpista.

 

Entenda a seguir quem é Braga Netto e a atuação do general na tentativa de golpe, segundo a instituição.

 

 

QUEM É BRAGA NETTO?

 

Natural de Belo Horizonte, Walter Braga Netto ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras em 1975. No governo Michel Temer (MDB), comandou a intervenção federal na segurança pública no Rio de Janeiro.

 

Subiu na carreira após a intervenção, saindo do Comando Militar do Leste e chegando à chefia do Estado-Maior do Exército, segundo posto na hierarquia interna da Força. Também foi observador das Nações Unidas no Timor Leste e adido na Polônia e nos Estados Unidos.

 

 

No governo Bolsonaro, foi ministro da Casa Civil, quando centralizou a reação do governo no combate à pandemia, e da Defesa -assumiu o posto após a demissão do general Fernando Azevedo, que saiu dizendo ter preservado as Forças Armadas como "instituições de Estado".

 

A demissão de Azevedo resultou na saída dos três comandantes militares, na maior crise militar desde 1977.

 



 

COMO ELE ATUOU NA TENTATIVA DE GOLPE, SEGUNDO A PF?

 

De acordo com as investigações da polícia, Braga Netto participou de um núcleo de pessoas responsáveis por incitar militares a promoverem um golpe de estado. Ele também teria participado de um núcleo de oficiais de alta patente com influência na trama para desacreditar o processo eleitoral, planejar e executar o golpe de Estado e abolir o Estado democrático de Direito.

 

 

Por causa disso, Braga Netto já havia sido indiciado em novembro deste ano pela Polícia Federal. Na época, o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais de 30 pessoas também foram indiciados pela trama golpista.

 

COMO FUNCIONAVA O NÚCLEO PARA INCITAR MILITARES A DAREM O GOLPE?

 

De acordo com a Polícia, o núcleo responsável por incitar militares a darem um golpe agia por meio da eleição de alvos para amplificar ataques pessoais contra comandantes que resistiam às investidas golpistas.

 

Os ataques eram realizados a partir da difusão em múltiplos canais e por meio de influenciadores em posição de autoridade perante a "audiência" militar. Além de Braga Netto, a PF cita no núcleo pessoas como Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

 

 

COMO FUNCIONAVA O NÚCLEO DE OFICIAIS DE ALTA PATENTE?

 

Segundo a PF, o núcleo usava da alta patente para influenciar e incitar o apoio aos demais núcleos de atuação por meio do endosso de medidas para consumação do golpe de Estado. A instituição cita, além de Braga Netto, militares como Almir Garnier, Estevam Theophilo, Paulo Sérgio Nogueira e Mario Fernandes.

 

O QUE SE SABE ATÉ AGORA SOBRE O PLANO?

 

A Polícia Federal afirma ter havido uma tentativa de golpe que envolvia um plano para matar em 2022 o então presidente eleito, Lula (PT), o vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Esse plano teria tido total ciência de Bolsonaro.

 

Ao longo do mandato, o ex-mandatário teve uma série de atos e falas golpistas. Ele já foi declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 2030 por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral.

 

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COMO A CASA DE BRAGA NETTO SE RELACIONA COM A TENTATIVA DE GOLPE, SEGUNDO A PF?

 

O general fazia parte do círculo mais íntimo de Bolsonaro. Ele levou o ex-presidente para reunião com o ex-comandante do Exército Villas Boas, no fim de 2022, para buscar conselhos.

 

 

Além disso, a polícia federal afirma que o plano de golpe envolvendo a morte de Lula teria sido discutido na casa do general em Brasília.

 

"Ainda não tivemos pleno acesso às investigações, o que impossibilita a defesa de fazer qualquer manifestação", disse Luis Henrique Prata, advogado do militar, assim que as revelações da PF vieram à tona.

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